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Anistia Internacional promove campanha global e destaca luta de Marielle

O foco será nas mulheres que dedicaram suas vidas em prol dos direitos humanos.

Por Andrew Miranda em 11/10/2018 às 11:30:18

A história de vida de Marielle agora se integra a de mulheres que lutam incansavelmente por um mundo mais justo. Foto: Midia Ninja

Quase sete meses após a sua morte, a vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) ainda não teve ainda solucionado o crime do qual foi vítima em 14 de março, no Rio. A Anistia Internacional, que pressiona as autoridades pela solução do caso, lançou nesta quarta-feira no Brasil a sua campanha global na promoção dos direitos humanos, a "Escreva por Direitos" (Write for Rights). Este ano, o foco será nas mulheres que dedicaram suas vidas em prol dos direitos humanos, inclusive pela igualdade de gêneros. O lançamento foi na sede da Anistia no Brasil, no Rio.

A instituição escolheu dez mulheres de vários países, entre elas, Marielle, representando o Brasil, como uma homenagem póstuma, por ser reconhecida a sua luta pelos direitos humanos. As outras nove mulheres estão vivas e seguem atuando em seus países. Para Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional Brasil, é uma forma de pressionar as autoridades pela solução do crime.

"Sete meses após o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, é fundamental que continuemos firmes exigindo respostas, pressionando para que os verdadeiros responsáveis sejam identificados e levados à justiça. A história de vida de Marielle, dedicada à defesa de direitos humanos, agora se integra à história de mulheres de outros nove países que lutam incansavelmente por um mundo mais justo", disse a ativista.

As outras mulheres são do Quênia, Ucrânia, Marrocos, Venezuela, África do Sul, Quirguistão, Irã, Índia e Vietnã. Muitas das ativistas estão em situações de risco. A campanha visa mobilizar pessoas em todo o mundo em apoio a elas, dando visibilidade aos seus casos e o papel delas contra as injustiças em seus países.

A campanha vai durar cinco meses e terminará em 8 de março de 2019, no Dia Internacional da Mulher. Trabalharão apoiadores da Anistia, profissionais da educação e grupos de ativismo na realização de atividades, que vão desde uma aula temática em uma escola até um evento público em uma praça ou café. Os eventos estarão na Plataforma Escreva por Direitos (www.escrevapordireitos.anistia.org.br).

Nas escolas, a Anistia Internacional vai disponibilizar digitalmente o Guia de Atividades para Educação em Direitos Humanos, abordando seis dos 10 casos escolhidos, entre eles, o de Marielle Franco. O objetivo é informar as pessoas sobre os seus direitos e a importância da solidariedade. O documento será divulgado também nas redes sociais e foi elaborado para uso de profissionais de ensino, assistentes sociais e agentes comunitários No ano passado, mais de 23 mil profissionais tiveram acesso a material semelhante, onde usaram nas atividades escolares.

"Todos os anos, a Anistia Internacional seleciona casos de pessoas e comunidades vítimas de violações de direitos humanos ou em risco de sofrer violações ao redor do mundo, e convida apoiadores e apoiadoras a entrarem em ação. Atendendo ao nosso chamado de solidariedade global, essas pessoas realizam atividades em escolas, universidades e espaços públicos, e mobilizam suas comunidades a escrever e assinar cartas pressionando as autoridades por justiça. Como resultado, impedimos injustiças, conseguimos resposta para casos sem solução e impactamos vidas de milhões de pessoas, contribuindo para uma cultura de respeito aos direitos humanos.", disse um trecho do texto divulgado pela Anistia.

No ano passado, a americana AChelsea Manning revelou um escândalo envolvendo tortura por militares dos Estados Unidos no Afeganistão, sendo por isso, condenada a 35 anos de prisão. Graças a pressão da campanha da Anistia, ela foi libertada ainda em 2017.

Entre os casos deste ano está o da ativista NonhleMbuthuma, da comunidade Amadiba, da província do Cabo Oriental, da África do Sul. Ela luta para defender a sua terra ancestral contra uma companhia de mineração que quer explorar titânio. Está sendo assediada e ameaçada e já sofreu uma tentativa de assassinato. Ela já avisou que não irá recuar. O texto da Anistia pede que os internautas enviem uma carta pedindo ao governo sul africano que proteja a ativista e investigue os assédios e intimidação contra ela.

Na carta, os internautas devem informar o nome, o email, telefone (com DDD), cidade e estado. O documento será enviado ao presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa. A primeira campanha, chamada de Maratona de Cartas, teve início em 2001, quando um pequeno grupo de ativistas da Anistia Internacional na Polônia decidiu apostar quem escreveria o maior número de cartas pela libertação de pessoas presas injustamente em diversos países. A iniciativa durou 10 dias, gerou milhares de cartas, e essas cartas fizeram uma grande diferença ao pressionar as autoridades. Hoje, é o maior evento de direitos humanos do mundo.

Para Marinete Silva, mãe de Marielle, a luta de sua filha poderá inspirar outras pessoas.

"Marielle sempre liderou processos transformadores na escola, na igreja, nos projetos em que participou, sempre com o pensamento de ajudar o próximo, acreditando que a organização coletiva de base solidária poderia transformar o mundo. Ao fazer pelo outro ela se sentia bem", disse.




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