O traficante Rogério Avelino da Silva, o
Rogério 157, inventou que estava doente para não participar, na última quarta-feira (19) de uma teleconferência de um processo na Justiça em que é réu pelos confrontos na Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio, em setembro do ano passado. Na ocasião, estourou uma guerra pelo controle dos pontos de venda de drogas na comunidade.
Segundo relatório publicado no site do Tribunal de Justiça fluminense, a defesa do acusado requereu o adiamento da audiência considerando as condições de saúde apresentadas em uma carta manuscrita assinada pelo próprio bandido, que está preso na Penitenciária Federal de Porto Velho (RO). O Ministério Público opinou contrariamente ao adiamento desacompanhado de atestado médico ou informação oficial do sistema penitenciário.
A Corte descobriu que a alegação não era verdadeira porque entrou em contato com o médico do presídio que informou que, das 5h até às 14h37 de quarta-feira não recebeu qualquer queixa sobre o estado de saúde de Rogério 157.
Depois disso, a defesa do traficante argumentou que ele não poderia participar do ato em razão de uma greve de presos que reivindicavam por melhorias na cadeia e temia por sua vida caso ele não aderisse ao movimento.
A Justiça não aceitou as alegações da defesa argumentando que não encontram amparo legal.
"É certo que pedidos de adiamento infundados constituem visível manobra protelatória da defesa, já que se trata de processo com vários réus presos e ensejaria excesso de prazo ou desmembramento desnecessário e prejudicial à colheita da prova. Isto posto, indefiro o adiamento e determino o prosseguimento do ato. O pedido inusitado de adiamento seria verdadeira inversão da ordem, diante da absurda pretensão de que o Poder Judiciário submeta o curso da marcha processual à voluntariedade do acusado preso", disse a Justiça.
De acordo com o TJ, essa foi a primeira audiência de instrução e julgamento do processo. A juíza Tula Corrêa de Mello ouviu sete testemunhas de acusação.
Além de Rogério 157, foram citados no processo os traficantes Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha e Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, também presos.
Doze acusados que se encontram presos participaram da audiência pelo sistema de videoconferência, sendo apresentados do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio, com exceção de Nem da Rocinha, que participou na sala de videoconferência da Penitenciária de Porto Velho. Os demais 20 réus estão foragidos.
Ao final dos depoimentos, a juíza Tula Corrêa de Mello designou a continuação da audiência para o dia 17 de outubro, a partir das 13 horas, quando serão ouvidas mais testemunhas.