Cientistas do mundo inteiro discutem sobre a necessidade da aplicação de uma terceira dose de vacinas contra o novo coronavírus, bem como a vacinação de adolescentes e jovens em idade escolar, debate que surge depois de sete meses da primeira aplicação de um imunizante em uma pessoa, fora dos testes clínicos.
No Brasil, o epidemiologista da Fiocruz da Amazônia, Jesem Orellana, defende a prioridade para a cobertura vacinal de toda a população adulta.
“Não temos dúvida de que é muito importante vacinar quanto maior possível o número de pessoas contra o novo coronavírus, dos 12 anos em diante. Mas inicialmente precisamos terminar a vacinação dos adultos, dos grupos com risco de adoecer gravemente ou de irem a óbito por covid-19. Iniciar a vacinação dos adolescentes enquanto não cobrir toda a população adulta é temerário”, disse.
Orellana explica que a questão da vacinação dos adolescentes para a liberação da ida às aulas não é prioridade do atual sistema de imunização. Segundo o epidemiologista, o foco das ações está na vacinação de toda a população:
“O critério epidemiológico é o de controle do risco da transmissão comunitária para o retorno das atividades presenciais dos alunos como também do retorno dos trabalhadores em geral. Parece que estamos longe do cenário ideal de idosos vacinados em todo o país”.
Cidades como o Rio de Janeiro, que tem a maior proporção de pessoas acima de 60 anos entre as capitais brasileiras já especulam sobre a necessidade da aplicação de uma terceira dose de vacina contra a covid-19.
“Nós temos pouquíssimas evidências da necessidade de uma terceira dose de vacina de idosos. Mas temos que pensar na prioridade em cobrir o maior número de brasileiros maiores de 11 anos para reduzir radicalmente a circulação viral do novo coronavírus no Brasil. Para isso, precisamos de doses. É o que menos temos”, disse.
No Rio de Janeiro, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, disse que a prefeitura estuda a aplicação de uma dose de reforço ou terceira dose de vacina. Já há um calendário específico para a operação.
A ideia foi criticada pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, por estar fora do cronograma nacional. Porém, a dose de reforço é defendida por pesquisadores chilenos da CoronaVac.
Já o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, disse acreditar que algumas das vacinas contra a covid-19 precisarão ser aplicadas uma terceira vez. El falou do assunto em uma palestra virtual promovida pela Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), no dia 13 de julho:
"Acredito que algumas vacinas terão a necessidade de uma terceira dose. No dia de hoje, ainda é difícil dizer qual. (o assunto) é estudado no mundo inteiro. O mundo inteiro está debruçado nisso, e o objetivo é obter a imunização segura e mais duradoura", acrescentou.
Ouça no Podcast Eu, Rio! Entrevista do Portal Eu, Rio! Com o epidemiologista Jesem Orellana sobre a vacinação de jovens e idosos.