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Elephant Parade promove arte e ativismo ambiental no Rio de Janeiro

Estátuas de elefantes filhotes em tamanho natural fizeram sucesso no Rio

Por Nilber Ferreira em 29/11/2018 às 10:05:04

Foto: Divulgação

O Rio de Janeiro foi invadido por 66 elefantes coloridos e estilizados por grandes artistas neste mês de novembro, espalhando arte e transformando a Selva de Pedra em um pedaço das Savanas da África e regiões da Ásia. A Elefhant Parade- (EP), edição 2018, desfila desde 1° de novembro, passando pela Cidade Maravilhosa com uma manada supersimpática de filhotes de elefantes.

A galeria sem fronteiras e todos os "filhotes" seguem para o Hotel Belmond Copacabana Palace, no próximo dia 6 de dezembro, onde serão leiloados. O destino do que for arrecado atenderá instituições carentes do Rio de Janeiro, projetos de preservação dos elefantes e para os artistas participantes que ajudaram a enfeitar a Cidade Maravilhosa.

Toda essa iniciativa começou em 2006, no período de férias pela Tailândia de Marc e Mike Spits, pai e filho. Cruzaram com a bebê elefanta "Mosha", ferida por uma mina terrestre e que havia pedido uma das patinhas. Os dois decidiram criar um evento rentável de maneira sustentável para o animal. Em Roterdã, na Holanda, foi realizada a primeira exposição, em 2007. Amigos do Asian Elephant Hospital, a "casa" da Mosha em Lampang, receberam as primeiras contribuições geradas pelo evento sendo beneficiados com suporte financeiro até hoje.  Centros Urbanos importantes como Londres, Hong Kong, Amsterdã, Milão e São Paulo receberam a EP nestes anos de exposições.

"A Elephant Parade é hoje a exposição de arte ao ar livre mais relevante e impactante no mundo - estima-se que 100 milhões de pessoas já visitaram as exposições da Elephant Parade. Cada evento movimenta boa parte da classe artística local, prestigiando desde artistas iniciantes a nomes reconhecidos internacionalmente, gerando uma troca cultural bastante enriquecedora e ajudando a despertar novos talentos", afirma Giovane Pasa, sócio-diretor da Elephant Parade Brasil.

 Todo processo criativo foi assistido pelo público em um ateliê aberto no Barra Shopping, em setembro. Em outubro a manada se espalhou nos corredores sendo vistos por cerca de 100 mil pessoas, segundo informações do Shopping. No espaço ainda funcionou uma loja temporária do evento com réplicas de elefantes expostos em outras cidades brasileiras passou a exposição. As miniaturas também estão disponíveis na loja virtual http://loja.elephantparade.com.br 

Números preocupantes sobre os elefantes

Os elefantes estão sofrendo risco concreto de desaparecer no planeta. A exploração devastadora dos recursos naturais fez seu habitat diminuir 95% e sua população diminuiu 70% nos últimos 100 anos. Resta no mundo menos de 50.000 elefantes asiáticos distribuídos por 13 países na Ásia e no continente Africano diminui em mais de 3,5% ao ano. A caça e o comércio ilegal das presas de marfim dos animais é altamente lucrativo. Um par de presas deste animal em média custa mais de mil dólares (R$ 3.780, 00 reais). Contrabandeadas para China, Tailândia, Vietnã e outros países da Ásia passam nas mãos de artesãos que as transformam em figuras da mitologia e religião. Existe um forte apego religioso em relação as presas dos elefantes e também dos rinocerontes pela a maioria da população Asiática acreditar em um suposto poder curador das presas ou do pó delas.

Segundo números do Censo dos Elefantes, projeto patrocinado por Paul Allen, sócio de Bill Gates na Microsoft, realizado em 2016, que usou imagens aéreas em 20 países para levantar essas informações constatou que a pior situação acontece na Tanzânia com queda de 53 % dos elefantes na região. A população baixou de 109 mil para em 2009 para 51 mil em 2015.

A África no começo do século tinha 10 milhões de espécimes, e hoje estima-se que haja menos 450 mil, é um dado alarmante que grita ao mundo a necessidade extrema de frear a matança indiscriminada destes seres incríveis.  O desaparecimento dos elefantes e outros paquidermes no continente Africano irá gerar mudanças consideráveis nas florestas. Os elefantes espalham as sementes das frutas e nutrientes que comem em grandes extensões de terra, através do esterco. Eles abrem bosques devido a serem animais muito grandes, e facilitam a entrada de luz. Se a destruição da espécie não for parada, os elefantes serão extintos provavelmente em menos de 30 anos.  

Arte em filhotes por uma causa 

Com muita criatividade, ousando nas cores, flutuando em temas multiformes os artistas participantes da Elefhant Parade Brasil mostraram a nossa cultura diversa representando as caras da cidade cosmopolita, que abriga em si "gentes" de todo o Brasil e do mundo. As esculturas de elefantes medem 1,46m de altura por 1,66m de comprimento por 0,75m de largura (em pé) e 1,44m de altura por 1,73m de comprimento por 1,04m (sentado).

