O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) disse que vai definir o nome do futuro ministro do Meio Ambiente ainda esta semana. Mas a definição sobre os rumos ambientais do novo governo brasileiro é aguardada também fora do país. Isto porque o futuro chefe da Nação já declarou que o Brasil pode sair do Tratado de Paris, o que gerou críticas do presidente da França, Emmanuel Macron, durante a Cúpula do G20 na Argentina. O francês disse aguardar a posição brasileira para fechar ou não acordos com o Mercosul.
Entre os cotados para a pasta do Meio Ambiente, o ex-deputado Xico Graziano deixou o PSDB para apoiar Bolsonaro ainda no primeiro turno. Ele fez parte da equipe do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. É agro ambientalista e classifica de estupidez o conflito entre meio-ambiente e agricultura:
"Quem aconselhou Jair Bolsonaro a sair do Acordo de Paris é um mau conselheiro", escreveu Graziano em seu twitter.
Bolsonaro ainda não anunciou o que realmente pretende em relação a questões ambientais. Suas críticas principais ao Acordo de Paris se referem às definições de políticas indígenas da ONU e que não faziam parte das discussões iniciais do tratado.
A indefinição gera expectativa. No sábado, durante a cúpula do G20, na Argentina, o presidente Francês Emmanuel Macron disse que a União Europeia não negocia com países que pretendem deixar o Acordo climático de Paris. Macron sinaliza que Bolsonaro pode ser obstáculo às negociações entre Mercosul e UE.
Acordo de Paris
Aprovado em 12 de dezembro de 2015, o Acordo de Paris é um tratado assinado por 195 países comprometidos em reduzir as emissões de gases relacionados ao aquecimento global.
Signatário do acordo, o Brasil se comprometeu a reduzir as emissões de carbono em 37% até 2025 e em 43% até 2030, em relação aos índices de 2005. Entre os compromissos dos brasileiros estão o aumento da participação dos biocombustíveis na matriz energética para 18% até 2030, com aumento da oferta de etanol e biodiesel.
Outras medidas acordadas são: zerar o nível de desmatamento na Amazônia, realizar reflorestamentos, e aumentar 28% de uso de fontes renováveis de energia até 2030.
Bolsonaro e a Amazônia
Em meio às indefinições, Jair Bolsonaro condicionou a permanência no Acordo de Paris à soberania sobre a Amazônia. Em Resende (RJ), após cerimônia de formatura de oficiais no dia 1º de dezembro, o presidente eleito criticou os europeus e a política por eles adotada em relação aos povos indígenas:
"Cada vez que um governo do passado saía do Brasil, ele recebia de forma passiva e servil pressões por demarcações de terras indígenas. Eu quero o bem estar do índio. Quero integrá-lo à sociedade. O nosso projeto é fazê-lo igual a nós. Eles têm as mesmas necessidades. Ele quer médico, dentista, televisão, internet", disse o futuro presidente.
No mesmo evento, Bolsonaro adotou tom moderado em relação ao aquecimento global: "Eu acredito na ciência e ponto final. Mas o que a Europa fez para manter as suas florestas e as suas matas ciliares? E querem dar palpite aqui?", exclamou.
Bolsonaro revelou que conversa com Xico Graziano sobre a possibilidade ele assumir o Ministério do Meio Ambiente.