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Estudo revela que bibliotecas comunitárias democratizam o acesso à leitura nas periferias

O foco principal da pesquisa é dar visibilidade ao papel dessas bibliotecas

Por Viviane Bôscoli em 20/11/2018 às 16:14:00

Foto: Divulgação

Pesquisadores resolveram colher dados em 15 estados e o Distrito Federal para a pesquisa “Bibliotecas Comunitárias no Brasil: Impacto na formação de leitores” com o intuito de identificar, entender e dar visibilidade para que elas cumpram o papel nos processos de formação de leitores.

De acordo com resultado da pesquisa, a maior parte das bibliotecas comunitárias é formada e mantida pela sociedade civil, com a finalidade de expandir o acesso ao livro e à literatura em certa comunidade e seus frequentadores são comprometidos com os processos de gestão e planejamento das ações. Foi levantado como amostra 143 bibliotecas, sendo que 92 integram a Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias.

Essa análise revelou que 86,7% das bibliotecas se encontram em zonas periféricas de áreas urbanas em lugares de elevados índices de pobreza, violência e exclusa de serviços sociais; 12,6% estão em zonas rurais e somente 7% em área ribeirinha. O estudo ainda mostra que 66,5% delas foram feitas por coletivos, por pessoas do território e movimentos sociais.

Outra questão apresentada foi que os profissionais que trabalham nas bibliotecas exercem diferentes funções, como gestores, bibliotecários, facilitadores e mediadores de leitura, sendo este último, pessoas que fazem a ponte entre os livros e leitores e que possuem alto índice de escolarização, ou seja, mais de 90,2% tem ensino médio até pós-graduação.

Os pesquisadores mostraram algumas diferenças entre as bibliotecas comunitárias e públicas, sendo que as comunitárias estão dentro do território, estão mais disponíveis e envolvidas com as comunidades, suas áreas garantem a pratica da leitura compartilhada, possuem acervos que privilegiam o letramento literário e a gestão é dividida com outros agentes comunitários.

"Em contraposição às bibliotecas públicas que não têm tido investimento e, como acontece no Rio, as bibliotecas comunitárias  vêm crescendo pelo Brasil afora e se fortalecendo em redes de bibliotecas comunitárias. No cenário do Estado do Rio de Janeiro, por exemplo foram entrevistadas 32 bibliotecas para a pesquisa, sendo que 10 dessas estão só na cidade do Rio, que se encontram  dentro dos morros , favelas e comunidades da cidade, fazendo chegar o acesso à leitura e à informação, negados pelo Estado. As bibliotecas comunitárias  não vão substituir as bibliotecas públicas, mas devem ser reconhecidas como uma importante rede complementar para a democratização do acesso à leitura", declarou Cida Fernandez, uma das coordenadoras do estudo e representante do Centro de Cultura Luiz Freire de Pernambuco.

Para a coordenadora, o público que visita e frequenta as bibliotecas comunitárias gosta de ler e considera importante. "Elas têm interesse pela leitura e estão lutando para conquistar e garantir esse direito nesses territórios marcados pela exclusão de políticas públicas de cultura e educação” explicou Cida, que compartilhou a coordenação do estudo com Elisa Machado, do Grupo de Pesquisa Bibliotecas Públicas do Brasil, da Universidade Federal do Estado do Rio (UNIRIO), e Ester Rosa, do Centro de Estudos de Educação e Linguagem da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).


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