Você sabia que o Brasil recicla menos de 4% de todo o lixo (Abrelpe) gerado em seu território? Isso ocorre não apenas pela falta de hábito dos brasileiros, mas porque a cadeia de reciclagem é pouco desenvolvida. Promover a reciclagem é uma das maneiras de garantirmos um futuro mais sustentável e promissor para as próximas gerações e ampliar o uso do modelo de compensação ambiental é o melhor caminho.
O conceito define o mecanismo de direcionar resíduos equivalentes, em peso e material, para a reciclagem, com remuneração para os operadores de coleta e triagem pelo serviço ambiental prestado. Já é aplicado amplamente na Europa há quase três décadas e elevou o índice de embalagens recicladas na Espanha de 4,7% em 1998 para 78,8% em 2018, de acordo com a Ecoembes, organização ambiental sem fins lucrativos que promove a sustentabilidade e o cuidado com o meio ambiente por meio da reciclagem.
“Observando o cenário internacional, optamos por trazer ao Brasil essa possibilidade, com o objetivo de elevar as taxas de reciclagem do país'', explica Thiago Pinto, fundador e CEO da eureciclo, maior certificadora de logística reversa de embalagens do Brasil. Aqui, o mecanismo é reconhecido legalmente como solução para promover a logística reversa, que deve ser de no mínimo 22% da massa de embalagens direcionada para reciclagem, de acordo com a legislação. “É uma alternativa técnica e economicamente viável, porque é um enorme desafio recuperar esses resíduos depois de seu descarte, principalmente em um território com proporções continentais. Temos visto um movimento extremamente positivo de empresas engajadas em ir além da meta e que, por isso, reciclam mais do que o estabelecido”, diz o CEO.
Por meio desse modelo, se uma marca colocar no mercado, por exemplo, 10 toneladas de plástico, mas não conseguir recuperá-las, ela pode optar por reciclar uma massa equivalente na mesma região. “O resultado é igualmente satisfatório para o meio ambiente, já que ele não reconhece se a garrafa reciclada é da marca X ou Y, o que importa é colocá-la de novo no ciclo produtivo”, completa.
Papel social: remuneração justa aos operadores incentiva toda a cadeia
A compensação ambiental não incentiva apenas o processo de reciclagem e a quantidade de materiais reaproveitados, mas olha com carinho para os profissionais do setor que são historicamente pouco valorizados. Os mais de 4 mil parceiros da certificadora investem diretamente nessas pessoas, por meio dos Certificados de Reciclagem (CREs) atrelados às notas fiscais de venda dos materiais recicláveis. Ao comprarem esses documentos, que comprovam que uma quantidade e tipo de material foi reciclada, elas estão remunerando os operadores e cooperativas em questão com valores mais justos.
“Os CREs incentivam a cadeia de reciclagem de materiais complexos e oferecem sustentabilidade financeira para o setor. Afinal, não se mantém espaço, colaboradores, maquinário e ferramentas sem dinheiro”, conta Thiago. Segundo o CEO, ao longo dos últimos anos a empresa impactou cerca de 17 mil vidas com mais de R$11 milhões, levando melhoria de renda e condições de trabalho para pessoas que atuam em operadores homologados e suas famílias. Ao todo, a eureciclo já compensou 214 mil toneladas de resíduos.