Um estudo realizado na Suécia com pessoas infectadas pelo Sars-CoV-2 e com aquelas imunizadas com as vacinas Oxford/AstraZeneca (produzida no Brasil pela Fiocruz), Pfizer/BioNTech, e ainda com pessoas vacinadas em regime de intercambialidade entre as duas vacinas, mostra uma boa proteção após um período de 12 meses diante das chamadas variantes de preocupação.
Submetida sob a forma de preprint (sem revisão de seus pares), a pesquisa indica que, com a utilização das duas doses da AstraZeneca, foi evidenciada a menor redução de efetividade nos ensaios de neutralização nas variantes Gama e Beta — que notadamente tiveram as quedas mais significativas em todos os cenários avaliados.
O surgimento das variantes Alfa, Gama e Delta provocaram preocupações sobre a eficiência de anticorpos neutralizantes induzidos por infecções da cepa nativa ou por vacinas baseadas na proteína denominada Spike do Vírus Sars Cov 2, já que essa proteína está diretamente associada à capacidade de entrada do vírus nas células humanas.
O estudo buscou determinar a presença de contra as variantes a longo prazo.
A pesquisa descobriu que os anticorpos contra a proteína Spike da cepa nativa, assim como os anticorpos neutralizantes, continuaram detectáveis em 80% dos participantes, mesmo um ano após infecção branda (não vacinados).
A capacidade neutralizadora foi similar com à cepa nativa (usada como referência), Alfa (0.95) e Delta (1.03, ou seja, uma resposta até melhor do que o padrão, que é a resposta à cepa original 1), mas significativamente reduzida contra Beta (0.54) e Gama (0.51).
De forma similar, duas doses de Pfizer ou duas doses da AstraZeneca permitiram uma capacidade sustentável contra as variantes Alfa e Delta, mesmo um ano após a vacinação.
Em relação à combinação da AstraZeneca com Pfizer também foi evidenciada a queda frente as variantes Alfa e Delta e mais notadamente contra as variantes Beta e Gama.. Comparando todos os regimes, a combinação AstraZeneca teve uma resposta mais consistente frente às variantes de preocupação quando comparado a resposta dos pacientes convalescentes e nos outros regimes avaliados no estudo (Pfizer/Pfizer e ou Pfizer/AstraZeneca)
As descobertas sobre a neutralização a longo prazo das variantes Alfa e Delta, amplamente disseminadas, um ano após infecção pela cepa original podem ajudar autoridades a traçarem estratégias de vacinação em casos de escassez de suprimentos, diz o estudo. Os resultados sugerem ainda maior precaução em relação às variantes Beta e Gama, num esforço para otimizar as próximas gerações de vacinas.