A partir desta segunda-feira (19), no site do Cremerj (www.cremerj.org.br), médicos podem se inscrever pleiteando vaga no "Mais Médicos". Medida surge para suprir a saída dos médicos cubanos federais que estão deixando o Brasil a partir do dia 25 de novembro.
Após o rompimento de Cuba com o Programa "Mais Médicos", o presidente do Cremerj, Sylvio Provenzano, relata em cadeia nacional que não compete ao Cremerj discutir uma decisão de um governo internacional. Segundo Provenzano,Cuba decidiu de forma abrupta e unilateral terminar com o Programa "Mais Médicos".
O Conselho Federal de Medicina (CFM), diante do anúncio feito pelo governo de Cuba de retirada de seus intercambistas dos quadros do Programa Mais Médicos, reitera em público que:
"O Brasil conta com médicos formados no País em número suficiente para atender às demandas da população. Historicamente, os médicos brasileiros têm atuado, mesmo sob condições adversas, sempre em respeito ao seu compromisso com a sociedade. Cabe ao Governo - nos diferentes níveis de gestão - oferecer aos médicos brasileiros condições adequadas para atender a população, ou seja, infraestrutura de trabalho, apoio de equipe multidisciplinar, acesso a exames e a uma rede de referência para encaminhamento de casos mais graves. Para estimular a fixação dos médicos brasileiros em áreas distantes e de difícil provimento, o Governo deve prever a criação de uma carreira de Estado para o médico, com a obrigação dos gestores de oferecerem o suporte para sua atuação, assim como remuneração adequada. Esses pontos constam do Manifesto dos Médicos em Defesa da Saúde, encaminhado a todos os candidatos nas Eleições Gerais de 2018, ainda no primeiro turno".
O que pode garantir a qualidade de um Programa de Saúde? De acordo com o presidente do Cremerj ,"são os resultados em relação ao controle de doenças, que não foi o que se viu aqui no Brasil, há cinco anos, desde 2013, com a existência do Programa "Mais Médicos". Os indicadores de saúde mostram que não houve avanço e nem resultados em relação ao controle de doenças: a mortalidade infantil e a mortalidade materno-fetal de gestante nos últimos cinco anos cresceu; o índice de vacinação diminuiu, o que deixou a população mais exposta", afirmou o médico.
Sylvio Provenzano comenta que, como professor de faculdade coordenou um programa de residência no Hospital dos Servidores. Ele lembra que vários residentes estimulados pelo valor do salário nunca conseguiram se inscrever no Programa Mais Médicos. Para ele, o "Mais Médicos" criava dificuldade na inscrição dos residentes. Fato este que nunca conseguiu entender. Sylvio reitera ainda que, na época que o "Mais Médicos" foi lançado, médicos brasileiros foram mandados embora de seus empregos em municípios vizinhos como Belfort Roxo e São João de Meriti. Para ele, tudo foi uma questão de gestão.
Validação do diploma
Milhares de Médicos brasileiros, que fizeram curso de medicina em outros países da América Latina como Argentina, Chile e Bolívia, para atuar aqui no Brasil, têm que validar o diploma, fazer prova, explica o presidente do Cremerj.
"É necessário que haja a validação do diploma. Essa prática ocorre em todos os países do mundo. Não é só o conhecimento médico que supostamente aquela pessoa tenha. É a capacidade que ela tem em compreender a linguagem falada daquele país que pretende atuar, porque um erro de interpretação vai levar a um erro de diagnóstico, que pode levar a um erro do tratamento com consequências imprevisíveis", explica o médico. "Cabe em cada país verificar se o candidato tem as condições mínimas necessárias para atuar. Só no Programa "Mais Médicos", que isso não acontece" - um candidato sem validação do diploma de médico praticar a medicina, alega Sylvio Provenzano.
Ainda em rede nacional, o presidente do Cremerj comenta que "a barreira para o deslocamento dos médicos brasileiros, para qualquer parte do Brasil, hoje já está solucionada com o acesso à internet - que possibilita a atualização médica. Ao entender do Cremerj, ao se acrescentar um plano de carreira à profissão médica irá se permitir que populações, hoje desassistidas, possam ser melhor atendidas pelos médicos", finaliza Provenzano.
O Programa Mais Médicos atinge 2.885 prefeituras, das quais 1.575 municípios com menos de 20 mil habitantes. São 8.500 equipes de Saúde da Família que ficarão desfalcadas em 40 dias, em razão da decisão do governo cubano de repatriar esses profissionais - antes da posse do presidente eleito Jair Bolsonaro.