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Partidos políticos e movimentos se unem pelo impeachment de Bolsonaro

Entidades conclamaram filiados e opositores ao atual governo a irem à manifestação no próximo domingo (12) pelo afastamento do presidente

Por Anderson Madeira em 08/09/2021 às 21:02:06

Bolsonaro no ato pró-governo em Brasília. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O presidente da República, Jair Bolsonaro, cujos apoiadores consideram um “mito” está conseguindo algo até então impensável: a união de partidos políticos de esquerda e direita, e movimentos que vão do Acredito - ligado à esquerda - ao Movimento Brasil Livre - considerado de direita - em favor do impeachment do chefe do Executivo Nacional. As legendas e os movimentos conclamam seus filiados e quem for oposição ao atual governo a irem à manifestação no próximo domingo, dia 12, pelo afastamento do presidente.

As legendas que resolveram se unir pelo impeachment são Cidadania, PSDB, PSD, Rede Sustentabilidade, PDT, PC do B, PSOL, PV, Solidariedade e PT e movimentos como o MBL, Livres, Acredito, Agora, Vem Pra Rua e organizações como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), Unegro (União de Negros pela Igualdade) e Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB). As instituições formaram o movimento Oposições Unidas.

Ontem, o grupo Direitos Já – Fórum pela Democracia decidiu em plenária realizar série de ações para reforçar o impeachment de Jair Bolsonaro. Na reunião, da qual participaram dirigentes do PT, do PSDB e vários outros partidos, ficou definido um calendário que ocupa todo o mês de setembro e terá um ato internacional com personalidades políticas e intelectuais, um novo pedido de impeachment com a assinatura de juristas da esquerda à direita, o pedido de uma audiência visando pressionar o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP) e culminará com uma grande manifestação para unir de “Lula a Fernando Henrique Cardoso”.

O Conselho Político do Direitos Já divulgou nota sobre os atos antidemocráticos e o impeachment do presidente da República.

“O Conselho Político do movimento Direitos Já! Fórum pela Democracia reuniu-se nesta terça-feira, 7/9, para avaliar as manifestações antidemocráticas promovidas nesta data, e chegou à conclusão de que presidente Bolsonaro deve sofrer o impeachment.

O Conselho aprovou nota do Direitos Já! em defesa da democracia e com desagravo ao STF, duramente atacado nas manifestações desta terça-feira.

Lideranças que participaram da reunião, coordenada por Fernando Guimarães: Aldo Arantes (PCdoB), Antônio Ramalho (PSD), Clóvis Carvalho (PSDB), Daniel Annenberg (PSDB), Duda Alcântara (REDE), Eduardo Suplicy (PT), Elias Gomes (PSDB), Eliseu Gabriel (PSB), Eva Blay (PSDB), Felipe Rigoni, Floriano Pesaro (PSDB), Gleisi Hoffmann (PT), Gustavo Petta (PCdoB), Jandira Feghali (PCdoB), José Aníbal (PSDB), José Luiz Penna (PV), Júnior Bozzella (PSL), Mariana Lacerda (REDE), Marina Silva (REDE), Nabil Bonduki (PT), Randolfe Rodrigues (REDE), Raul Henry (MDB), Ricardo Patah (PSD), Ricardo Scog (PDT), Rodrigo Carvalho (PCdoB), Tarso Genro (PT), Zé Gustavo (REDE), Wagner Pires (AGIR) e Walter Sorrentino (PCdoB). Também estavam presentes Belisário dos Santos Jr., o professor José Álvaro Moisés, entre outras”, disse um trecho da nota.

O Partido Social Democrático (PSD) formou, nesta quarta-feira (8), comissão para acompanhar os desdobramentos das manifestações do governo ontem e avaliar as reações às ameaças realizadas ao estado democrático de direito. A comissão será formada pelos líderes da legenda na Câmara dos Deputados, Antônio Brito, e no Senado, Nelson Trad, e pelo presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab, que se reunirão para definir os demais nomes do colegiado.

“A cada dia vemos aumentar a instabilidade e o PSD está acompanhando essa situação com muita atenção. Temos avaliações de alguns importantes juristas apontando que apenas as falas, as manifestações, seriam razões suficientes para justificar o processo. Vamos acompanhar a conduta do governo para determinar, ou não, a defesa e o apoio a um eventual processo de impeachment do presidente da República”, afirmou Kassab, em nota oficial, divulgada hoje.

Ele destacou ainda que vinha afirmando que não era adequado banalizar o instrumento do impeachment, já que o Brasil teve, desde sua redemocratização, cinco presidentes e dois deles tiveram impedimentos durante o mandato. “Tivemos hoje a temperatura mais elevada, manifestações muito duras, acima do tom. Começam a surgir indicativos importantes, que podem justificar o impeachment. A fala de que o presidente não vai acatar decisões judiciais é muito preocupante”, avaliou.

