Teatro, televisão, cinema. Nada para o carioca Leonardo Nuñez de Miranda Reis, ou simplesmente Gigante Leo. Aos 39 anos o ator, que sofre de nanismo (tem 1,1 metros), revela em entrevista ao portal Eu, Rio! que seu tamanho jamais influenciou na carreira e nem sofreu bullying, revela projetos e elogia o humor do país.
Eu, Rio! - Como foi sua juventude por conta do nanismo? Isso te atrapalhou em algum momento da vida? Sofreu algum tipo de preconceito?
A questão que mais me atrapalhou em relação ao nanismo foram as diversas cirurgias ortopédicas corretivas que tive que fazer ao longo da minha infância e adolescência. Com relação ao preconceito, não tive muitas questões. Embora tenha mais irmãos, nenhum deles tem nanismo, nunca fui criado de forma diferenciada deles. Sempre fui cobrado e exigido igualmente. Nunca fui tratado como coitadinho, inclusive minha casa praticamente não tinha adaptações para mim: se quisesse escovar os dentes ou lavar as mãos, tinha que pegar uma escada para isso. E certamente essa bela forma como me criaram fez toda a diferença na maneira como eu encarei a vida. É claro que o preconceito existe, mas a forma como você lida com ele faz toda a diferença: tanto para você como para a pessoa que pratica tal ato.
Eu, Rio! - Como o teatro/humor apareceu na sua vida?
Acho que não fui eu que escolhi o humor, e sim, ele que me escolheu. Eu nasci numa família muito bem humorada que adora se divertir e brincar com tudo. Com isso, sempre vivi e amadureci nesse contexto bem-humorado. Quando comecei a fazer teatro aos 9 anos, naturalmente escolhi o humor, mas não segui o caminho tradicional. Ou seja, nunca busquei fazer o humor clichê onde o anão serve apenas como escada de piada ou para ficar levando torta na cara e sendo ridicularizado. Fazia peça clássicas de humor, onde o personagem não era escrito para uma pessoa com nanismo. Depois que fui vice-campeão nacional do concurso de stand up promovido pelo Risadaria em SP, começou uma projeção maior do meu trabalho, sobretudo voltada para o humor e para o stand up.
Eu, Rio! - Você ganhou o prêmio Multishow de Humor, sendo avaliado por grandes humoristas do país. Foi o grande marco na sua vida? Como era a relação com os jurados?
Sim. O Prêmio Multishow de Humor foi uma experiência incrível na minha vida. Abriu muitas portas, além de poder mostrar uma variedade de tipos de humor. Os jurados são pessoas que sempre admirei muito o trabalho e ser julgado por eles, além de receber dicas e conselhos foi muito enriquecedor e gratificante. Pena que hoje em dia não tem mais o prêmio como era nessa época.
Eu, Rio! - Você faz stand-up e dividiu palco com vários humoristas. Quais você considera mentores ou, simplesmente, amigos que lhe ajudaram a te consolidar na carreira?
Eu tive a graça de só conhecer pessoas incríveis, não só artisticamente, como pessoalmente. Acho difícil falar que algum "foi só amigo", pois todos que eu tive o prazer de compartilhar o palco, sempre deram toques importantes, além de me indicarem e me chamarem para projetos futuros. Por isso considero todos amigos e mentores. E graças a todas essas oportunidades pude crescer bastante artisticamente, afinal, precisava crescer em alguma coisa.
Eu, Rio! - E quais humoristas você, agora do outro lado da avaliação, acha que tem talento para se consolidar no stand-up?
Não me vejo "do outro lado da avaliação". Risos. Confesso que atualmente estou um pouco afastado do cenário do stand-up, estou mais focado na carreira de ator, buscando dramaturgia, além de peças teatrais. Com isso não tenho conhecimento tão aprofundado dos novos talentos que estão surgindo, embora conhece alguns deles.
Eu, Rio! - Quais seus próximos projetos? E quais seus maiores sonhos no momento?
Meus próximos projetos é dar uma incrementada no meu canal, fazê-lo crescer. Voltar em cartaz com minha peça "Mentira tem perna curta", que também fui roteirista junto com o meu amigo Ulisses Mattos. Já tem uma peça de humor também, escrita por Herton Gratto, que estamos começando a produção e deve estrear já no primeiro semestre do ano que vem. Tenho vontade de fazer mais filmes, estar em um programa de TV e fazer uma peça com Paulo Gustavo.
Eu, Rio! - Como você avalia o mercado do humor e do stand-up no país, principalmente no Rio?
O mercado de stand-up é muito forte em São Paulo. No Rio, ele estava praticamente extinto, mas estamos tentado recuperar e voltar a aquecê-lo. Esse movimento está sendo bastante incentivado pelo pessoal do UTC (Ultimate Trocadilho Championship).