Na tarde desta quinta-feira (9), o presidente Jair Bolsonaro publicou uma nota oficial com o objetivo de amenizar a atual crise institucional entre os três poderes após as polêmicas manifestações do feriado do Dia da Independência (7). No comunicado, Bolsonaro listou dez itens sobre os episódios que agravaram os problemas entre o Governo Federal e o Supremo Tribunal Federal (STF), além de citar seu interesse em manter a harmonia do país.
"No instante em que o país se encontra dividido entre instituições é meu dever, como Presidente da República, vir a público para dizer:
1. Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.
2. Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.
3. Mas na vida pública as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de “esticar a corda”, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia.
4. Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum.
5. Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.
6. Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal.
7. Reitero meu respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país.
8. Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição.
9. Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles.
10. Finalmente, quero registrar e agradecer o extraordinário apoio do povo brasileiro, com quem alinho meus princípios e valores, e conduzo os destinos do nosso Brasil", informou a nota.
O comunicado foi publicado depois de uma reunião de Bolsonaro com o ex-presidente Michel Temer, ainda na tarde desta quinta, bem como após o crescimento do movimento de paralisação dos caminhoneiros em diversos estados do país, nesta madrugada, provocando mais preocupação com a situação brasileira. Os atos foram baseados no discurso insuflado pelo presidente contra alguns ministros do STF. As estradas foram fechadas como forma de apoio ao Governo.
Confusão no volante
Na última quarta-feira (8), depois do visível crescimento da greve, um suposto áudio feito por Bolsonaro e direcionado aos caminhoneiros passou a circular pelas redes. Nele, o presidente pediu que os bloqueios fossem suspensos.
“Fala para os caminhoneiros aí, são nossos aliados, mas esses bloqueios aí atrapalham a nossa economia, isso provoca desabastecimento, inflação. Prejudica todo mundo, especialmente os mais pobres. Então dá um toque aí nos caras se for possível para liberar, tá ok, para a gente seguir a normalidade”, disse Bolsonaro.
Houve muita dúvida sobre a veracidade da gravação. Contudo, o áudio foi confirmado pelo Ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. Ele gravou um vídeo garantindo que era um pedido do presidente e também confirmou quais seriam as consequências da paralisação para a economia brasileira.
O caminhoneiro Zé Trovão, que é um dos líderes do movimento, usou suas redes sociais para divulgar um vídeo onde duvidava do áudio. Ele ainda cobrou que o presidente Jair Bolsonaro garantisse pessoalmente que a categoria encerrasse os atos.
De acordo com Ministério da Infraestrutura, até o final desta tarde não havia mais fechamentos nas estradas, apenas a concentração de alguns caminhoneiros em determinados locais, mas sem prejuízo na movimentação das rodovias.