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Saúde Pública

Sífilis, mal em gestação

Quatro em cada dez casos da doença em grávidas só são detectados no parto ou logo após


Risco para bebês inclui surdez, cegueira, problemas mentais e ósseos. No limite, a morte. (Divulgação)

Quatro em cada dez casos de sífilis só são detectados no parto ou no puerpério, nos cuidados logo após o nascimento do bebê. Em 2015, último levantamento completo disponível, os casos somaram 3581 no Estado. O grande desafio no tratamento da sífilis, que parecia erradicada em meados do século passado pelo advento da penicilina, é ser um mal silencioso. Na maioria das vezes, as vítimas não apresentam sintomas e só se descobre a doença após o exame. Discrição não representa falta de perigo. A sífilis pode ser fatal.

Nas gestantes, o risco se transmite, literalmente, para a geração seguinte, amplificado pelo fato de o sistema de defesa do feto contra infecções ainda ser, como a própria condição indica, embrionário. Ao nascer, a criança pode ter pneumonia, feridas no corpo, cegueira, problemas ósseos, surdez ou deficiência mental. Em alguns casos, como acontece com as mães, a sífilis pode ser fatal para os recém-nascidos.

Os dados vieram a público na XXª Reunião do Fórum Perinatal da Região Metropolitana I do Rio de Janeiro, no dia 27 de junho de 2018. O tema principal foi  "O Contexto da Sífilis e HIV/AIDS na Rede Cegonha e no Estado do Rio de Janeiro A Secretaria Estadual de Saúde apresentou o perfil epidemiológico da população nacional e fluminense em relação à sífilis e HIV e o protocolo clínico da Subsecretaria de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde.

O perfil indica a evolução do número de casos e os tipos de pessoa mais afetados pela doença. O Protocolo clínico estabelece o procedimento-padrão para o tratamento dos casos. Nele, estão normas os testes obrigatórios de HIV/AIDS, sífilis e mononucleose, o hemograma completo para detectar anemia ou diabetes, fatores de risco para a gestação, e assim por diante.

A Secretaria Municipal de Saúde apresentou no encontro o cronograma e a estratégia de implantação da Linha de Cuidado das Infecções Sexualmente Transmissíveis no Rio de Janeiro. Uma das principais metas é a descentralização para a atenção primária do diagnóstico e tratamento das gestantes com doenças sexualmente transmissíveis, em curso desde 2015. A previsão é de alocar infectologistas dentro de cada CAP(Coordenadorias de Atenção Primária), de forma a desafogar os hospitais de referência.

A entidade “Mulheres Vivendo com HIV/Aids” representou a sociedade civil na reunião. Nos depoimentos, as representantes da ONG deixaram claro a dificuldade para as mulheres de conviver com as doenças sexualmente transmissíveis e levar o companheiro a fazer tratamento. O combate a DST e AIDS deve abranger os parceiros, adesão indispensável para o tratamento da mulher e para evitar a transmissão das doenças ao feto.

No próximo encontro bimestral do Fórum Perinatal será discutida a devolutiva do Ministério da Saúde sobre o Monitoramento feito nas 28 maternidades da Região Metropolitana I. O documento em debate trata das respostas do governo federal aos pleitos de atenção materno-infantil do Rio de Janeiro.

 

Uma em cada quatro gestantes não recebe o Pré-Natal

Um dado é particularmente preocupante, dentre os levantados pelo Fórum Perinatal: uma em cada quatro grávidas não recebe atendimento pré-natal. Isso com o encaminhamento para Pré-Natal sendo protocolo obrigatório diante da constatação de gravidez. O que conduz para outro paradoxo inquietante: se 75% (três em cada quatro) recebem atendimento pré-natal, como nada menos de 42% (quatro em cada dez) das infectadas por sífilis só recebem o diagnóstico no Parto ou no puerpério?

