Documento de maio de 2018 confirma negociação para o Rio receber Fórmula Indy

Após o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, anunciar na quarta-feira (7) sobre a cidade receber uma etapa da Fórmula Indy em 2020, o presidente de competição e operações da categoria, Jay Frye, e o CEO e presidente da Hulman & Company (proprietária da IndyCar) negaram à imprensa estrangeira que exista algo concreto a respeito. Porém em contato feito pelo "Portal Eu, Rio!", o representante do Image Group, responsável pelos direitos da Indy no Brasil, Carlos Gancia, confirmou que existe uma negociação para trazer a categoria à Cidade Maravilhosa.

Embora admita que não tenha nenhum contrato assinado e reconheça que há "um longo caminho pela frente", Gancia afirmou que se até o prazo estipulado para a assinatura do contrato - 19 de junho de 2019 - todas as exigências forem cumpridas, é possível a realização da corrida em 2020. Apesar do tempo ser de aproximadamente seis meses, o representante da Indy no Brasil relembrou que o prazo para a organização da prova em São Paulo, em 2011, foi menor e ainda assim a etapa foi realizada.

"Nós estamos lutando contra o tempo e temos que correr para que tudo aconteça até o início de junho, já que o calendário do campeonato é anunciado no mês de agosto. Quando a corrida de São Paulo foi realizada, em 2011, o tempo foi mais curto, pois fechamos na última quinta-feira de novembro e a prova foi realizada no meio de março. Portanto, se há uma boa vontade, então haverá uma maneira. É claro que o promotor da prova precisa demonstrar que é possível a realização, além de algumas intervenções que a prefeitura precisa fazer no Sambódromo e do apoio dos Bombeiros e da Polícia Militar na parte da segurança pública. Mas isso é algo que outros eventos também precisam", afirmou Gancia.

Erro de tradução motivou mal-entendido

Quando questionado sobre o anúncio feito por Crivella no Twitter, Carlo Gancia defendeu o prefeito dizendo que em nenhum momento o chefe do executivo municipal se apressou. Ele ainda afirmou que, por um lado, a publicação pode até dar visibilidade ao promotor para conseguir patrocínio que ajude na realização do evento. Ele aproveitou para esclarecer o mal-entendido dizendo que as palavras de Crivella foram erroneamente traduzidas na imprensa estrangeira e que isso pode ter causado a confusão sobre a reunião entre o prefeito e os representante da Indy.

"O prefeito em nenhum momento falou que estava algo assinado nem deu a entender isso. Obviamente, usamos algumas expressões em português que em outras línguas querem dizer coisas totalmente diferentes, principalmente do ponto de vista legal. Mas não achei que ele se antecipou. Ele simplesmente gostou da ideia e isso foi o que moveu a publicação dele. Estamos todos tranquilos nesse sentido", falou o representante.

Documento confirma negociação para a corrida

O "Portal Eu, Rio!" obteve com exclusividade um documento de 14 de maio desse ano onde o Image Group autoriza a empresa LBZ Consultoria e Assessoria Empresarial Ltda. a realizar uma "prospecção de mercado" para a que a corrida aconteça. Caso seja possível a realização da prova, o contrato terá duração de quatro anos. Apesar do documento ser de maio, Gancia falou que o trabalho só começou depois das eleições, mas que foi possível avançar em "grande velocidade"

"Nós pedimos para a empresa esperar o fim das eleições para não "queimar cartucho". Depois do fim do período eleitoral, já nos reunimos com as autoridades competentes tanto da cidade como do estado. Estamos nos mexendo e eles (LBZ) estão se mexendo mais ainda, porque no fundo a "pressão" está em cima deles e nós somos um dos que estamos "pressionando" no bom sentido (risos). Precisamos de determinadas coisas e em determinados prazos e não queremos deixar isso morrer, pois podemos tomar outros caminhos. Mas até o momento eles se mostraram muito confiáveis, estamos felizes com o que fizeram e como estão se mexendo. Portanto, vamos seguir em frente", afirmou em tom de esperança.

Segurança na área do Sambódromo

Em relação ao policiamento, o Porta-Voz da Polícia Militar, Major Ivan Blaz, também falou ao "Portal Eu, Rio!" sobre uma possível estratégia de segurança no local. Apesar de não ter como traçar um plano hoje pelo fato da prova estar "em uma agenda de possibilidade",  o policial demonstrou confiança na execução de uma estratégia bem sucedida devido ao fato da região ser bem conhecida pela corporação e já ter um histórico no patrulhamento da área em grandes eventos, como o carnaval.

"Não podemos esquecer nosso passado histórico de grandes eventos sendo realizados tanto no Centro do Rio como na Marques de Sapucaí. Nunca tivemos um problema grave de segurança e sempre há um reforço no patrulhamento daquela área. A segurança precisa abrir caminho para que esses eventos sejam realizados. Então eu acredito que até lá consigamos traçar um planejamento para isso", falou Blaz.

Ele reconhece que a mudança na estratégia de segurança no patrulhamento em algumas comunidades próximas, como o fim da UPP no Complexo do São Carlos (que englobava Fallet e Coroa, favelas próximas ao Sambódromo) pode mudar a forma de planejamento para a segurança. E quando questionado sobre um possível apoio das Forças Armadas, o porta-voz disse que não pode responder sobre isso pelo fato que essa decisão competente ao novo governador, Wilson Witzel, mas finalizou dizendo acreditar que a PM tenha êxito no policiamento da área.

Em nota, Prefeitura reafirma confiança na corrida em 2020

Através de nota oficial, a Prefeitura do Rio afirmou que Crivella "assegurou na reunião o comprometimento da prefeitura em criar todas as condições operacionais, logísticas e legais para o Rio voltar a sediar uma etapa da competição. E reafirma o seu otimismo com a volta, 20 anos depois, da Indy à cidade". A publicação também falou que Leonardo Benzecry, sócio-administrador da LBZ, afirmou que "os entendimentos estão em fase inicial, mas os representantes da Indy no Brasil também demonstram otimismo com as chances de o Rio voltar a sediar o evento".