Apesar das altas temperaturas, pelo menos um terço do verão está com garantia de tarifas de energia elétrica mais amenas. A previsão foi dada pelo diretor-geral do Operador Nacional de Sistema Elétrico (ONS), Luiz Eduardo Barata, na última quarta-feira (19), em entrevista coletiva. Segundo o diretor, o país não terá problemas com o abastecimento de energia durante a estação mais quente do ano e informou que a bandeira tarifária deve permanecer verde, pelo menos durante o mês de janeiro.
“O sistema está preparado para atender a demanda por energia. Os reservatórios da região Sudeste fecharão o ano em situação mais favorável do que no ano passado. A previsão é que o volume no final de dezembro seja de 28,4%, enquanto no ano passado fechou em 22,5%”, disse Barata explicando ainda que o crescimento da disponibilidade de energia eólica, aumento da oferta de energia na usina do Rio Madeira, a produção adicional em Belo Monte e na Bacia do Rio Paraná, são os fatores favoráveis ao aumento da oferta energética no Nordeste e no Sul. O diretor-geral da ONS lembrou, porém, que quem define a cor da bandeira da conta de luz é a Aneel.
Tendo como base o planejamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), com projeções de um crescimento médio do PIB de 2,7% nos próximos 5 anos, a EPE espera uma alta de 2,3% em 2019 e de 2,7% em 2020. O diretor da ONS explicou que o país tem condições de suportar a expansão econômica em patamares até superiores às projeções por, pelo menos, dois anos. “Se o plano de expansão superar 3,8% ao ano, terei que colocar mais usinas em operação, reforçando a expansão da oferta, mas com três a quatro anos se constrói usinas, sobretudo eólica, solar e ampliação de biomassa ", afirmou. Segundo Barata, 2018 fecha com a demanda por energia no país com expansão de 1,5%, ficando mais ou menos próximo ao fechamento projetado para o crescimento da economia.
Barata também respondeu sobre as expectativas para o novo governo, dizendo não esperar mudanças na governança da operação do sistema elétrico no mandato de Jair Bolsonaro. Sobre a afinidade do futuro ministro de Minas e Energia, o almirante Bento Albuquerque, com o setor nuclear, o executivo da ONS respondeu que a conclusão da usina de Angra 3 é "bem-vinda" ao sistema elétrico e que as usinas nucleares são importantes para o sistema: "Para um país que precisará de energia, tem sentido deixar um esqueleto ou é melhor concluir a obra? Nunca devemos deixar nada pela metade".