Uma multidão tomou conta na manhã deste domingo (28/10) de vias públicas no entorno do Congresso Nacional da Argentina, em Buenos Aires, por conta da caminhada Peace Road 2018, que aconteceu em mais de 120 países. Em meio os manifestantes, estava Humberto Benedetto, que representa o parlamento argentino no Mercosul. Enquato marchava e pedia entendimento entre as nações, Benedetto comentou a conjuntura política no Brasil e a eleição presidencial entre o candidato do PSL, Jair Messias Bolsonaro, e o candidato petista, Fernando Haddad.
“Quero mandar uma mensagem ao Brasil neste dia histórico. Mesmo nas piores diferenças se pode encontrar pontos de encontro. Mesmo nas maiores guerras se pode encontrar pontos de paz. E há uma coisa que é importante ter em conta. A paz não se faz com o amigo, se faz com o inimigo. E é necessário, então, que ambos os lados, uma vez concluída a eleição, em que a população determinará quem governará no próximo ano, o Brasil deve necessitar da concordia da oposição e o respeito às minorias, para que o Brasil possa continuar seguindo neste caminho democrático que queremos para o país e toda a América Latina”, comentou o parlamentar.
Benedetto analisa que a Política no Brasil, numa visão mais ampla, ainda não conseguiu atingir uma coerência nas propostas favoráveis ao povo. “Venho observando há alguns meses que a esquerda latinoamericana não entende a virada da direita, na América Latina, que tem causa na corrupção que envolveu seu próprio governo. Por outro lado, a direita entende que a mudança foi em função da pobreza que os governos antecessores deixaram. Sempre digo que o primeiro que se der conta desta conjuntura vai permanecer no poder por muito tempo. Se a direita trabalhar com os valores da democracia e combatendo a pobreza; a esquerda que diz combater a pobreza, se livrar da corrupção, tampouco teria problema para se manter no poder. Mas isso isto não aconteceu. Esperamos que aconteça [com o novo presidente]”, analisa.
Para o político, apesar do acirramento no ambiente interno no Brasil, a tendência é em um período de tempo os ânimos voltarem à normalidade, sem grandes consequências econômicas para o país e sem afetar, também, as suas relações internacionais, independente de quem o povo brasileiro escolher como novo presidente.
“Se dizia que se o Trump [Donald Trump, presidente dos EUA] ganhasse, o mundo cairia. E a verdade é que o mundo não caiu. Trump modificou acordos econômicos.. Quer dizer, tudo na democracia acaba se moderando. Não vejo que seja um feito [a eleição presidencial no Brasil] tão histórico. Vai ganhar uma pessoa que determinou valores, mas que são produtos da política de tantos anos no Brasil e em diversos lugares na América Latina. Mas, não creio que vá mudar a história do mundo e que mude a história do Brasil. Vai ocorrer que, dentro de um ano, um ano e meio, Bolsonaro não será visto como tão manipulador, como se diz agora[pela esquerda], e nem Haddad tão ignorante, como diz [a direita]”, avalia ele.
Na sua previsão quanto às relações comerciais futuras envolvendo o Brasil e o Mercsul, Benedetto considera que com Haddad eleito, as negociações não sofreriam mudanças. No entanto, se Bolsonaro for o próximo presidente do país, poder haver um grande avanço no desempenho brasileiro no bloco, em função do plano econômico proposto pela sua equipe econômica.
“A América Latina governada por cinco governos progressistas, o intercâmbio comercial do Mercosul alcançou os limites mais baixos de toda a sua história. E quando assume um governo de centro-direita, ou chamados democráticos, ocorre que, com isso, cresce o comércio no Mercosul. Michel Temer [atual presidente do Brasil], Macri [Maurício Macri, presidente argentino], Márquez [Iván Márquez, presidente colombiano], com eles houve crescimento e recuperação. E me parece que, com Bolsonaro, vamos recuperar mais ainda, especialmente pelo ministro da Economia que ele escolheu para acompanhá-lo no seu governo”, frisa o parlamentar.
Benedetto, em sua entrevista ao Portal Eu Rio!, finalizou a sua análise do momento político-histórico dizendo que a democracia deve ser uma meta buscada pelo povo, mas de forma pacífica e repudiou qualquer ato de violência, nas eleições ou fora delas.