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MAM prorroga exposição de Oiticica Filho até janeiro

Por Cristina Ramos em 29/10/2018 às 10:59:08

Foto: Divulgação

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro prorroga a exposição “Metaimagens de Cesar Oiticica Filho até 27 de janeiro de 2019. Inaugurada desde dia 1º de setembro, a exposição com aproximadamente 15 trabalhos inéditos do artista, faz desdobramento de sua investigação poética sobre o fim da fotografia na era digital.

Nesta mostra, o artista associa a destruição parcial de seu trabalho e equipamento em 2009 ? ocorrida no incêndio do Projeto Hélio Oiticica, de que é curador ? à substituição da imagem fotográfica pela digital, abordada nos diferentes núcleos que formam a exposição.

O artista, cineasta e fotógrafo mostra uma série de vídeos, fotografias, videoinstalações, realidade virtual e obras interativas como desdobramento de sua pesquisa sobre o fim da fotografia na era digital.

“Há dez anos eu já estava discutindo o fim da fotografia e com o incêndio, objetiva e literalmente, isso ocorreu”, comenta o artista. As fotos “derretidas” viraram “outra coisa”. A exposição traz outra reflexão, a de que a digitalização da fotografia cria sua transformação em “imagem”, “manipulada e banal, onde perde a credibilidade”.

Em trabalhos anteriores, Cesar Oiticica Filho havia experimentado a mídia fotográfica colorida “até o esgotamento das possibilidades e do material, cortando a emulsão com a luz, usando feixes de luz muito fortes como laser e lanternas de alta potência direto no papel fotográfico”.

Nesses novos trabalhos, o artista articula – a partir da destruição pelo fogo do seu próprio trabalho e equipamento – a transformação da fotografia em imagem digital e os desdobramentos desse meio em pintura, cinema, realidade virtual e objetos, onde ganha materialidade.

“Essa vocação transmidiática do artista permitiu o atravessamento generalizado dos diversos campos em que a produção visual era segmentada em áreas autônomas (como vídeo, fotografia, filme, publicações e pinturas)”, acentua o curador Fernando Cocchiarale.

A obra central da exposição, “Núcleo Metaimagético” (2018), é uma grande instalação composta por uma série de lâmpadas cercadas por dezenas de imagens dos negativos e cópias danificadas pelo fogo, “formando em torno da luz um núcleo que representa o final da imagem fotográfica e o início de uma série de possibilidades, mostradas nas demais obras da exposição”, comenta o artista.

Outro grupo de trabalhos é o constituído pela série “Metaimagem” (2018), com quatro impressões em tela das fotos danificadas pelo incêndio, que ganham intervenções de pintura sobre as partes derretidas e têm dimensões de 82cm x 51,5cm cada uma.

TRILOGIA “BRASIL 2016”

Na parte direita do foyer, que dá para o Pão de Açúcar, o público verá a trilogia “Brasil 2016” (2016), um conjunto de três jarros de vidro, os trans objetos, com aproximadamente 20cm de diâmetro e 30cm de altura cada um, em que o artista discute as questões do país de forma poética. “Talvez sejam as obras de significado mais óbvio na exposição”, observa ele. O primeiro contém uma porção de grãos de feijão contornada por grãos de arroz. O segundo traz uma vela de gel acesa sobre água, e o terceiro dois óleos de diferentes densidades e cores, de soja e de dendê, disputam o espaço.

Na parede do fundo do foyer, serão projetadas as obras mais próximas do cinema, animação e vídeo, como o filme performance “É Tudo Verdade” (2003), originalmente em Super 8 depois transferido para digital, “Para os seus olhos somente” (2018, com duração de 8 minutos) e “A Dança da Luz” (2003), um filme in progress, feito a partir da primeira versão da obra “Caixa de Dança”, apresentada na exposição individual "A Dança da Luz", no Museu Nacional de Belas Artes, em 2003.

Realidade virtual

Explorando a técnica da realidade virtual, “que coloca a pessoa dentro da imagem”, Cesar Oiticica Filho propõe em “Rolezinho” (2017), filme 360º, com smartphone, óculos de realidade virtual e headphones, um “delírio deambulatório” como os de Hélio Oiticica (1937-1980), em um alucinante deslocamento por skate pelas ruas de Nova York.

No final do percurso expositivo, o artista propõe o visitante a “parar, fechar os olhos e se deitar para se voltar ao corpo, ao aqui e agora, despertando outros sentidos adormecidos pela enxurrada de imagens recebidas”. Isto poderá ser feito na instalação sensorial “SolAr” (2018), em que uma lâmpada de luz forte age simultaneamente a um ventilador, de modo a ativar a sensação de frio/calor, como um “antídoto para não ser engolido pela ditadura da imagem, que nos chegam em grande volume diariamente”.

Cinemateca do MAM

Na Cinemateca do MAM será apresentado ao longo da exposição o filme “Hélio Oiticica” (2012) com tempo de duração de 94 minutos, dirigido e produzido por Cesar Oiticica Filho, premiado no Festival de Berlim em 2013 pela Fédération Internationale de la Presse Cinématographique (FIPRESCI), e pelo Caligari (pela inovação da linguagem cinematográfica), sendo o primeiro brasileiro a receber esta premiação. Ainda em 2013, o filme recebeu o Prêmio Especial do Júri no Festival do Livro e do filme de Arte em Perpignam, França.

Exposição “Cesar Oiticica Filho – Metaimagens”

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro

De terça a sexta, das 12h às 18h.

Sábado, domingo e feriado, das 11h às 18h.

Ingresso: R$14,00

Estudantes maiores de 12 anos: R$7,00

Maiores de 60 anos: R$7,00

Amigos do MAM e crianças até 12 anos: entrada gratuita

Quartas-feiras a partir das 12h: entrada gratuita

Domingos ingresso família, para até 5 pessoas: R$14,00 Endereço: Av. Infante Dom Henrique, 85

Parque do Flamengo – Rio de Janeiro – RJ 20021-140

Telefone: 21. 3883.5600 www.mamrio.org.br

Realização: Ministério da Cultura/Lei de Incentivo à Cultura / Governo Federal – Ordem e Progresso e Mantenedores do MAM Rio: Petrobras, Rede D´Or São Luiz e Organização Techint

 Até 27 de janeiro de 2019 

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