Uma das coisas com as quais os brasileiros sempre contam nos Jogos Olímpicos é medalha na vela. Não é por menos, já que a modalidade é a segunda que mais deu pódios ao país, 18 no total, atrás apenas das 24 do judô (o vôlei conquistou 23 entre a quadra e a praia).
Trazida por imigrantes no século 19, a vela se tornou uma cultura entre famílias de origem europeia, incluindo os Grael e os Kunze. Desta história, surgiu o par perfeito que tentará o bicampeonato Olímpico em Tóquio 2020 em 2021.
Martine Grael e Kahena Kunze - que disputam a medal race da classe 49er FX feminina nesta segunda (2/8) às 14:33 (horário de Tóquio)/2:33 da madrugada (horário de Brasília), com transmissão no Brasil de Globo/SporTV e Bandsports - mostraram que são mais fortes juntas.
Segundo lugar deu vaga na Medal Race, em que precisam bater rivais holandesas
A vela em Tóquio 2020 é disputada ao redor da pequena ilha de Enoshima, na qual Martine e Kahena foram campeãs do evento teste. O local de competição é o mesmo dos Jogos Olímpicos Tóquio 1964. Doze regatas foram disputadas durante quatro dias antes da final, e Martine e Kahena ocupam a segunda colocação geral na classe 49er FX.
“Acho que foi um bom dia, conseguimos ganhar a última regata, então acho que foi um bom dia. Estava bem complicado lá e acho que velejamos muito bem. Não fomos as mais rápidas, mas esse não era o foco hoje. As condições mudavam bastante e rapidamente, então é muito fácil ficar bem para trás. Os barcos estavam bem rápidos, mas com os ventos mudando, tudo que aconteceu foi esperado."
- Martine Grael após o primeiro dia de competição
As primeiras colocadas na classificação geral são as holandesas Annemiek Bekkering e Annette Duetz e atrás das brasileiras aparecem as alemãs Tina Lutz e Susann Eucke.
A Medal Race é uma corrida decisiva em que os pontos distribuídos são dobrados. Esses pontos são somados aos das regatas anteriores e a dupla com menos pontos perdidos leva a medalha de ouro.
Grael e Kunze: mais que sobrenomes, legados a serviço do Esporte Olímpico
Filha de Torben Grael, cinco vezes medalhista Olímpico, a niteroiense Martine começou a velejar com quatro anos no Rio de Janeiro, e aos 13 era campeã brasileira na classe Optimist.
Ao mesmo tempo, em São Paulo, a filha do campeão mundial juvenil Cláudio Kunze, Kahena, aprendia a velejar na represa de Guarapiranga. Fruto de uma gravidez complicada, Kahena ganhou esse nome graças a uma personagem de um livro que sua mãe leu, que era uma guerreira mitológica.
Martine e Kahena competiram contra a outra e juntas no juvenil com muito sucesso, mas decidiram buscar parceiras mais experientes para o profissional. No entanto, elas perceberam que em time que está ganhando não se mexe e se reencontraram. O resto é história.
Na Rio 2016, as duas se tornaram as primeiras velejadoras mulheres do Brasil a vencerem um ouro Olímpico. Também conquistaram um ouro e quatro pratas em Campeonatos Mundiais. Todas essas credenciais as colocaram em posição de favoritismo chegando a Tóquio.
Fonte: Comitê Olímpico Internacional