A Argentina tem sido o destino de muitos brasileiros, principalmente nos últimos dois anos, com a expressiva desvalorização do peso, moeda local. Nos primeiros meses de 2018 o total de turistas brasileiros alcançou mais de meio milhão de pessoas, quase 7% a mais que o mesmo período de 2017. E somente ano passado foram 1.264.304 milhão de pessoas visitando os hermanos, mais de 15% a mais que 2016. A tendência é aumentar, tendo em vista que o peso desvalorizou em 100% nos últimos 12 meses. O que pode atrair por um lado, tende a tapear o turista por outro. Apesar dos hotéis e passagens estarem com preços acessíveis, mais até que viajar para o Nordeste brasileiro, os preços de passeios, presentes e comida não acompanharam o ritmo, pelo contrário, parece que aumentaram.
Viajei com o marido como uma segunda lua de mel, aproveitando as férias dele. Foram cinco dias em Buenos Aires. Ficamos no tradicional bairro da Recoleta, justamente aproveitando uma promoção de um dos hotéis.
No Aeroporto de Ezeiza existe uma unidade do Banco de La Nación, bem escondido até, e foi onde nos disseram para trocar reais por pesos porque o câmbio lá seria melhor. Realmente, no dia que chegamos o real valia 8,7 pesos. Fomos com uma grana boa para gastar e achamos até que estávamos exagerando, principalmente porque o que vemos aqui é que a moeda local está desvalorizada e tudo está barato e etc.
Já de cara pagamos quase 800 pesos(para duas pessoas) entre o onibus do aeroporto até uma parada central e o táxi até o hotel.
Saímos para comer alguma coisa porque estávamos com muita fome e aí que vem: você acha que vai encontrar megapromoções, lanches super em conta. Fazendo a conversão dá o mesmo valor que você paga aqui no Rio de Janeiro. Leve decepção.
Uma água mineral custa entre 40 e 80 pesos, dependendo do local que você compre. Comida, começa com 200 pesos, no mínimo.
Passeios pagos podem ser uma boa ideia se você não quer perder tempo conhecendo cada cantinho ou não tenha tanto tempo para passar na cidade. O metrô é barato, assim como o ônibus, mas você precisa comprar o "Sube" o Riocard deles, pois, ao contrário dos ônibus daqui, eles não aceitam dinheiro em hipótese alguma. Já os táxis realmente são mais baratos que aqui no Rio, uma viagem um pouco mais longa dá no máximo 150 pesos e convertendo sai bem em conta. O Buenos Aires Bus deles tem uma linha bem grande, dá pra conhecer bastante a cidade, mas o preço é salgado: 950 pesos por pessoa por 24 h.
Usamos por um dia, mas preferimos o táxi depois porque tínhamos locais específicos para ir e tivemos o azar de chover em alguns dias e lugares ao ar livre não ficavam tão convidativos.
Mas tivemos boa impressão da cidade, muito bem cuidada, limpa, com uma arquitetura bem diferente do que estamos acostumados no Rio. Lembrava muito em alguns pontos, as cidades europeias, como Londres e Lisboa.
Agora, um grande parêntese para o trânsito de Buenos Aires. Nunca, mas nunca mais na sua vida você poderá reclamar do trânsito do Rio de Janeiro depois de visitar a cidade argentina. Caos é pouco para definir. Os semáforos existem acredito que por mera formalidade, uma vez que ninguém respeita direito. Mas se os carros param, as bicicletas também param, milagres existem. Os carros cortam pela direita, pela esquerda, pelo lado que der e isso me parece ser normal por lá.
Conhecemos lugares importantes como o bairro da Boca, famosa por abrigar o Estádio La Bombonera, que chega a destoar do restante do bairro. Um estádio monumental num bairro conhecido por ser mais humilde.
Agora uma dica de quem gosta de lugares exóticos e incríveis. No meio da cidade,entre a Praça de Maio e a Recoleta existe um prédio comercial que abriga uma história bem inusitada. Trata-se do Palácio Barolo, construído entre 1919 e 1923 o prédio é totalmente inspirado no livro A Divina Comédia, de Dante Alighieri. Inclusive foi construído para ser o local final das cinzas do autor, mas isso nunca ocorreu. O prédio tem 100 m de altura e é possível chegar até o farol do mesmo, numa vista incrível e que pode dar vertigem em muita gente. A visita guiada (e só é possível visitar os andares mais altos dessa forma) custa 398 pesos. Vale muito a pena. Foi talvez o passeio que mais gostamos.
Não há como ir em Buenos Aires e não desfrutar de um bom bife de chorizo e um tango. O bom é que com várias agências lá mesmo dá pra fazer isso. Encontramos um brasileiro que trabalha numa dessas agências e nos vendeu a 1400(por pessoa) pesos o tango show, o jantar e o traslado. Para o que nos foi apresentado, foi um valor bem razoável e valeu a pena. Música ao vivo, jantar com entrada, prato principal e sobremesa e bebida inclusa, ótimo show de dança, uma noite memorável.
Vale a pena também conhecer o Museu Nacional de Belas Artes, que conta com Monet, Van Gogh e Rodin! A Casa Rosada é outra boa pedida e o melhor, de graça. O inconveniente é ter que agendar com antecedência.
Outro passeio praticamente obrigatório para quem visita a cidade é o bairro de San Telmo. Ali, todos os domingos tem uma feira enorme, praticamente todas as ruas do bairro ficam cercadas de barraquinhas, bem na praça Dorrego fica a feira de Antiguidades e é bem legal. Mas, numa esquina, como quem não quer nada, você se depara com um banquinho com a doce e às vezes ácida Mafalda. Haja fila para tirar uma foto!
Dependendo do período que você for, você pode sentir muito frio, então uma boa dica é levar um bom casaco, ou você terá que desembolsar uma grana como eu tive que fazer. Minhas finanças não estavam contando com isso.
Finalizando este relato, não vá para a Argentina achando que vai pagar de patrão porque não vai. O dinheiro que levamos deu certinho também porque pagamos muita coisa em cartão, senão teríamos ficado em apuros. Vá com uma boa reserva em dinheiro e imagine que está no Rio de Janeiro em termos econômicos. Está barato ir para lá, não gastar. Fora isso, o passeio vale demais, a cidade é linda e por incrível que pareça os argentinos são bem receptivos com brasileiros. Boa viagem!