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Concurso Miss Rua emocionou participantes que buscam um recomeço

Foram 13 histórias de vida que disputaram o título e Miss Otimismo levou

Por Cláudia Brito de Albuquerque e Sá em 14/11/2018 às 10:11:30

Jéssica Cristina (de vermelho com Araujú) foi a vencedora do concurso (Foto: Jorge Hely)

Oferecer uma oportunidade de recomeço para as pessoas em situação de rua foi um dos objetivos do evento que lotou o Imperator - Centro Cultural João Nogueira, no Méier, nesta terça-feira, 13. O concurso Miss Rua deu um “dia de princesa” para 13 participantes, que ganharam uma faixa de miss com diversas qualidades, como Miss Alegria, Miss Sinceridade, Miss Simpatia, entre outras. A Miss Otimismo Jéssica Cristina de Souza foi a vencedora do concurso e se tornou a Miss Rua 2018. O evento celebrou os cinco anos do Programa Circulando e contou com apresentações artísticas e culturais.

A “Miss Rua” nasceu em São Paulo e está há 10 anos no Rio de Janeiro. Ela tem quatro filhos e está em situação de rua há quatro meses. “Só Deus sabe o que passamos na rua, é muito triste. Hoje foi um dia muito especial, diferente. Fui tocada pelo carinho das pessoas. Eu sou muito envergonhada e nem achava que iria ganhar, foi uma surpresa muito especial, de verdade. Nunca vou esquecer esse dia. Meu sonho é ter condição financeiramente boa para poder ajudar aqueles que vivem na mesma situação que eu. Creio que um dia tudo isso vai passar e eu poderei ajudar as pessoas”, disse Jessica, 37 anos.

O Programa Circulando visa garantir o acesso sociocultural, elevar a autoestima, trabalhar o sentimento de pertencimento e aumentar a interação pessoal dos que se encontram em situação de vulnerabilidade.

“Foi uma alegria ver nossas acolhidas nesse desfile. Sempre que elas aceitam nosso atendimento, procuramos trazê-las para mais perto. É um trabalho de reinserção na sociedade, é necessário cuidar dessas pessoas com o maior carinho”, afirmou o Secretário de Assistência Social e Direitos Humanos (SMASDH), João Mendes de Jesus, que esteve presente no evento.

Representantes de diversas instituições culturais foram homenageadas pela parceria com o Projeto Circulando, entre elas: Centro Cultural do Banco do Brasil, Centro Cultural dos Correios, Centro Cultural da Justiça Federal, Museu Histórico Nacional e Museu Aeroespacial. Em seguida, teve início o show da cantora Karina Duque Estrada e a apresentação do grupo “Circulando na Dança”.

Antes do desfile Miss Rua, aconteceu o lançamento do Calendário 2019, do grupo “Senhoras do Calendário”, que contou com 14 modelos da maturidade. “É a segunda vez que eu participo do calendário. A experiência é ótima, eu recomendo para quem já chegou aos 60 anos, é melhor do que ficar em casa vendo televisão. Fazemos amizades e isso é muito importante, o astral eleva muito, eu não tenho febre e nem dor, estou muito mais feliz”, revelou a advogada aposentada, Sonia Sabino, que é viúva e não tem filhos. 

Presente para o professor

“Foi o maior presente da minha história esse desfile. Uma experiência muito enriquecedora, percebi que meu trabalho vai muito além da parte estética, chega na alma para transformar. Não foi só um concurso de beleza, foi um desfile humanitário, um pedido de socorro”, avaliou o produtor Eduardo Araúju, que foi o professor de modelo e manequim das participantes do Concurso Miss Rua.  

Segundo Eduardo, a ressocialização é muito difícil, além da ajuda, elas precisam querer sair da condição de rua.

“Acho que faltam profissionais adequados, como psiquiatras e psicólogos para chegar e fazer uma conscientização. Acredito que a população também precisa saber lidar com essas pessoas. Elas querem tão pouco, somente dignidade. Nos deparamos com tanta desigualdade no país, com tantos desviando dinheiro, roubando e deixando os pobres à mercê, elas têm tão poucos sonhos, desejam apenas ter uma casa e condição de sobreviver”, resumiu Eduardo.  

Felicidade para as alunas 

“Eu nunca tive a experiência de subir num palco e me senti bem leve. Eu estava triste antes do desfile, mas me senti bem feliz depois. Nunca confiei muito em mim, mas agora fiquei mais otimista. Quero recuperar meus três filhos, só me falta uma oportunidade. Quero um trabalho para dar futuro para minhas crianças e poder cuidar da minha mãe”, disse Karen Cristina da Silva, 26 anos, que ganhou a faixa de Miss Internet. Ela está na rua desde os oito anos.

O “Dia de Cinderela” trouxe um brilho no olhar para as participantes, uma nova esperança.

“Foi muito bom, a confraternização, a maquiagem, a roupa e a atenção que nos deram. Todas nós viemos participar desse desfile porque queremos mudança. Eu quero arrumar um serviço, ter uma casa e uma vida normal como todo mundo. Esse é o meu maior desejo”. Najara Curcio da Silva, 41, que recebeu a faixa Miss Sinceridade. Ela está na rua há um ano e tem uma filha de 18 anos. 

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