Sentado atrás de um balcão, o dono de uma padaria no centro de Caras, prepara as placas do dia. “Refrigerante = 394 bolívares soberanos”, “pão, 180”.
A Venezuela, rica em petróleo, enfrenta uma crise econômica sem precedentes, devido às políticas comunistas fracassadas dos governos de Maduro e Chaves. A inflação registrada em agosto foi a mais alta da história do país. Segundo economistas privados e a Assembleia Nacional, que é controlada pela oposição. Estima-se que a inflação de 2018 atinja 1 milhão por cento.
Para os empresários, um ambiente já dramático está cada vez pior. Muitas lojas mantiveram suas portas fechadas nos últimos dias, e os proprietários estão se perguntando se terão que reduzir o pessoal. Mais de 130 gerentes e funcionários de empresas foram presos nas últimas semanas, acusados ??pelas autoridades de “especulação” porque aumentaram seus preços.
Maduro, um ex-líder sindical e sucessor do presidente populista Hugo Chávez, que morreu em 2013, tentou estabilizar a economia cortando cinco zeros da moeda - o bolívar -, além de aumentar o imposto sobre valor agregado. Mas os economistas dizem que os problemas centrais não foram resolvidos, incluindo controles de preços, taxas de câmbio distorcidas e, especialmente, a impressão febril de dinheiro do banco central para financiar os gastos do governo.
E já há sinais de que o plano não está funcionando, pois os preços dos itens básicos já dobram de valor. Em comparação, o salário mínimo que equivalia a cerca de 118 reais, pouco mais de um mês depois, não passa de 70 reais. Com isso, produtos como ovos e frango, que tem os preços regulados pelo governo, desaparecem das prateleiras dos supermercados.
Como resultado, a fome se espalha. De acordo com um levantamento realizado pela Cáritas Venezuela em bairros pobres e de classe média baixa das principais cidades do país, cerca de 15,5% das crianças entre 0 e 5 anos estavam desnutridas, e outros 20% apresentavam risco iminente de entrar em desnutrição. Ou seja, 300 mil crianças venezuelanas possuem desnutrição severa.
Um levantamento realizado no primeiro semestre de 2017 pelas universidades Andrés Bello, Simón Bolívar e Central da Venezuela concluiu que ao menos 70% dos venezuelanos haviam perdido peso nos seis meses anteriores à pesquisa.
Em média, cada morador do país teria emagrecido cerca de seis quilos. Os dados são por amostragem e talvez não reflitam necessariamente a realidade de todo o país, mas dão uma ideia da dimensão dos problemas enfrentados para se colocar comida na mesa.