A exposição "Antônio Dias - O ilusionista", uma homenagem ao grande artista Antônio Dias falecido em agosto aos 74 anos, com curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, foi prorrogada até o próximo dia 6 de janeiro de 2019. Ela presta uma homenagem ao grande artista reunindo cerca de 60 trabalhos pertencentes aos acervos do Museu - a coleção própria e a de Gilberto Chateaubriand, em comodato na instituição desde 1993.
O público poderá ver o percurso do artista nas décadas de 1960, 70 e 80, em trabalhos feitos em diversos suportes e materiais. Completa a exposição um retrato do artista feito por Ivan Cardoso (1952). Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes assinalam que desde o início de sua trajetória, Antonio Dias "encontrou no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro uma instituição sintonizada com as questões que contribuíram de modo decisivo para a renovação da produção artística brasileira". "Definitivamente não é possível contar nossa história sem falar de Antonio Dias, assim como nossas coleções não teriam a mesma força sem as quase 60 obras do artista que delas fazem parte e que agora podem ser vistas pelo público do Museu", afirmam.
Nascido em Campina Grande, na Paraíba, Antônio Dias mudou-se para o Rio de Janeiro em 1958, aos 14 anos de idade. No Rio, trabalhou como desenhista, ilustrador e artista gráfico, e frequentou as aulas de Oswaldo Goeldi (1895-1961) no Atelier Livre de Gravura da Escola Nacional de Belas Artes - período em que conheceu artistas ligados ao neoconcretismo carioca, com os quais estabeleceu contato.
Reconhecimento no Brasil e no exterior
A participação de Antônio dias em exposições como "Opinião 65" e "Propostas 65" ? que reuniram em 1965 no MAM Rio e na FAAP, em São Paulo, artistas brasileiros como de outros países; e a Bienal de Paris, em 1969, que despontou com destaque o jovem Dias, tanto nacional quanto internacionalmente. Os jovens integrantes dessas mostras tinham em comum o desejo de ultrapassar as poéticas abstrato-concretas em nome da aproximação da realidade social e política dos anos 1960. Tal tendência já estava em curso desde o final da década de 1950 quando ocorreu a reorientação mundial do foco nas sintaxes formais do abstracionismo, para as possibilidades semânticas sinalizadas pela volta a uma nova figuração. Nessas seis décadas de intensa atividade produtiva, em que viveu em Paris, Milão, Berlim, Colônia e no Rio de Janeiro, Antônio tornou-se uma referência inequívoca da arte contemporânea brasileira e internacional.
Dias nunca parou de produzir ativa e renovadoramente uma obra cujo valor e importância podem ser resumidos com base neste escrito de Giulio Argan: "uma obra é vista como obra de arte quando tem importância na história da arte e contribuiu para a formação e desenvolvimento de uma cultura artística. Enfim: o juízo que reconhece a qualidade artística de uma obra, dela também reconhece a historicidade".