Cerca de 37% da população brasileira, ou 60 milhões de pessoas, relatam sentir dor de forma crônica, aquela que persiste por mais de três meses. Isto quer dizer que quatro em cada dez brasileiros sofrem com o problema, segundo um estudo feito em conjunto pela Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED), pela Universidade Federal de Santa Catarina, pela Faculdade de Medicina do ABC e por uma clínica de tratamento da dor.
"A dor crônica é tão nociva que pode prejudicar a rotina do indivíduo. Pode trazer repercussões biológicas, psicológicas e sociais", diz o presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Intervencionistas em Dor (SOBRAMID), Paulo Renato Fonseca. "É preciso tratar a dor com profissionais da saúde e médicos intervencionistas, que indicam procedimentos para melhorar o sintoma que interfere diretamente na capacidade de trabalho do indivíduo. Imagine uma pessoa que tem dor todo dia, o dia inteiro, durante meses", ressalta o médico. De acordo com a International Association for the Study of Pain (IASP), a dor é uma sensação associada com dano tecidual real ou potencial, e pode ser aguda (duração inferior a 30 dias) ou crônica (duração superior a 30 dias).
O pés são a base do corpo e precisam ser bem cuidados
A dor no corpo muitas vezes está presente por uso de um calçado inadequado, alerta a ortesista e protesista Simone Soares. "As pessoas acham que o custo alto de um tênis significa benefício saudável, mas o importante é ter conhecimento da própria pisada, que pode ser pronada, supinada ou neutra. Este tipo de informação não vem na caixa do tênis, e quem tem uma pisada neutra e compra um tênis para uma pisada pronada, por exemplo com certeza, vai ter uma lesão", diz a médica. Segundo ela, algumas lojas andaram fazendo testes para avaliar a pisada, mas não funcionou corretamente, e somente o médico pode avaliar. "Que se passe a produzir somente tênis neutros, ou faça-se uma campanha sobre o assunto, pois este é um grande causador de lesões", relata Dra Simone.
Fascite plantar: uma das maiores responsáveis por dor no pé
A fascite plantar é uma consequência frequente, que gera muita dor por ser uma inflamação que tensiona toda a sola do pé. A fisioterapeuta Vanessa Cardozo de Paula explica que a fáscia é que mantém o nosso arco plantar e amortece nosso peso na caminhada e/ou corrida, e uma postura errada constante leva à inflamação. "O estresse por estiramento da fáscia também aparece pelo uso excessivo de saltos altos ou muito rasteiros, obesidade e caminhar incorreto", diz ela, complementando que o tratamento é através do uso de calçados adequados e, às vezes, é necessário o uso de antiinflamatórios, fisioterapia, alongamentos para fortalecimento muscular de todo o pé e terapia manual para relaxar a fáscia e reposicionar os ossos dos pés. Em fase crônica indica-se a imersão do pé em água quente e exercício de alongamento e fortalecimento.
Adalberto Neto, 37 anos, jornalista, apresentou um quadro de fascite plantar há dois meses atrás. Ele percebeu o sintoma no Crossfit. Ele chegou ao limite de não conseguir ficar em pé por causa da dor e precisou da medicação anti-inflamatória. Está usando tênis confortáveis com solado mais alto atrás, que segundo ele dá mais alívio. O ortopedista que o atendeu pediu uma ressonância magnética dos pés e um exame de baropodometria.
A ortesista e protesista Simone Soares alega que a baropodometria é um exame mais completo do que simplesmente um teste da pisada. Além de avaliar o tipo de pisada, avalia rotações em relação a sua coluna, a sua lateralidade, se a pessoa tem mais peso de um lado do que o outro, o que influencia diretamente sobre a sua coluna e sobre o seu joelho. "Sendo um atleta, com a baropodometria, é até possível melhorar a performance; sendo uma pessoa comum, é possível melhorar a marcha e os pontos de dor. Se uma pessoa tem dor nos joelhos que esteja ligada a pisada, com a baropodometria vai ter uma ideia da dinâmica. É uma questão postural. As pessoas precisam entender que os pés são a base do corpo. Quando eu altero a base, posso alterar estruturalmente todo o corpo", finaliza a ortesista.