O novo secretário estadual de Educação, Alexandre Valle, nomeado ontem (3), em edição extra do Diário Oficial do Poder Executivo, foi citado pelo ex-presidente da Fetranspor (Federação de Empresas de Transporte Rodoviário do Estado do Rio de Janeiro), Lélis Teixeira, em dezembro de 2019, em sua delação premiada, de ter recebido, junto com outros 20 deputados, ex-deputados e candidatos à Câmara dos Deputados e à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), R$ 20 milhões em caixa dois nas eleições de 2014 e 2016.
Segundo a delação de Lélis, Valle, candidato a deputado federal em 2014 pelo PRP, teria recebido R$ 70 mil de caixa dois da Fetranspor para a sua campanha. Naquele pleito, ele foi eleito com 26.526 votos. Outros denunciados junto com ele foram os deputados estaduais Anabal, Átila Nunes Filho, Carlos Alberto, Dr. Marcelo Amaral, Marcelo Sereno, Índio da Costa, Sérgio Zveiter, Dr. Paulo Cesar, Edson Santos, Eurico Junior, Índio da Costa, Itagiba, João Ferreira, Júlio Lopes, Marcelo Matos, Marco Antônio Cabral, Marquinho Mendes, Sávio Neves, Simão Sessim, Washington Reis (hoje prefeito de Duque de Caxias). Aécio Neves, Hugo Leal e Rosângela Gomes. Segundo Teixeira, alguns pagamentos eram divididos entre a Fetranspor e a Rio Ônibus, entidade que representa as empresas que atuam na capital fluminense.
Lista apresentada por Lélis Teixeira. Foto: Divulgação
Em 2018, Valle foi candidato à reeleição, mas não conseguiu se reeleger, tendo obtido 27.288 votos, ficando apenas como terceiro suplente. Em 2020, disputou a Prefeitura de Itaguaí e amargou o quarto lugar entre 14 candidatos, obtendo apenas 8.354 votos.
Procurado pela reportagem do Portal Eu, Rio!, o secretário não se manifestou até o momento. Ele é comerciário e tem apenas o Ensino Médio. A falta de uma formação na área da educação e qualquer vínculo com o setor foi motivo de reclamação da Comissão de Educação da Alerj.
“A primeira impressão que temos da indicação do novo Secretário de Educação do Estado é de uma grande irresponsabilidade do governador. A educação no mundo inteiro enfrenta uma das suas maiores crises. No Brasil, a desigualdade e a pobreza fazem com que a exclusão digital impeça alunos de acessarem ao menos as aulas online. No Rio de Janeiro, aproximadamente 40% dos estudantes estão sem vínculo nenhum com a escola nesse período. Indicar alguém que sequer é da área de educação nos preocupa fortemente. Estamos acompanhando de perto pela Comissão de Educação da ALERJ”, afirma o presidente da Comissão, o deputado estadual Flávio Serafini (PSOL).