Cerca de 90% dos adolescentes sofre com cravos e espinhas e uma das formas de prevenção é conhecer o seu tipo de pele – oleosa, seca ou mista.
A aparência da pele, principalmente na adolescência, é motivo de preocupação entre os jovens. A acne influencia na autoestima e na confiança. Essa fase da puberdade é delicada e acompanha muitas mudanças na estética. A acne pode deixar cicatrizes na pele e até mesmo afetar o convívio social. Brincadeiras de mau gosto entre os colegas podem gerar sequelas psicossociais.
A dermatologista Carla Cruz, especialista em dermopediatria, explica que diversos fatores podem causar acne: alterações hormonais na adolescência, tendências individuais, o clima e até mesmo ansiedade antes de eventos importantes. “A acne é uma condição cutânea que nos adolescentes é comum entre os 14 até os 16 anos, e se apresenta de várias formas (comedões fechados e abertos, pápulas, pústulas e cicatrizes – popularmente conhecidos como cravos e espinhas).
As acnes resultam de um aumento da produção sebácea, da obstrução dos poros da pele, da proliferação de microrganismos (bactérias responsáveis pela inflamação) - que liberam toxinas e atuam no poro da pele formando as espinhas. Se houver influência genética, os casos se tornam mais graves, conta a dermatologista:
“A acne possui graus diferentes: leve (predominam os cravos), moderado (há mais espinhas), intenso (há cistos e nódulos inflamados) e grave (lesões altamente inflamatórias). Segundo a médica, é importante diferenciar cravos e espinhas. “O cravo é uma lesão inicial do processo de acne; um entupimento de uma glândula sebácea e não há presença de bactérias. Numa pele com poros abertos e dilatados, o sebo ao entrar em contato com ar, oxida e aparece como um pontinho preto. Já a espinha é uma inflamação que surge após um aumento na quantidade de sebo, que se mistura ao pus (que resulta da digestão dos microorganismos). Por esse motivo a pele fica avermelhada e dolorida”, completa Carla.
A dermatologista alerta que não se deve espremer cravos e espinhas em casa, é recomendado ir a um consultório e fazer a limpeza com um profissional especializado. “Apertar uma região inflamada sem tomar as devidas cautelas pode ser perigoso, pois pode propagar as bactérias para uma área maior. Os microorganismos das mãos e unhas podem contaminar a pele e o sangue, caso haja rompimento de vaso”.
O melhor tipo de limpeza a se fazer é aquela em que há a remoção manual dos cravos. “Limpezas feitas com vaporizadores e sugadores auxiliam na abertura dos poros, porém não eliminam os pontos pretos. Para reduzir a oleosidade uma das melhores soluções é lavar o rosto com um sabonete específico para seu tipo de pele e o uso de esfoliantes”, conclui a médica.
Dicas para manter uma pele saudável
1.Em primeiro lugar é necessária uma boa higienização. Para isso, explica a médica, lave regularmente o rosto com sabonetes específicos para o seu tipo de pele - mas não lave o rosto em excesso, no máximo três vezes ao dia, porque quando se retira em excesso a oleosidade, ela pode ter um efeito rebote e aumentar a produção de sebo, contribuindo para o aumento dos cravos.
2. Após a higienização, aplique tônicos faciais adstringentes que controlam a oleosidade da pele e regulam o pH. A pele oleosa tem o pH mais alcalino, o que facilita a proliferação de microorganismos. A função do tônico é regular este pH.
3. Não esprema cravos e espinhas: ao espremer a lesão pode agravar a proliferação de bactérias, devido a contaminação e infecção da pele, podendo manchar e deixar marcas profundas e irreversíveis. Procure um profissional da área de estética e realize Limpeza de Pele regularmente.
4. Use filtro solar FPS 30 ou acima: dependendo do seu fototipo de pele - utilizar filtros solares menos oleosos e indicados para a face. Existem hoje no mercado protetores solares com loções secativas (ativos que controlam a oleosidade da pele). É importante fazer uso do protetor solar logo após o processo de higienização e tonificação, para evitar que a exposição solar manche a pele devido as lesões da acne.
5. Hidrate a pele: a pele oleosa tem maior produção de sebo, por isso, é importante a hidratação da pele diariamente com cosméticos indicados para a pele oleosa (livre de óleos, em gel ou fluído).
6. Evite as soluções caseiras e milagrosas: procure sempre um profissional para a indicação de produtos dermocosméticos ou medicamentos de acordo com seu grau de acne, e para seu tipo de pele. As receitas caseiras e manipulações inadequadas podem piorar as lesões, podendo ocorrer queimaduras leves e manchas.
7. Evite o uso de maquiagem constante: a maquiagem obstrui os poros e contribui para o aparecimento da acne. O indicado é usar maquiagem livre de óleo e removê-la totalmente.
8. Alimentação Saudável: evite alimentos que aumentam a glicose no sangue (como o próprio açúcar e outros carboidratos). Esses alimentos são responsáveis pela superprodução de insulina e o aumento da atividade das glândulas sebáceas, podendo agravar o aparecimento da acne. Alimentos ricos em Vitamina C (frutas cítricas, brócolis, tomates, etc) contribuem para o aumento da síntese de colágeno e regeneração da pele, contribuindo para uma pele sem cicatrizes.
9. Beba pelo menos 2 litros de água por dia: a ingestão de água contribui para hidratação da pele de dentro para fora, mantendo o equilíbrio do metabolismo do organismo.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia afirma que o ideal é a acne ser tratada o mais precocemente possível. Está ultrapassada a ideia de que não se deve tratar por ser considerada “própria da idade”, “de desaparecimento espontâneo com o tempo” ou “de não ser doença”. Seu controle é recomendável não só por razões estéticas como também para preservar a saúde da pele e a saúde psíquica, além de prevenir cicatrizes (marcas da acne) tão difíceis de corrigir na idade adulta. E a melhor forma é começar o tratamento adequado o mais cedo possível. A acne tem tratamento e pode ser curada ou controlada, porém, isso pode levar bastante tempo. Quem tem acne não deve, em nenhuma hipótese, cutucar ou espremer as lesões, pois isso pode levar à infecção, inflamação e cicatrizes. Há opções tanto de terapia local, quanto por via oral, ou a combinação de ambas. O tratamento vai variar de acordo com a gravidade e a localização, e em função de características individuais.