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Poluição do ar em Macaé (RJ) por ozônio preocupa especialistas

Macaenses respiram gás nocivo acima do recomendado pela OMS

Por Portal Eu, Rio! em 15/12/2021 às 08:30:36

Novas usinas termelétricas estão programadas pra Macaé(RJ). Foto: Flickr.

O Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) publicou nesta quarta-feira (15) a nota técnica “Qualidade do Ar em Macaé (RJ)” que revela que os habitantes do município respiraram ozônio em quantidade acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em um período de 88 dias em 2020.

A marca foi registrada pela estação Fazenda Severina que mede a qualidade do ar em Macaé, nas proximidades das duas usinas termelétricas que lá operam. A previsão é de expansão de termelétricas no município, o que pode aumentar em mais de oito vezes a capacidade atual de geração de energia elétrica local.

O resultado pode ser prejudicial à saúde. Os moradores e os visitantes da "Princesinha do Atlântico", internacionalmente conhecida como a “Capital do Petróleo”, podem sofrer ainda mais de doenças crônicas causadas pela inadequada qualidade do ar.

“É preciso atender aos dois objetivos ao mesmo tempo, proteger a saúde da população local e garantir a geração elétrica para o desenvolvimento socioeconômico do país”, ressalta David Tsai, coordenador de projetos do IEMA e um dos autores do estudo. O aumento projetado de termelétricas novas ou ligadas por mais tempo indica que algumas regiões serão particularmente mais impactadas. Como é o caso de Macaé, no Norte Fluminense.

De acordo com estudo Efeitos da poluição atmosférica sobre doenças respiratórias: uma revisão narrativa, de RM de Lima Júnior, a exposição ao ozônio tem sido associada a inflamação pulmonar crônica, bem como hiper-reatividade brônquica acentuada na asma. Ou seja, o gás aumenta a probabilidade do surgimento de doenças respiratórias graves.

A nota do instituto relata ainda que o excesso de ozônio na região consta em relatórios do órgão ambiental do Rio de Janeiro e nos estudos de impacto ambiental das novas instalações termelétricas previstas para o município. Ou seja, a questão da poluição do ar é um problema reconhecido pelo poder público local e pelo setor elétrico. Porém, mesmo assim, está prevista a expansão do polo de energia centrado na exploração do gás natural, gerando mais poluentes.

Alheios ao problema, as autoridades planejam a expansão do setor. Os novos parques termelétricos previstos para Macaé são quatro: Litos, São João Batista, Vale Azul e Nossa Senhora de Fátima. Além desses, estão previstas as expansões de um parque existente (Norte Fluminense), do Terminal Portuário de Macaé (Tepor) e de uma nova unidade de processamento de gás natural. Esses novos parques termelétricos aumentam em mais de oito vezes a capacidade atual de geração no município.

Ar poluído

O ozônio na baixa atmosfera é formado por reações químicas que ocorrem sob influência de elevadas temperaturas e níveis de radiação solar. Segundo dados do SEEG Municípios, as usinas termelétricas foram responsáveis por 41% das emissões totais desses compostos orgânicos voláteis no município no ano de 2018. Outras fontes poluidoras vêm do setor de transporte na região, com destaque para as emissões associadas a automóveis e motocicletas.

Com relação aos óxidos de nitrogênio, a maior parte das emissões, mais de 70%, são das usinas termelétricas. A queima de óleo diesel no transporte rodoviário, principalmente a partir de caminhões e ônibus, responde por 14%.

Há uma poluição sistemática local ocasionada pelo gás ozônio. A expansão do polo de energia de Macaé centrado na exploração do gás natural deve levar em conta as implicações para o agravamento da poluição do ar e seu impacto na saúde da população. Existem mais de dez projetos de usinas termelétricas com licença ambiental, além dos investimentos anunciados por grandes empresas petrolíferas para a região.

Fonte: IEMA

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