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Anistia Internacional divulga levantamento de informações sobre caso Marielle

As dúvidas sobre a morte foram expostas durante divulgação do ato

Por Andrew Miranda em 15/11/2018 às 09:58:06

Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

Oito meses depois e três perguntas que não querem calar: Quem matou a vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e o seu motorista Anderson, assassinados na noite do dia 14 de março deste ano? Quem mandou matar? Por quê? De lá para cá, muitas pistas e nenhuma resposta. Os pais de Marielle suplicam justiça e alguma informação por parte das autoridades. A Anistia Internacional Brasil divulgou esta quarta-feira levantamento sobre as investigações feitas pela Polícia Civil sobre o duplo crime. 

A organização denuncia a falta de respostas razoáveis por parte das autoridades públicas frente à gravidade do caso e das informações já divulgadas relacionadas ao assassinato. O objetivo do levantamento é apontar questões graves que não foram respondidas, possíveis incoerências e contradições no decorrer da investigação e questionar o posicionamento das autoridades.

"É chocante olhar para tudo o que já foi divulgado sobre as investigações do assassinato de Marielle Franco ao longo de oito meses e ver que o padrão foi de inconsistências, incoerências e contradições. As autoridades não respondem às denúncias graves que vieram à tona e, quando se pronunciam, parecem não se responsabilizar pelo que dizem. Marielle era uma figura pública, uma vereadora eleita. Seu assassinato é um crime brutal e as autoridades não estão respondendo adequadamente" afirma Renata Neder, coordenadora de pesquisa da Anistia Internacional no Brasil.

O documento é dividido em cinco categorias: disparos e munição, a arma do crime, os carros e aparelhos usados e as câmeras de segurança, procedimentos investigativos e o andamento das investigações. Junto com perguntas a serem respondidas pelas autoridades.

O levantamento lembra, por exemplo, que Marielle teria sido atingida por quatro disparos na cabeça. Um total de 13 disparos teriam sido feitos. A munição utilizada seria de calibre 9 mm, de uso restrito no Brasil. A munição seria do lote UZZ-18, um lote pertencente à Polícia Federal. Entre as questões feitas pela Anistia estão: A munição pertence mesmo a este lote? Como foi extraviado da PF e por quem? Como chegou ao Rio de Janeiro?

Sobre a arma do crime, inicialmente divulgou-se que seria uma pistola 9mm, adaptada para fazer disparos em sequência. Depois, divulgou-se que a arma utilizada seria uma submetralhadora HK-MP5, de origem alemã, que também é de uso restrito e não muito comum no Brasil A Polícia Civil – RJ teria 60 unidades e a Polícia Militar - RJ (Bope), 11 unidades desta submetralhadora.  Cinco unidades de submetralhadoras deste mesmo modelo teriam desaparecido do arsenal da PC, o que sido identificado em um recadastramento feito em 2011. A Anistia pergunta, por exemplo, como essas submetralhadoras desapareceram da Polícia Civil? Quem são os responsáveis por isso, inclusive dentro do Estado?

Imagens de vídeo mostram um veículo aguardando a saída de Marielle de um evento para seguir o carro da vereadora e cometer o crime. No vídeo, é possível ver que o motorista usa em diversos momentos um aparelho pequeno que parece ser um celular.

Dois carros teriam sido usados no assassinato e pelo menos um deles teria usado placa “clonada”. O trajeto parcial de um dos carros é divulgado Algumas câmeras de segurança, parte do sistema que alimenta o Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) do Rio de Janeiro, que cobririam especificamente o local onde aconteceu o assassinato teriam sido desligadas às vésperas do crime. A Anistia pergunta, então, quem clonou as placas e onde? Quem desligou as câmeras? De onde os carros vieram e para onde eles foram? O restante do trajeto dos carros não foi mapeado?

Além disso, não teria sido feito raio-x dos corpos de Marielle e Anderson. As autoridades justificaram que o procedimento não foi feito por falta de equipamento em estado de funcionamento. O carro não teria sido armazenado adequadamente e teria ficado exposto indevidamente.  Policiais militares teriam mandado testemunhas oculares saírem do local do crime e elas não teriam sido procuradas depois para dar depoimento.  Um homem mencionado pela imprensa como suspeito de envolvimento denuncia estar sendo coagido pela Polícia a assumir o crime.

A Anistia pergunta: As investigações seguiram todos os padrões necessários de uma investigação criminal imparcial, independente e efetiva? Ou houve negligência e tentativa de fraude?

"Desde a noite do assassinato foram divulgadas informações muito graves. Não podemos olhar todas essas informações isoladamente. O quadro geral aponta que as autoridades do sistema de justiça criminal parecem estar se esquivando de sua responsabilidade. O estado não pode deixar sem explicação o sumiço de munição e submetralhadoras de sua propriedade" afirma Neder.

Além da dor e saudade pela perda da filha, os pais de Marielle estão mobilizados e exigem uma resposta. 

"Temos recebido muito acolhimento e solidariedade por parte das pessoas, tanto no Brasil como no exterior, e nossa família está cada vez mais unida. Oito meses se passaram e tudo o que a gente quer hoje é que se descubra quem matou e quem mandou matar a minha filha", disse Marinete da Silva, mãe de Marielle.

 

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