Na manhã desta quinta-feira, 01/09, a Polícia Federal, com apoio da Controladoria Geral da União - CGU, deflagrou a “Operação Anáfora”, visando apurar favorecimento na contratação de cooperativa de trabalho pelo Município de Duque de Caxias, por valores que, somados o contrato e seus aditivos, ultrapassam meio bilhão de reais (R$563.550.000,00) em pouco mais de dois anos. O período sob investigação coincide com o mandato de Washington Reis, licenciado da prefeitura da cidade para disputar a eleição deste ano como vice do governador Claudio Castro.
Na ação, cerca de 130 policiais federais e servidores da CGU cumprem 27 (vinte e sete) mandados de busca e apreensão, expedidos pela 6ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, nos municípios de Duque de Caxias (03), Maricá (01), Angra dos Reis (02), Mesquita (01), Niterói (01), Nova Iguaçu (01) e na capital carioca (18).
A investigação, iniciada em janeiro deste ano, aponta que a cooperativa em questão pertence à estruturada e complexa organização criminosa que vem operando no Estado do Rio de Janeiro em um contexto de corrupção sistêmica, por meio de desvio de recursos públicos, em especial na área da saúde, há décadas.
Os mandados de busca e apreensão são executados em desfavor de pessoas físicas e jurídicas que, dentro do contexto investigativo, ocupam diferentes funções na hierarquia delitiva, abarcando empresários, interpostas pessoas, operadores financeiros e prováveis líderes do esquema criminoso.
Ouça no podcast do Eu, Rio! a reportagem da Rádio Nacional sobre a Operação Anáfora, que investiga a prática repetida de favorecimento em contratos da Saúde a uma cooperativa ligada a organização criminosa e corrupção sistêmica, com desvio de recursos, somente em Caxias, de R$ 563,5 milhões.
O nome da operação faz referência a uma figura de linguagem muito utilizada por escritores através da repetição de uma ou mais palavras no início de versos, orações ou períodos. Empregada na poesia e na música, a “Anáfora” aumenta a expressividade da mensagem, enfatizando o sentido de termos repetidos consecutivamente.
Contextualizando a investigação, o que se identificou como uma característica acentuada da organização criminosa em questão foi justamente a repetição do seu modo de atuar, ou seja, o emprego do mesmo modus operandi tanto na constituição de empresas geridas por interpostas pessoas, quanto na forma de contratar com entes públicos. Através de uma densa confusão patrimonial e administrativa existente entre as pessoas jurídicas pertencentes ao grupo, as práticas delitivas se repetiam, de maneira recorrente, assim como uma “Anáfora”.
Fonte: Polícia Federal