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Exclusivo: 'NFTs abrirão portas para digitização dos direitos de propriedade intelectual'

Notícia de que atriz Vera Fischer terá foto inédita doada em formato de arte NFT despertou curiosidade de quem não conhece essa modalidade

Por Edison Corrêa em 15/06/2021 às 14:18:43

Foto: Divulgação

A notícia de que a atriz Vera Fischer terá uma foto inédita doada em formato de arte NFT despertou a curiosidade de quem ainda não conhece essa modalidade que vem ganhando espaço no noticiário de arte e tecnologia porque promete ser a moda da vez. Mas como funciona exatamente isso?

NFT é uma espécie de certificado digital, estabelecido via blockchain, que define originalidade e exclusividade a bens digitais. Sigla para "Non-fungible Token", os NFTs têm chamado a atenção após somas milionárias terem sido usadas para comprar esse tipo de ativo na internet. A tecnologia funciona como uma espécie de certificado virtual — como se a obra fosse, de fato, autografada — que atesta a unicidade e originalidade de uma peça de arte digital.

O Portal Eu, Rio! entrevistou Luciano Mathias, sócio e CCO da TRIO - Hub de Criação e Produção de Conteúdo Audiovisual, para saber mais sobre o assunto.


Luciano Mathias. Foto: Divulgação

Portal Eu, Rio!: O que é NFT e como ela pode revolucionar o mercado?

Luciano Mathias: NFT (non-fungible token/token não fungível) é um certificado digital, uma unidade de dados armazenada no blockchain, e que assegura a autenticidade de arquivos, que podem ser: imagem, música, video, tweet, texto publicado, gifs, cinemagraph e diversos outros formatos digitais. É um produto criptográfico (praticamente digital) único, não comparável a outro, de existência exclusiva e não "trocável". Representa algo único e exclusivo, que não pode ser trocado. NFTs atuam como uma prova de origem/"colecionáveis digitais". Os NFTs não só podem, como já estão revolucionando o mercado de arte, pois tem por objetivo gerar "escassez digital". A escassez digital refere-se ao controle sobre a abundância e existência de ativos ou recursos digitais. Uma situação que pode ser muito benéfica no mundo digital, pois pode nos permitir aumentar o valor de qualquer ativo digital, limitando seu número e existência.

PER: Quanto pode valer um ativo digital que pode ser facilmente duplicado e do qual pode haver uma existência infinita?

LM: A verdade é que valeria bem pouco ou nada, porque seria fácil de criar e acumular. O NFT vem para suprimir essa "abundância digital" tornando os ítens mais restritos.

PER: Por que vale tanto uma foto vendida por NFT?

LM: O que faz a Monalisa ser algo tão caro e exclusivo? Simples. É a própria Monalisa, a original. Não importa o quanto refletirmos sobre isso, se vale ou não, a Monalisa, Noite Estrelada, O Grito... cada peça é uma coisa única, original, tangível e, por si só, incomparável a qualquer outra. Um NFT não é igual ao outro, tanto no valor como nas propriedades do mesmo. Cada token possui um "hash digital" — função que converte letras e números em uma frase criptográfica — que se distingue de todos os outros tokens de seu tipo. Quanto mais "exclusiva" uma coisa é, mais ela vale em NFT. É claro que cada artista avalia sua própria arte e o quanto quer por ela e se há procura e aceitação, então ela passa a valer.

PER: Como surgiu? Quando começou a ser usada no Brasil?

LM: Apesar do boom, o NFT não é algo novo. Ele foi criado em 2012 na rede do bitcoin, embora hoje ele seja operado fortemente na rede ethereum. O NFT surgiu com a apresentação da Coloured Coins, também conhecida como Bitcoin 2.x, uma criptomoeda que não vingou. O Brasil também já está entrando nessa onda e temos até alguns exemplos:

Coélhek. - André Abujamra/ Uno de Oliveira

André Abujamra vendeu o que deve ser o primeiro NFT musical brasileiro. Foi em parceria com Uno de Oliveira, artista plástico com forte experiência em crypto art. Os dois são os orgulhosos criadores do duo animação-e-música Coélhek. É a primeira parte de uma produção de oito tokens, todos com um assunto em comum: o valor do neurônio.

"Fronteira Físico/Digital" / Bel Borba

O primeiro leilão de arte em NFT 100% brasileiro vai acontecer em junho deste ano. A obra escolhida para inaugurar o uso da modalidade por aqui é a do artista plástico baiano Bel Borba, intitulada "Fronteira Físico/Digital"

A tela, pintada especialmente para a ação, foi digitalizada e será recortada em cem partes, tanto fisicamente quanto no ambiente virtual. O leilão brasileiro será realizado por meio da plataforma InspireIP.

No leilão brasileiro, o lance mínimo é de US$ 600 (cerca de R$ 3.200) por peça. O vencedor receberá dois exemplares: o pedaço digital em uma carteira de criptomoedas e o material, contendo um QR Code, que será enviado para o endereço do comprador (no Brasil ou no exterior).

Get Ready / movie frames | TRIO HUB

Lançamos um projeto autoral, o qual eu mesmo co-criei e dirigi, onde reforçamos a importância da vacinação no momento atual e, simultaneamente, lançamos uma peça extraída do filme e trilha sonora original que já está sendo vendida por NFT. Toda a renda arrecadada será revertida para ONGS que trabalham junto ao governo para acelerar o processo de vacinação.

Essa semana disponibilizaremos o link no nosso site e perfil do Linkedin.

https://rarible.com/token/0xd07dc4262bcdbf85190c01c996b4c06a461d2430:605936?tab=owners

PER: Qual será o impacto nos negócios, sobretudo no mercado de arte?

LM: "O NFT já começou a revolucionar o sistema financeiro como conhecemos, principalmente o mercado de arte como um todo. Trará oportunidades inimagináveis para quem realmente tem talento e muitas vezes não consegue viver com os rendimentos de suas obras. "Yield farming" é a busca pela melhor oportunidade de rendimentos possível em plataformas cripto. Também conhecido como mineração de liquidez, é uma forma de gerar recompensas com os ativos de criptomoedas. Em termos simples, significa bloquear criptomoedas e obter recompensas. Um termo ainda um pouco complicado e complexo de explicar. O NFT favorece a ampliação do yield farming e faz crescer a oferta e a demanda. Temos diversos marketplaces já efetuando a venda de NFTS, alem das casas de leilão que estão se especializando nisso. No futuro, NFTs irão abrir a porta para a digitização de todos os direitos de propriedade intelectual e tokenização de todos os ativos. Eu imagino uma grande galeria digital aberta a todos, democratizando de uma forma completamente disruptiva o mercado de arte como vemos hoje em dia.


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