Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), um terço da população mundial está infectada com o Mycobacterium tuberculosis (bacilo de Koch). No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde de 2016, há estimativa de que 50 milhões de pessoas estejam infectadas pelo bacilo da tuberculose. A cada ano são notificados, aproximadamente, 70 mil novos casos da doença, com 4,6 mil mortes. Em 2015, a cidade do Rio de Janeiro registrou uma das maiores taxas de incidência entre as regiões brasileiras.
Segundo o Ministério da Saúde, a tuberculose é a terceira causa de óbito por doenças infecciosas e a primeira em pacientes com aids. Só em 2016, foram diagnosticados 69.509 casos novos da doença, sendo 68% homens entre 35 - 64 anos e com baixa escolaridade. A população mais vulnerável inclui: indígenas, presidiários, moradores de rua e pacientes com vírus HIV.
A tuberculose é uma doença grave, contagiosa, mas tratável em 100% dos casos. O início do tratamento deve ser o mais cedo possível, mas para que seja eficaz, é necessário que a dose da medicação seja adequada, a tomada dos comprimidos diária e pelo período desejado.
Sintomas da tuberculose pulmonar: segundo a médica Ana Paula Nogueira, da Clínica da Família Bárbara Mosley de Souza são: tosse há três semanas, febre baixa no período da tarde, suor à noite, perda de peso, diminuição do apetite e escarro. "A gente chama de sintomático respiratório aquele paciente que está com tosse há pelo menos três semanas. O protocolo a ser realizado será o exame de escarro".
Modo de transmissão: "O modo de transmissão da tuberculose pulmonar é oral (tosse, fala e espirro) a partir da eliminação de partículas contendo o bacilo. É muito difícil alguém na rua tossir e você pegar tuberculose. O bacilo de Koch é sensível ao ar, é pesado e assim que é expelido desce - não fica no ar e logo morre perante a luz. A maior forma de transmissão da tuberculose ocorre em pacientes que moram em domicílio, que passam ali à noite ou permanecem em ambientes fechados. Isso pode facilitar o desenvolvimento da doença", relata a médica.
Contactantes: "Uma vez o paciente com o diagnóstico de tuberculose, a gente procura os contactantes. O que é isso? São os pacientes que moram dentro da casa ou que tenham contato íntimo com a pessoa infectada. Tornam-se suspeitos de também terem a doença. Todos esses pacientes são rastreados e serão feitos alguns exames como o raio-X de tórax, a prova tuberculínica e, às vezes, o exame de escarro. Cada paciente é investigado de forma separada e são atribuídos a cada um, dependendo da condição clínica, alguns exames específicos", ressalta a Dr.ªAna Paula.
Tratamento para tuberculose: é através do Posto de Saúde, é gratuito e dura seis meses. "Se o paciente tem tuberculose sensível a todas as medicações, o tratamento é feito como esquema básico: os dois primeiros meses são tratados com quatro drogas, cada uma de ataque. Depois desse período, tendo uma boa evolução, o paciente passa para uma fase de manutenção, que são mais quatro meses, totalizando seis meses de tratamento. Isso é para a tuberculose não complicada, a tuberculose simples, sem nenhum tipo de resistência", explica a médica Ana Paula.
"O abandono do tratamento da tuberculose abre espaço para formas resistentes da doença que não respondem aos antibióticos disponíveis. O risco quando o paciente interrompe ou abandona o tratamento médico é desenvolver resistência à medicação proposta. Com isso, cada vez mais a gente vai precisar de outras medicações, que serão mais abrangentes. Uma pessoa que tem uma tuberculose multirresistente acaba transmitindo uma tuberculose multirresistente. O risco é essa pessoa se tornar exatamente isto: resistente a medicações, sendo cada vez mais difícil tratar, procurando drogas alternativas para o tratamento. E, além disso, ela acaba transmitindo essa tuberculose resistente. E aquele que acaba pegando também se torna multirresistente e não entra com o esquema básico de tratamento, e sim com um esquema especial devido à resistência a algumas medicações", esclarece a médica.
SUS: pacientes com tuberculose têm acesso a um novo tratamento com menor quantidade de comprimidos, passando de três, para uma ingestão diária: Isoniazida de 300 mg. O medicamento está disponível na rede pública desde maio deste ano no Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e no Distrito Federal. Estes estados são participantes de uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal do Espírito Santo, para a implantação da Isoniazida 300mg. O Ministério da Saúde vai financiar esta pesquisa.
De acordo com o secretário de Vigilância em Saúde, Adeilson Cavalcante, esse é mais um avanço no tratamento da tuberculose. "Nosso objetivo é garantir o que há de mais inovador para o tratamento da doença". Para ele, não adianta investir na cura, mas é necessário garantir que o paciente inicie e conclua o tratamento. Segundo o secretário, esta nova apresentação da medicação vai melhorar a adesão dos pacientes.
Formas de prevenção: "a principal prevenção da tuberculose é através da vacina BCG: toda criança precisa ser vacinada antes do primeiro mês de vida. A segunda forma de prevenção é a identificação o quanto antes do paciente sintomático respiratório. O quanto antes eu consigo identificar uma tosse na pessoa com suspeita de tuberculose, eu evito a disseminação do bacilo de Koch. Uma outra forma preventiva da doença está ligada não à pobreza, mas as condições precárias de instalações. Os ambientes devem ser bem ventilados para que as pessoas não fiquem aglomeradas", finaliza a médica Ana Paula Nogueira.