O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, em reunião extraordinária da Executiva do partido nesta quarta-feira, decidiu que o partido fará oposição ao atual governo e vai apoiar o impeachment. A legenda divulgou a seguinte nota:

“O PSDB decidiu hoje, por unanimidade, em reunião da Executiva Nacional, que é oposição ao governo de Jair Bolsonaro.

O partido repudia as atitudes antidemocráticas, truculentas e irresponsáveis adotadas pelo presidente da República em manifestações pelo Dia da Independência.

O PSDB se alinha a todas as forças da sociedade brasileira que têm na democracia, na defesa das instituições e no respeito à liberdade o seu maior compromisso.

Com a participação da Executiva e das bancadas na Câmara e Senado iniciamos o processo interno de discussão sobre crimes de responsabilidade cometidos pelo presidente da República. O primeiro passo foi o debate aberto ocorrido hoje e agora será aprofundado pelas bancadas do Congresso Nacional.

Conclamamos todas as forças do centro democrático a formar uma frente de oposição ao governo de Jair Bolsonaro. É da união dessas forças que virá a derrota definitiva do projeto autoritário de poder que o atual ocupante do Palácio do Planalto encarna e a volta do modelo político e econômico petista também responsável pela profunda crise que enfrentamos.

Basta de insensatez. Os brasileiros esperam de seu governante soluções para a pandemia, que beira 600 mil mortos; para o desemprego, que vitima 14 milhões de pessoas; para a inflação, que beira os dois dígitos; para a paralisia econômica; para a desigualdade; para a crise hídrica e para o descalabro fiscal. Um presidente que saiba enfrentar a desestruturação social e econômica ao invés de buscar enfrentar a própria lei.

A democracia brasileira permitiu que milhares fossem às ruas no dia de ontem defender suas ideias. Mas também defendemos os milhões que ficaram em casa e querem um Brasil que possa superar a crise”.

A porta voz nacional da Rede e fundadora da sigla, a ex-senadora Marina Silva, também se posicionou pelo afastamento de Bolsonaro. “Mais uma vez os atos criminosos do presidente Bolsonaro são endereçados à Câmara dos Deputados, no momento presidida por Arthur Lira. Agora o país espera que todo seu ordenamento jurídico, expressão da construção civilizacional de nossa sociedade, seja defendido e quem o agrediu seja responsabilizado na medida do dano causado. O deputado Lira também precisa agir à altura do que o momento histórico requer daquele que preside a casa do Congresso que, de acordo com nossa Constituição, representa os interesses da sociedade. Na atual conjuntura, encaminhar a abertura do processo de impeachment é parte essencial de suas responsabilidades.

O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, em suas redes sociais, está convocando os filiados e quem mais for oposição a Bolsonaro para a manifestação do próximo domingo (12). “Lira não entregará a abertura do impeachment se não for pressionado pela sociedade, partidos políticos e oposições unidas nas redes e nas ruas em 12 de setembro. Ao falar em basta à escalada, libertada a porta aberta. Impeachment não cairá do céu. Cabe a nós construí-lo e pressionar Lira”, declarou o dirigente.

O PSOL nacional divulgou nas redes sociais nota favorável ao impedimentode do presidente. “O impeachment de Bolsonaro não acontecerá sem povo nas ruas e pressão popular. O genocida mostrou que está acuado e hoje aumentou o tom para pregar aos convertidos de sua base já radicalizada. Nós, por outro lado, seguiremos nas ruas, como fizemos hoje. Até a queda de Bolsonaro!”. O partido confirmou participação nas manifestações de domingo.

O PDT nacional também se posicionou. “O PDT entrou com notícia-crime no STF para investigar Bolsonaro pelas manifestações golpistas no último dia 7 de setembro. Não aceitaremos defeitos à democracia! #ImpeachmentJá”. O PT não confirmou presença no ato de domingo, mas, vai apoiar o pedido de impeachment. “Arthur Lira não pode continuar naturalizando os atos antidemocráticos e os crimes do Bolsonaro contra a Constituição. Esperava do presidente da Câmara atitude firme, a Casa não pode se apequenar desse jeito. Abra o impeachment, é o que o povo quer. Convidamos os partidos, especialmente os que têm origem na luta pela redemocratização, para se juntar a nós nesta jornada pela democracia e pelo Brasil. Não se trata de aderir a atos já marcados, mas de construirmos juntos o caminho”, disse a presidente nacional da sigla, deputada federal Gleise Hofmann.

Renato Sella, coordenador do Vem Pra Rua, confirmou que o movimento decidiu apoiar a causa para ampliar o alcance das manifestações de domingo e estará aberto a legendas de esquerda. “Estamos defendendo a união do Brasil que quer a democracia, que quer estabilidade. Nossa chamada, sim, está com reforço na frase ‘Fora, Bolsonaro’”, disse o ativista.

O coordenador do MBL, Renan Santos, faz questão da presença da esquerda. “A galera da esquerda está indo. Já tem vários influenciadores, com o músico Tico Santa Cruz, que é mais ligado ao PDT. O impeachment do Bolsonaro virou o mínimo denominador comum”, declarou.

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