 O abandono às gestantes, submetidas a um enorme risco pela falta de prevenção, se estende à atitude dos companheiros ou parceiros sexuais eventuais. Apenas um em cada dez se submete ao mesmo tratamento, como as consultas regulares, os antibióticos e antivirais, ou o coquetel antiaids. Com esse tipo de atitude, não é difícil explicar o crescimento da sífilis no Estado e no País. Para as crianças, as consequências podem ser dramáticas: doenças mentais, cegueira, surdez, complicações neurológicas, doenças crônicas de pele, esterilidade. Tudo consequência de um mal curável com antibióticos relativamente baratos, disponíveis na rede pública e com efeitos colaterais controláveis.

Um dado é particularmente preocupante, dentre os levantados pelo Fórum Perinatal: uma em cada quatro grávidas não recebe atendimento pré-natal. Isso com o encaminhamento para Pré-Natal sendo protocolo obrigatório diante da constatação de gravidez. O que conduz para outro paradoxo inquietante: se 75% (três em cada quatro) recebem atendimento pré-natal, como nada menos de 42% (quatro em cada dez) das infectadas por sífilis só recebem o diagnóstico no Parto ou no puerpério? Para superar esses desafios, é que se propôs, no modelo da Constituição de 1988, mecanismos como o Fórum Perinatal.

 

Rede Cegonha prevê participação popular no planejamento das ações

No caso da Região Metropolitana I do RJ, o Fórum Perinatal teve seu lançamento em maio de 2015. A Portaria GM/MS 1.459/2011 do Ministério da Saúde institui a Rede Cegonha, de atendimento coordenado a gestantes. O Fórum foi planejado como um espaço includente, democrático e participativo. Seu objetivo é a construção de consensos e referenciais ético-políticos para planejamento, avaliação e coordenação da Política de Atenção Perinatal, aberto a todos os cidadãos. Sua concepção é de um espaço também formativo, de troca de saberes e experiências. Assim, ainda de acordo com os documentos de sua criação, se tornaria capaz de contribuir com a construção, organização e fortalecimento da rede perinatal, com o estabelecimento claro de uma linha de cuidado integral materno-infantil na região.

Diante disso, o Fórum Perinatal se propõe a discutir as garantias dos direitos da mulher e da criança. Suas tarefas para isso são abrangentes:

—adotar medidas e estratégias para a redução da mortalidade materna e neonatal, por meio de atividades que contribuam para a melhoria técnica e acadêmica dos profissionais envolvidos na atenção e assistência perinatal, além da atuação junto aos gestores e serviços de saúde;

—estabelecer um modelo de atenção adequado ao pré-natal, parto e nascimento que favoreça a fisiologia do nascimento promovendo a saúde da gestação à vida adulta; e

—promover ações de divulgação sobre a atenção à saúde da mulher e do recém-nascido e seus principais indicadores, em articulação com a sociedade civil organizada e instituições de saúde.

Com vista a esses objetivos, o Fórum Perinatal desenvolve ações amplas:

—avaliar a assistência dada à mulher no pré-natal, aborto, parto, puerpério e ao recém-nascido e à criança menor de dois anos, nos municípios da região, relacionadas com as causas de morbo mortalidade materna, perinatal e infantil; - elaborar propostas e orienta as ações de organização de atenção qualificada à mulher no pré-natal, aborto, parto, puerpério e ao recém-nascido e à criança menor de dois anos, com o objetivo de reduzir a mortalidade materna, perinatal e infantil por causas evitáveis;

-monitorar a assistência oferecida à mulher no pré-natal, aborto, parto, puerpério e ao recém-nascido e à criança menor de dois anos nos municípios da citada região, relacionadas com as causas de mortalidade materna, perinatal e infantil;

 – articular os órgãos da rede perinatal para informá-los e sensibilizá-los sobre as discussões e proposições do Fórum Perinatal; e

— divulgar os dados e propostas elaboradas pelo Fórum para os órgãos competentes e a sociedade em geral com o objetivo de orientar sobre as intervenções necessárias à qualificação da Rede Perinatal. 

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