Em abril, o preço dos medicamentos teve um reajuste de 10,89%, conforme autorizado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), que define o preço máximo ao consumidor em cada estado. No entanto, menos de um mês depois, representantes da indústria farmacêutica defendem mudança no teto de preço dos medicamentos para, segundo eles, evitar desabastecimento, como tem ocorrido com a dipirona injetável, utilizada em hospitais.
No último mês, os preços dos medicamentos no Brasil tiveram reajuste de 10,89%, autorizado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), que define o preço máximo ao consumidor. Porém, o país corre o risco de desabastecimento de remédios principalmente em hospitais. Com isso, profissionais da indústria farmacêutica defendem reajuste nos valores.
Para Paulo Rapuano, CEO da First Line Medical e especialista em negócios internacionais, este é um momento delicado para a saúde em todo o mundo. “Devido ao encarecimento do custo de toda cadeia de suprimentos (Supply Chain), que consiste na logística, distribuição e principalmente na matéria-prima, resultante de uma crise mundial gerada pela pandemia (2020-2022), em que toda e qualquer produção foi interrompida a fim de conter a propagação do vírus pelo mundo, vivemos hoje esses aumentos substanciais em todos os produtos que consumimos, inclusive medicamentos e materiais/produtos estratégicos para saúde”, afirma.
Paulo explicou como os medicamentos encareceram: “Esta interrupção de longo período gerou uma escassez importante de matérias primas, aumento no custo de produção, escassez dos transportes, aumento nos combustíveis, aumento no custo da mão de obra, aumento no custo da logística (aérea, marítima e rodoviária), entre outros. A Pandemia ainda hoje tem seus reflexos na China, onde novamente passam por um Lockdown geral afetando todo mercado consumidor mundial. Mesmo não existindo uma relação direta de comércio com o país, em média mais de 70% dos produtos mundialmente comercializados ou produzidos no mundo tem relação direta ou indireta com a produção chinesa”, analisa.
A falta de medicamentos já é vista em redes de farmácias e hospitais. Medicamentos como antibióticos e até soros fisiológicos seguem em falta nos locais de vendas e fazem a busca aumentarem e o consumidor optar por opções mais caras. “Minha filha está com sinusite. O médico passou amoxicilina e não encontramos em nenhuma drogaria das dez que fui. Tive que retornar ao médico para ver que tipo de medicamento ele poderia colocar no lugar’, conta a professora Lucia Simões, de 34 anos.
Apesar de não haver uma previsão ou garantia que os medicamentos abaixem de preço, Paulo acredita que aos poucos tudo vai se normalizando e as pessoas poderão respirar aliviadas. “Isto pode ser minimizado ao longo do tempo, enquanto as fábricas e o mercado voltam a entrar em sintonia de produção e consumo, aos poucos as coisas entram nos eixos. Mas, enquanto isso, o consumidor pode continuar a pesquisar os produtos mais baratos, comparando as farmácias, pois existem grandes diferenças entre os medicamentos de rede para rede no Brasil, sendo essencial o jeitinho brasileiro de pechinchar”, finaliza.