Bicampeãs olímpicas, Kahena Kunze e Martine Grael desfilam do Rio até Niterói

As bicampeãs olímpicas da vela, Kahena Kunze e Martine Grael, chegaram ao Brasil nesta sexta-feira. Trazendo ouro nas bagagens e emoção a perder de vista, elas desfilaram em carro aberto do Corpo dos Bombeiros do Aeroporto Santos Dumont até Niterói, cidade-natal de Martine que também adotou Kahena, paulista da capital, como uma de suas filhas.

Na 'Cidade Sorriso', a dupla, até hoje as únicas campeãs na classe 49erFX, que estreou no programa olímpico na Rio 2016, percorreu a cidade da praça do pedágio, na Ponte Rio-Niterói, até o Rio Yacht Club, em São Francisco. A bordo do caminhão da corporação, passaram por cartões-postais como a Praça Araribóia e a Praia de Icaraí.

"É especial chegar no Corpo de Bombeiros, ver a cidade inteira de Niterói sorrindo e festejando com você. Pra mim, que não sou de Niterói, senti muita emoção. E vocês são família. Eu e a Tine teve uma semana bem difícil, mas a gente fez questão de batalhar até o final e trazer esse ouro pra vela brasileira, pro Rio Yacht Club e pra todos vocês", destacou Kahena, já na comemoração dentro do clube náutico.

O fato de o Rio Yacht Club ter sido palco para a recepção às velejadoras não foi para menos. Esta é a décima medalha de atletas da vela que treinam no clube, tendo a de Martine sido a nona da família Grael.

"A gente vê que ao longo de tanto tempo consegue manter essa performance dos atletas que são daqui, é muito legal. O Projeto Grael existe há 23 anos e dali já saíram cerca de 20 mil pessoas que aprenderam a velejar. Isso gera uma massa crítica na cidade para essa cultura do mar, é uma iniciativa de fazer com que esse esporte esteja acessível a outras camadas da população. Já saíram campeões mundiais, ótimos velejadores que disputam torneios pelo país, mundo afora", orgulhou-se o prefeito de Niterói, Axel Grael, durante entrevista a jornalistas. "O esporte é uma forma de promover a inclusão social, criar autoestima, fazer com que essa garotada acredite no potencial que tem. Temos a esperança de que esse resultado reverta em mais patrocínios da iniciativa privada e que a gente recupere a importância que o esporte vem perdendo".

O feito de Kahena e Martine é especialmente significativo porque são as únicas mulheres bicampeãs olímpicas do Brasil em esportes individuais ou em dupla. Junto com o saltador em distância Adhemar Ferreira da Silva (Helsinque 1952 e Melbourne 1956) e três jogadoras de vôlei de quadra (Pequim 2008 e Londres 2012), são as únicas medalhistas de ouro consecutivas na história do país. Integram um time tão seleto, que tem apenas outros 13 atletas, incluindo Torben Grael, pai da niteroiense e irmão de Axel.

Orgulhoso, com "o coração muito feliz", o prefeito e tio também destacou o investimento no esporte ao longo dos últimos mandatos bem como a excelência de esportistas nascidos ou que treinam no município para competições do nível das Olimpíadas.

"A Prefeitura, de 2013 pra cá, construiu e reformou praças e parques esportivos, implantamos o Parque Olímpico do Caramujo, que hoje desenvolve programas de iniciação esportiva para mais de duas mil pessoas. Estavam no caminhão de bombeiros não só as medalhistas, mas os atletas de Niterói que estiveram em Tóquio, com exceção da Ingrid, dos saltos ornamentais, porque não chegou ainda", exaltou, para em seguida fazer um anúncio. "Se fosse um país, nós estaríamos no quadro de medalhas na frente de quase todos da América Latina. A Prefeitura vai lançar um plano de recuperação, e o esporte, a cultura e a educação são elementos importantes na retomada da economia e do cotidiano das pessoas".