Levi Cintra, carioca, apaixonado por artes, 42 anos, atua no maior espetáculo do planeta, o Carnaval do Rio. É designer gráfico, ilustrador e figurinista, trabalhou em algumas escolas de Samba como Mangueira, Mocidade Independente, Paraíso do Tuiuti.

Trabalhou no processo de cinco destas obras. O elefante no bondinho do pão de açúcar, criado por Ziraldo, foi pintado por Cintra. " Foi uma grande responsabilidade reproduzir um trabalho desse grande escritor, cronista, desenhista, referência nos meus trabalhos" revelou Cintra.

Pintou também um outro elefante chamado "Oh, Abre-alas que eu quero brincar" que tem como referência as escolas de samba Mirins do Rio de Janeiro, este está próximo ao Aquario.

O Cooperfante, o mais carioquíssimo dos seus trabalhos retrata um elefante "rato de praia", surfista, de bermuda, escutando música no celular e com tem tatoo no braço.

Leveza no pincel e um mantra para elevar a inspiração. Sucki (que significa tranquilo na filosofia Hindu) é o elefante "Zen" de Babi Wrobel, na posição sentado fazendo Yoga. A artista plástica e ilustradora, de 41 anos, entrou no concurso que decidiu os participantes das pinturas da EP faltando cinco dias para o prazo final dos artistas se inscreverem. " Quando fiquei sabendo que eram elefantes, corri para a prancheta, são animais que adoro ... Me senti uma maratonista sendo incentivada pelo público durante o processo de pintura de Sucki no ateliê no Barra shopping" nos falou a artista com entusiasmo. O seu elefantinho Sucki foi adotado pela Suvinil, fabricante de tintas.

Wrobel tem um estilo multifacetado e lúdico navegando com sua arte em didática infantil, estamparia de moda, publicidade, embalagens. "Gosto de contar uma história através dos meus traços passando mensagens positivas e sentimentos bons ...". Contou que participar desse projeto foi especial em sua carreira curtindo cada momento das ações, interagindo ao vivo com o público, nas redes sociais e com outros artistas teve a oportunidade de colorir a cidade neste ambiente caótico que temos vivenciado.

A pintora decorativa Dominique Jardy, que vive em nosso país há 34 anos, em sua obra intitulada "Noé", introduzindo animais em risco de extinção com outros da fauna brasileira. "Meu universo pictórico é totalmente voltado à representação da natureza ... me apaixonei pela natureza tropical do Brasil, é um dos temas que mais gosto de pintar. Escolhi representar animais porque a causa da EP é voltada a proteção do mundo animal", revelou Dominique.

Dominique Jardy e sua obra - Foto: Nilber Ferreira

A artista que mora em nossas terras desde 1984 frisou que o movimento impulsionado pela EP chama a atenção para o público também se preocupar com as espécies desaparecendo em nosso ecossistema, para a manutenção da biodiversidade de nossas florestas e da urgência da conscientização de todos em preservar o meio ambiente para as gerações futuras.

No ateliê montado no Barra Shopping foi unanime dizer entre os artistas que a interação da criançada com sua curiosidade e seu olhar brilhante, hipnotizados com as cores. Com a francesa Dominique os pais chamavam os filhos para identificarem os bichinhos na "Arca elefante" idealizada pela a artista que teve a sua obra apadrinhada pelo Copacabana Palace. " O carinho das crianças foi incrível, os pequenos ficavam encantados e não queriam ir embora" revelou Levi Cintra.

Empresas foram fundamentais nesta empreitada "Animal", ajudando a gerar, cuidar e preservar a grande reserva de filhotes de paquidermes (animais de pele espessa) espalhados no Rio de Janeiro neste mês de novembro. A Sicoob (Cooperativa Central de Crédito do Rio de Janeiro) é parceira do projeto tendo patrocinado o elefante praiano de Levi Cintra, O "Cooperfante". O cooperativismo está presente em sua missão, a colaboração para um mesmo fim, ideia que se alinha ao propósito da EP. "Além de promover maior visibilidade da marca Sicoob, a Elephant Parade direciona parte do investimento à preservação dos elefantes e às causas sociais locais, valoriza o trabalho dos artistas e oferece entretenimento gratuito à população." Comentou Nábia Jorge, diretora Operacional da Sicoob Central Rio.

O shopping oficial da EP é o BarraShopping, onde foram produzidas as artes da exposição. A variedade das empresas de múltiplos seguimentos ressalta a adesão no mesmo propósito. O Rei do Mate, Suvinil, Deezer, Amarula, Copacabana Palace, Amend e Studio Gatti são algumas destas participantes. 

Com as exposições no Brasil (Florianópolis, São Paulo e Belo Horizonte) já foram arrecadados mais de 300 mil reais para a preservação dos elefantes e entidades carentes nacionais.

Ainda dá tempo para o leitor aproveitar o último dia que a EP estará disponível, levando arte acessível a todos os públicos levantando a bandeira da preservação dos elefantes e outras espécies animais.  

Informações

http://elephantparade.com.br/rio2018/

www.elephant-family.org

http://loja.elephantparade.com.br. – Loja Virtual 

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