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Papel das escolas sobre o consumo de cigarros eletrônicos deve ser o de orientação

Psicóloga afirma que encaminhamento deve ser pedagógico para criar um senso crítico e de responsabilidade nos alunos

Por Portal Eu, Rio! em 06/05/2022 às 07:00:00

Foto: Divulgação

Muito tem se discutido sobre o uso exacerbado de cigarros eletrônicos pelos jovens. Segundo a psicóloga e coordenadora de Orientação Profissional do Colégio pH, Camilla Moreira, uma preocupação relevante das escolas deve ser a orientação e formação de um senso crítico nos alunos para que eles tenham discernimento ao escolher fazer o uso ou não dos chamados vapes.

Apesar de a escola ser um ambiente seguro para os alunos, onde eles sabem que estão amparados, ela proíbe o uso de cigarros eletrônicos, assim como a determinação da Anvisa de 2009 (que proíbe a venda no país). Isso pode gerar uma sensação de adrenalina, por eles estarem fazendo algo que não é permitido. “A partir do momento que a escola comprova que os alunos estão usando o cigarro eletrônico, é necessário existir um trabalho de imposição de limites, em conjunto com os pais. Mas só proibir não basta, o processo pedagógico tem que gerar uma autonomia, uma reflexão própria, que faça com que os alunos não queiram usar esses artifícios. Não é sobre demonizar o álcool, nem as drogas, nem o cigarro, é sobre criar uma reflexão acerca do uso disso”, explica Camilla.

A professora de pneumologia da Unigranrio, Hedi Marinho, faz coro à Camilla e destaca que a polêmica em torno da proibição, por mais que tenha seu lado positivo, gera certa ansiedade por parte dos jovens para adquirir o cigarro eletrônico, assim como dificulta a fiscalização em torno de onde e como está sendo vendido. “Além dele não ser porta de saída para o tabagismo, como é colocado, ele é uma porta de entrada, porque é feito de forma totalmente atraente para o jovem, com cor, sabor e sem cheiro, de forma que quem nunca experimentaria um cigarro comum, acaba se interessando pelo vape. A partir daí, passa a consumir substâncias sob as quais não se tem controle, como a própria nicotina”, acrescentou.

Muitos adolescentes não sabem que o cigarro eletrônico tem nicotina e a maioria fuma por se tratar de um modismo. A principal contradição sobre esse uso está no fato de ser uma geração que condena mais o cigarro por questões de saúde e ecológicas. Segundo a psicóloga, é uma responsabilidade da escola e das famílias criar um ambiente seguro para os jovens, sem julgamentos e sermões, para que os adolescentes tenham voz e se sintam confortáveis para construírem um ambiente de diálogo.

No Colégio pH, por exemplo, está prevista uma nova edição do evento "Conectado a Você" sobre o tema, em breve. A atividade costuma reunir especialistas convidados para debater assuntos relevantes da atualidade, com os alunos e familiares, aberto à comunidade. O pH entende que essa é uma forma de estreitar a relação dos alunos com os temas atuais, de forma pedagógica.

Para a pneumologista, é preciso também tratar o problema como uma questão de saúde, uma vez que já são conhecidos os males causados pelo uso desenfreado da mistura de substâncias químicas. A Evali, sigla em inglês para doença pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vaping (E-cigarette or Vaping product use-Associated Lung Injury) já atingiu 2.711 pacientes e 68 mortes nos EUA – maioria jovens –, até janeiro de 2020. Além disso, há novos estudos sobre a presença do “sal de nicotina” produzido de maneira artificial, por meio da associação da nicotina de base livre com um ácido, no cigarro eletrônico. Segundo Hedi, “esse sal chega mais rápido ao cérebro, atinge mais os alvéolos pulmonares, uma das estruturas mais profundas do sistema respiratório, e causa maior dependência”, destacou.

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