Se antes da pandemia a tecnologia já batia na porta das empresas, com o fechamento dos espaços físicos a digitalização se tornou um pré-requisito básico. Alguns empreendimentos precisaram reinventar o formato de fazer negócio. Sobrevivência foi a palavra do momento. “O que houve foi um crescimento de dois dígitos do e-commerce. As empresas um pouco mais estruturadas, que tinham mais base de sistemas em automação, softwares de gestão, mais rapidamente se adequaram à nova realidade”, diz Antonio Wrobleski, presidente do Conselho Administrativo da Pathfind, empresa especializada em otimização e redução de custos logísticos.
O executivo divide a crise sanitária em três fases. A primeira como uma descoberta, quando as pessoas e as empresas passaram a acessar mais o meio digital. A segunda marcou o excesso de telas, mostrando a necessidade de estipular limites nesse sentido. E por fim, na terceira fase, Wrobleski acredita que surgiu logo em seguida da Black Friday, deixando claro as múltiplas utilidades do ambiente online. “Momentaneamente, algumas empresas souberam aproveitar o momento. Mas todo mundo é consciente que o físico, o touching, o olhar e o chegar junto são importantes”, destaca.
Nesse contexto de adaptações e apesar da digitalização acelerada, nem todos os segmentos cresceram com a internet. “Para algumas, essa mudança foi ótima, reduziu custos e aumentou vendas. A grande maioria reduziu custos em partes, mas não aumentou vendas. A internet cria uma ilusão de que está tudo crescendo, porém tudo isso é ilusório”, aponta Wrobleski.
Na Pathfind, por exemplo, houve um crescimento de 45% no número de clientes em decorrência da pandemia no ano de 2020 em comparação com 2019. “Nós temos hoje mais de 400 empresas em nosso portfólio, como Nestlé, Heineken, Federal Express, DHL, Carrefour, Votorantim e Gomes da Costa. Muita gente começou a fazer e-commerce e passamos a atendê-los. A demanda por serviços de plataformas aumentou muito”, conta. Algumas ações da empresa que estavam previstas para 2022 tiveram de ser aceleradas, como o lançamento de um roteirizador voltado ao e-commerce. “Nós investimos mais em tecnologia, nos transformamos totalmente em web”, conta.
O empresário não acredita na retomada do normal. No entanto, vislumbra um futuro cada vez mais associado à machine learning e "Internet das Coisas". “A grande maioria da frota brasileira tem mais de 18 anos. A maior mudança é que antigamente se embarcava a tecnologia no caminhão. Agora, entra com a tecnologia dentro do caminhão, que é um app próprio, um celular. Essa é uma grande mudança que vai estar literalmente se afirmando e reafirmando cada vez mais. Isso é tecnologia de caminhão. O acesso ao dinheiro é um fator chave de sucesso para que as startups brasileiras continuem crescendo”, finaliza.