“Qualquer homenagem, da mais simbólica as mais elaboradas ou gloriosas, diriam muito pouco sobre Nelson. O legado que ele deixa para nós foi e para sempre será a de uma pessoa de gabarito, elegante, discreto, um erudito por natureza e apaixonado pelo mundo e pelas causas sociais, pela justiça. Eu honro e acolho este momento com essa homenagem. Em nome de todos os brasileiros, muito obrigada por você ter existido!”- afirma Via.
Nelson interpretou grandes personagens e se destacou como Lampião e Chico Xavier, interpretando-os com tanta maestria que ficava difícil distinguir pessoa do personagem.
A trajetória de Nelson foi vivida quase por blocos: a paixão pelo teatro nos anos 1950 e 1960, a descoberta pelo cinema nos anos 1960 e 1970, o estouro na TV no início dos anos 80. A mistura de tudo isso sempre esteve em seu DNA.
Nascido em São Paulo, em 30 de agosto de 1941, chegou a cursar Direito, mas preferiu ser ator. Nos anos 1950, entrou para a Escola de Artes Dramáticas da USP e foi parar no Teatro de Arena. Seu berço era o palco, numa época em que fazer teatro era entender a dimensão holística da missão de ser ator.
Participou de espetáculos históricos que revolucionariam o teatro do Brasil - Eles Não Usam Black-Tie, Chapetuba Futebol Clube, Gente Como a Gente e Julgamento em Novo Sol, de autores como Gianfrancesco Guarnieri, Oduvaldo Vianna Filho, Roberto Freire e Augusto Boal entre tantos outros, como a primeira montagem de “Toda Nudez Será Castigada”, de Nelson Rodrigues, em 1965, com direção de Ziembinski e contracenando com Cleide Yáconis.
Foi um homem que amou o cinema. Os Fuzis, Os Deuses e os Mortos e A Queda, de Ruy Guerra; A Rainha Diaba, de Antônio Carlos Fontoura; Vai Trabalhar Vagabundo, de Hugo Carvana; Dona Flor e Seus Dois Maridos, de Bruno Barreto; Narradores de Javé, de Eliane Caffé, além de Chico Xavier, que o ator considerava seu maior papel.
A despeito do sucesso e de muitos prêmios que marcaram sua carreira, não foi à toa que, quando caiu nas graças da tevê brasileira, viveu um dos maiores e mais difíceis dos personagens que habitaram o imaginário popular: Lampião, na minissérie histórica que movimentou o Brasil de 1982 e não tirou Nelson mais da teledramaturgia. Até Chico Xavier surgir, o anti-herói nordestino era a grande referência para as massas que o aplaudiam de pé.
Como Chico Xavier foi inesquecível. No longa viveu o líder espírita dos 59 aos 65 anos. Atrás desse personagem tão icônico e quase impossível de alcançar, Nelson teve sua redenção à espiritualidade. Na época, o ator afirmou que havia vivido ali seu melhor papel.“Com Chico, vi que a vida não é pela violência, é pela solidariedade. Só o amor pode salvar o homem. Só a solidariedade humana, o trabalho em função do amor, da paz, das pessoas entenderem umas às outras. Finalmente fiz o meu maior papel. Fui invadido por uma onda de amor tão forte, tão intensa, que levava às lágrimas. Nenhum dos personagens que fiz mudou minha vida. O Chico fez uma revolução”.
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