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Supervia anuncia recuperação judicial, dias após aumento recorde de tarifa

Reajuste para R$ 5,90 supera inflação oficial e acordo prévio com Agetransp, mas concessionária alega perda diária de metade dos passageiros com pandemia

Por Portal Eu, Rio! em 08/06/2021 às 01:14:11

Retirada de trens de circulação e interrupções frequentes, obrigando passageiros a andar sobre as linhas, marcam atuação da Supervia durante a pandemia da Covid-19, que acelerou redução da demanda, ho

Em decisão até certo ponto surpreendente, a Supervia ajuizou um pedido de recuperação judicial. Por esse regime, desde que acolhido pela Justiça, a concessionária ganha tempo sem pagar a seus credores, podendo negociar em paralelo com o poder concedente. A medida foi anunciada em uma carta assinada pelo presidente da empresa, Antonio Carlos Sanches, aos colaboradores, na qual admite a crise financeira. O pedido foi ajuizado dias depois do anúncio do maior reajuste de tarifas em sete anos. Em 2014, ano do pico anterior, a integração tarifária era mais ampla do que atualmente, o que barateava o uso de metrô e ônibus para trajetos adicionais.

Iniciada pela redução à metade do movimento diário de passageiros, no rastro das medidas de distanciamento social em resposta à pandemia, a sangria no caixa foi agravada depois do veto presidencial ao pacote de auxílio ao transporte coletivo. No caso do Estado do Rio, o aporte previsto era de R$ 180 milhões, priorizando os meios que atendessem um número maior de pessoas, como trens e metrô.

Na carta, Sanches classifica a recuperação judicial, nome pelo qual a concordata passou a ser tratada desde a mudança na Lei de Falências, como um instrumento legal de proteção para que a empresa siga prestando serviços aos passageiros e mantenha em dia as obrigações com seus trabalhadores.

Ouça no podcast do Eu, Rio! (eurio.com.br) a reportagem da Rádio Nacional sobre o pedido de recuperação judicial da Supervia, na esteira de uma redução à metade do fluxo diário de passageiros com a pandemia.

Em documento anterior, no qual pede a reabertura das negociações para aumento de tarifas, enfim admitido pelo governo estadual, a concessionária lamentava uma perda financeira acumulada de R$ 450 milhões, fruto de uma redução no movimento que chegara a 70% e mesmo agora, com um controle mais frouxo do funcionamento de comércio e serviços não-essenciais, se estabilizou em 50%.

Desde 14 de março, início das medidas restritivas de circulação e funcionamento de lojas e repartições no Grande Rio, a empresa alega ter deixado de transportar mais de 100 milhões de passageiros. O movimento está em 300 mil usuários por dia, a metade do pré-pandemia e um terço do pico alcançado no início dos anos 1980, o pico da utilização do modal.

Eis a íntegra da carta do presidente aos funcionários da Supervia:

"Prezado (a) colaborador (a),

Estamos vivendo um momento importante na SuperVia. Nessa segunda-feira, dia 7 de junho, a empresa ajuizou pedido de recuperação judicial. A medida é um instrumento legal que garante proteção judicial para que a empresa possa preservar a prestação de serviço aos nossos milhares de passageiros e manter em dia as obrigações que temos com cada um de vocês, que são os responsáveis por cada conquista da empresa. A partir de agora, vamos iniciar um novo ciclo de negociação junto aos credores e ao Poder Concedente a fim de superar a atual crise financeira.

A pandemia trouxe um cenário novo para nossas vidas e a economia global, mas ele se tornou ainda mais desafiador para empresas de prestação de serviço de transporte ao passageiro, como é o caso da SuperVia. Nós tivemos que redobrar os cuidados com a nossa própria saúde e, ao mesmo tempo, manter o sistema ferroviário em funcionamento. No nosso caso, a pandemia provocou uma crise financeira sem precedentes uma vez que, atualmente, transportamos a metade do número de passageiros de antes da crise.

Quero mais uma vez agradecer o esforço de cada um e pedir que permaneçam focados em suas atividades, buscando superar os desafios com o empenho que sempre dedicaram à SuperVia. E lembrar que o mundo exige de nós, cada vez mais, uma busca permanente por modernizar e reinventar nosso trabalho, sempre com foco na melhoria da prestação de serviços ao nosso cliente.

A transparência é um dos mais importantes valores da nossa administração. Baseado no princípio de confiança mútua, manteremos vocês informados sobre todo e qualquer fato.

Sigamos em frente e conto com a compreensão de todos!

Obrigado,

Antonio Carlos Sanches

Presidente da SuperVia

Essa abaixo é a nota anterior ao anúncio do reajuste para R$ 5,90 a partir de 1º dde julho, que a Agetransp aceitou, mas a Secretaria de Estado de Transportes informou que contestaria pelos meior disponíveis, até um novo acordo mais favorável aos passageiros:

"Desde o início das medidas relacionadas à pandemia do novo coronavírus no Rio de Janeiro, em 14/03/2020, deixamos de transportar 100.542.480 clientes. Antes da pandemia, atendíamos a uma média de 600 mil passageiros diários, mas o número de embarques atualmente caiu pela metade e somam 300 mil passageiros nos dias uteis. A queda de demanda já chegou a 70% e hoje se estabilizou em 50%. A perda financeira total deste período é de mais de R$ 450 milhões.

Assim como os outros modais de transporte público do estado, dependemos basicamente da venda das passagens para dar continuidade à prestação do serviço e não contamos com qualquer subsídio do governo. Temos custos fixos para seguir com a operação e com a manutenção dos trens, das estações e da estrutura ferroviária, independentemente do número de clientes transportados. Além disso, estamos atendendo a todos os novos requisitos de higienização e operação, mantendo o serviço de todos os ramais e preservando os empregos de nossos colaboradores.

Nossa expectativa inicial era que a recuperação completa do fluxo de clientes se desse no segundo semestre de 2021. Mas, a crise econômica do país e o aprofundamento da crise no Rio de Janeiro alteraram a previsão de retomada apenas para 2023. Entendemos que, diante da importância do sistema ferroviário para a mobilidade urbana do Rio, é fundamental que o poder concedente amplie a negociação para permitir o ressarcimento emergencial, garantindo que o serviço seja preservado e a população seja atendida", encerra o documento.

Por Portal Eu, Rio!
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