Neste Setembro Amarelo, as ações de prevenção ao suicídio tornam-se ainda mais urgentes. O número de pessoas que estão sofrendo de problemas psicológicos assusta. Um estudo compilado pelo Núcleo de Saúde Mental e Atenção Psicossocial em Desastres e Pandemias da Fiocruz, com informações de cerca de 1600 brasileiros, mostrou que mais de 40% apresentou depressão moderada ou severa, 15% teve sintomas de ansiedade e cerca de 34%, transtorno de estresse pós-traumático, com necessidades de intervenção profissional.
Esta semana foi realizada na Câmara Municipal do Rio uma audiência pública para debater o tema. Além dos vereadores Felipe Michel, presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental, Paulo Pinheiro e Rogério Amorim, participaram o superintendente de Saúde Mental do Município, Hugo Marques, a presidente do Departamento de Saúde Mental da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (SOPERJ), Gabriela Crenzel, e Guilherme Castelliano Nadais, representante do CREMERJ.
De acordo com os dados apresentados na audiência na cidade do Rio, o tempo de espera por atendimento psiquiátrico na rede municipal de saúde pode chegar a mais de cinco meses. Atualmente, há cerca de 5 mil pacientes na fila do Sistema de Regulação (SisReg) esperando atendimento profissional.
Hugo Marques ressaltou que é preciso reformular a estrutura física e expandir a capacidade de atendimento dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), bem como a capacitação de equipes que possam trabalhar de forma articulada nas diversas unidades de saúde, a fim de diminuir a fila de espera.
“Os estudos apontam que 25% das pessoas que procuram a atenção primária estão passando por um sofrimento psíquico e vão precisar de um suporte de atendimento nessas áreas. Mas nem sempre é possível ser alcançado naquele local, por isso é fundamental garantir a continuidade de cuidados com essas pessoas”.
Felipe Michel, autor da Lei 6245/17,que prevê diversas ações ligadas à Saúde Mental no mês de setembro e amplia o Plano Municipal de Prevenção ao Suicídio, relatou diversos casos de depressão na sua família.
"Eu tive sérios problemas psicológicos depois que parei de jogar futebol e agora, com a pandemia, minha mãe e minha filha adolescente também estão sofrendo deste mal. Desde que me tornei vereador luto para que este tema seja amplamente debatido, mas, infelizmente, ele não dá voto, por isso é deixado de lado pelo poder público. É urgente a criação de um Disque Saúde Mental. Não podemos achar normal uma fila de cinco mil pessoas esperando atendimento psiquiátrico. Quem tem depressão tem pressa", afirmou Felipe Michel.
Segundo a OMS, 264 milhões de pessoas sofrem de depressão e de cada 13, uma tem transtorno de ansiedade.