Uma das maiores revelações da Beija-Flor de Nilópolis, o intérprete Gilson Conceição Junior, o Bakaninha, faleceu na madrugada desta sexta-feira (28), em um acidente de carro, voltando do ensaio na quadra da azul-e-branco. O músico perdeu o controle do veículo e colidiu em um muro, na Estrada Dr. Rufino Gonçalves Ferreira, em Nilópolis, na Baixada Fluminense. Filho de Gilson Bacana, o jovem era considerado por Neguinho da Beija-Flor o seu sucessor no carro de som da escola de samba. O artista completaria 31 anos hoje, dia 28 de janeiro.
Desde 2009, Bakaninha integrava o time de cantores de apoio que dava suporte a Neguinho na Sapucaí – como segundo cantor, era dele a voz que conduzia os ensaios nas eventuais ausências do titular. “Infelizmente, acordei hoje com esta triste notícia da morte brutal do Bakaninha, a quem considero meu sucessor, praticamente um filho!! Meu coração está em prantos!! Descanse em paz e que você esteja nos braços do Senhor”, publicou Neguinho da Beija-Flor nas redes sociais.
A Beija-Flor decretou luto pelo falecimento do cantor. “De luto, a Beija-Flor presta sua última homenagem a Bakaninha reconhecendo mais uma vez, como fez Neguinho, as qualidades de Bakaninha e a legitimidade do amor e da entrega dele à escola em que se formou enquanto artista e cidadão de Nilópolis. A agremiação está solidária à família e aos amigos de Bakaninha e, assim que possível, divulgará informações sobre o funeral e demais desdobramentos dessa dura despedida. Vai com Deus, Bakaninha! A Beija-Flor ouvirá sua voz para sempre”, informa trecho da nota divulgada pela escola.
André Albuquerque, do site "Galeria do Samba", também não tem dúvida sobre o que o futuro reservava ao artista.
"O Bakaninha, pelo fato de ter crescido e se formado como cantor, e ter estado na escola desde muito pequeno, se tornou uma presença importante no carro de som da escola, e inegavelmente era o principal candidato a assumir o posto do Neguinho quando este se aposentar", lembra ele.
"Ele inclusive já se portava assim, comandando o carro de som na ausência eventual do Neguinho. Fará grande falta para a escola e para a comunidade de Nilópolis que também já o considerava como futuro intérprete principal da escola", acrescenta.
O Bakaninha, pelo fato de ter crescido e se formado como cantor, e ter estado na escola desde muito pequeno, se tornou uma presença importante no carro de som da escola, e inegavelmente era o principal candidato a assumir o posto do Neguinho quando este se aposentar. Ele inclusive já se portava assim, comandando o carro de som na ausência eventual do Neguinho. Fará grande falta para a escola e para a comunidade de Nilópolis que também já o considerava como futuro cantor da escola, capaz de substituir Neguinho quando for preciso.
Apaixonado pela Beija-Flor, Bakaninha estava na escola desde os cinco anos de idade. O cantor, sempre muito querido pelos sambistas de outras agremiações, exaltava sempre o profundo respeito por Neguinho da Beija-Flor. Dentro da azul-e-branco, o jovem conquistava cada vez mais espaço para um dia um dia assumir o posto de intérprete principal da escola de samba.
“O Bakaninha é meu sucessor. Um dia, vou ter que parar. É nascido e criado na Beija-Flor. É dedicado, tem bom comportamento, não bebe, não fuma, é respeitador. Tem outros cantores, mas ele é o que acho que tem todos os predicados para, um dia, me substituir”, disse Neguinho da Beija-Flor em certa ocasião.
Na opinião do jornalista Aydano André Motta que se disse "muito triste" com a notícia, destacou as qualidades profissionais e não menos pessoais do candidato a titular nos desfiles da agremiação da Baixada. "Era um cantor com a marca da alegria, craque nos cacos, que conduzia o samba respeitando o estilo da Beija-Flor. Entendia a comunidade de Nilópolis, porque fazia parte dela. Muito triste com esse acidente, uma tragédia pra Beija-Flor e pro carnaval. O Bakaninha era um menino ainda e chamou a atenção do Neguinho pelo talento, que rapidamente entendeu que tinha ali um sucessor", lamenta.
"Ele e a escola viam no Bakaninha a repetição da história - um cantor da comunidade, que nunca iria pra outra. É uma perda imensa, uma tragédia por ser um artista que brilharia num futuro breve, além de ser uma pessoa ótima, sempre alegre, simpático e hospitaleiro", conclui.
Em fevereiro de 2019, no ensaio técnico da Beija-Flor no Sambódromo, Neguinho não pôde comparecer e Bakaninha assumiu a responsabilidade de substituir uma das lendas do carnaval brasileiro, e fez seu papel com brilhantismo. Bastante identificado com a agremiação, Bakaninha não conteve a emoção e foi às lágrimas ao fim do ensaio, orgulhoso da primeira vez que defendeu a Beija-Flor como principal voz na Sapucaí.
“Foi uma emoção muito grande o que vivi hoje. Estar no carro de som do maior intérprete do carnaval de todos os tempos, que é meu padrinho Neguinho da Beija-Flor, pra mim, é uma grande honra. É ele que me dá sempre os conselhos. Hoje estou sem palavras pelo momento vivido. O canto da comunidade representa tudo desse ensaio. A escola fez o que era pra ser feito: cantar com o coração”, comentou Bakaninha.