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Reconstrução mamária após mastectomia minimiza impacto físico e emocional de paciente

Especialista fala sobre os efeitos da reconstrução

Por Cristina Ramos em 24/10/2018 às 17:04:00

Foto: Pixabay

Quem já passou por um câncer de mama sabe como é difícil ter que lidar com algumas mudanças na aparência provocada pela doença, mas o cirurgião plástico Marcelo Moreira, médico do serviço de cirurgia plástica e microcirurgia do Instituto Nacional do Câncer (INCA) e membro da American Society of Plastic Surgeons aponta como a reconstrução mamária pode mudar isso.

Segundo Moreira, o câncer em si é uma doença grave, causadora de muitos desgastes físicos e emocionais aos pacientes, e as suas famílias. E o câncer de mama tem sido uma preocupação recorrente da maioria das mulheres, principalmente as brasileiras, que segundo dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer), “é o tumor maligno mais comum entre as mulheres, bem como o que mais acarreta a morte feminina em decorrência da doença no País. A estimativa de casos detectados, só em 2018, será de 59,7 mil e a doença responde por 29% dos novos casos a cada ano”.

As chances de cura do câncer, quando diagnosticado e tratado ainda em fase inicial, chegam a 95%, porém, nem sempre esse diagnóstico é feito a tempo, o que leva a realização da mastectomia.

“A cirurgia de remoção da mama para tratamento do câncer, por mais que seja necessária em muitos casos, pode acarretar numa ameaça à saúde não só física, mas psicológica da mulher. Portanto, a sua reconstrução é de suma importância para que a paciente recupere a autoestima, auxiliando, assim, no tratamento e no restabelecimento do convívio social”, explica o Dr Marcelo Moreira.

De acordo com o especialista, existem diversas técnicas para fazer a reconstrução da mama. “Desde as mais simples com próteses expansoras passando por retalhos nas costas até reconstruções mais complexas, onde se usa a pele e a gordura do abdômen sem destruir nenhum músculo e sem utilizar material estranho ao corpo - como implantes mamários - criando um novo seio o mais próximo possível do natural", esclarece o médico.

A Profª Drª da UNI Rio, Cláudia Fernandes, fez reconstrução mamária após se submeter à mastectomia ocasionada por um câncer de mama. A professora ressalta que “a primeira coisa importante é dizer que se a possibilidade de cura é a mastectomia total, que é tirar tudo, é o que deve ser feito. Antes de tudo é a nossa vida. A reconstrução mamária é importante, resgata um pouco da feminilidade que a mama traz para a mulher, é um órgão de sedução, é bonito. Para a questão psicológica da mulher, a reconstrução é fundamental e há várias formas de se fazer. Na primeira cirurgia eu usei um expansor para garantir o espaço entre o músculo e o osso. Fiquei com ele durante oito meses. Depois eu fiz uma segunda cirurgia, que foi retirar o expansor e colocar o silicone, que não é colocado logo de início, porque pode dar algum problema e eu ainda ia fazer quimioterapia. Agora ainda vou fazer a terceira cirurgia, que é a reconstrução da aréola e dos mamilos.  Há mulheres que fazem essa terceira fase com tatuagem de henna. Eu pretendo fazer com o cirurgião plástico que já me atendeu desde o início. É uma cirurgia delicada, mas relativamente simples e necessária para a questão psicológica”, finaliza Cláudia.

Dr. Marcelo salienta, que a técnica de reconstrução mamária mais indicada para cada caso deve ser avaliada individualmente, considerando-se todas as peculiaridades de cada paciente. E pode ser feita tardia ou imediatamente.

“A reconstrução imediata ocorre na mesma cirurgia de mastectomia, evitando outro tempo cirúrgico e enfrentando apenas um período de recuperação. Já a reconstrução tardia, geralmente é indicada para pacientes que não apresentam condições clínicas para realizar os dois procedimentos no mesmo momento - quando a paciente tem um tumor mais avançado, optando, então, por uma cirurgia reparadora posterior”, relata o médico.

É lei

Tanto as pacientes atendidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde), quanto as que possuem plano de saúde, têm direito assegurado em lei, para realizar a reconstrução mamária. Segundo a lei 12.802/13, o SUS deve realizar a cirurgia reconstrutiva utilizando-se de todos os meios e técnicas necessárias para tal.

Já o artigo 10-A da lei 9.656/98, que dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde afirma, que as conveniadas que vierem a sofrer mutilação, decorrente de utilização de técnica de tratamento de câncer, devem ter coberta a reconstrução com a utilização de todos os meios e técnicas necessários.

 “Os resultados finais da reconstrução pós-mastectomia podem ajudar a minimizar o impacto físico e emocional da paciente. Com o tempo, as cicatrizes tendem a ficar mais suaves e certa sensibilidade da mama pode voltar. Há algumas limitações, mas a maioria das mulheres acha que são pequenas em comparação à melhoria em sua qualidade de vida. Monitoração cuidadosa da saúde da mama através do autoexame, mamografia e demais técnicas de diagnóstico, são essenciais para uma saúde a longo prazo”, complementa Dr Moreira.

A atriz Angelina Jolie com histórico familiar de câncer e 87% de chances de desenvolver o de mama, optou por fazer a retirada preventiva dos seios em 2013. Ela declarou ao Jornal New York Times, que a decisão de fazer a dupla mastectomia não foi fácil, mas as chances de desenvolver um câncer de mama caiu de 87% para menos de 5%.

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