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Caminhão que prensou três carros e matou dois trabalhadores na BR-101/SC estava irregular e pertence a grupo bilionário

Veículo estava com verificação do tacógrafo vencida e não poderia estar na estrada

Por Portal Eu, Rio! em 20/12/2022 às 20:02:56

Foto: Divulgação PRF

A tragédia na BR-101, em Araquari (SC), na última sexta-feira (16) poderia ter sido evitada. Isso porque a carreta Volvo FH 440, que prensou três veículos e provocou duas mortes e dois feridos, sendo um em estado grave, e envolveu outros dois veículos, está irregular e, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), não poderia circular.

O site Estradas apurou que o tacógrafo do veículo está vencido desde 31/8/22. Neste caso o Art. 230, Inciso XIV do CTB, considera infração grave, com retenção veículo para regularização e multa.

O equipamento obrigatório, conhecido como ‘Caixa Preta’ do transporte rodoviário, possui informações essenciais para a perícia, pois permitem identificar tempo de direção do motorista, velocidade praticada e distância percorrida. Como a certificação está vencida, há indícios de que as informações geradas podem estar comprometidas.

Além disso, a reportagem apurou também que o veículo tem várias multas. Dentre elas, duas aplicadas pelo DER de Goiás, por conduzir veículo com defeito no sistema de iluminação, sinalização ou lâmpadas queimadas, e outras pelo DER de São Paulo, inclusive por não informar o condutor infrator.

Dono de uma frota de veículos, que inclui a carreta Volvo FH 440, o grupo Mantiqueira Alimentos faturou R$ 1,4 bilhão, em 2021, e é considerado um dos maiores produtores de ovos na América do Sul. Há poucos dias, a aquisição da fazenda da Toca Orgânicos e a produção de grãos da Rizoma Agro, ambas localizadas no estado de São Paulo.

Segundo o coordenador do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto, o fato é muito grave e precisa de atenção do Ministério Público do Trabalho (MPT). “Em maio passado, realizamos o evento ‘Transporte Rodoviário Socialmente Responsável’ na Procuradoria Geral do Trabalho em Brasília (DF). Dentre os temas, discutimos a responsabilidade das empresas no transporte seguro. Neste caso, há indícios sérios de irregularidade não apenas neste veículo mas em toda frota. A falta da verificação do tacógrafo revela uma negligência inaceitável“.

Para Rizzotto, a empresa deve explicações aos familiares das vítimas e às autoridades sobre esta grave irregularidade que prejudica a perícia e demonstra negligência na manutenção dos veículos. Também é fundamental verificar as condições de trabalho dos motoristas da empresa. “Num caso como esse, é comum que as pessoas considerem como vilão o caminhoneiro. Mas será que a responsabilidade é só dele? Por isso, é necessário apurar a jornada dos profissionais da empresa“.

Vítimas foram esmagadas

As duas vítimas fatais, até o momento, foram Afonso Flores Salon e Arthur do Nascimento Costa estavam em um VW Nivus, que ficou embaixo dos outros veículos. O carro estava de lado com o teto preso na traseira de uma das carretas. Segundo o Corpo de Bombeiros, eles foram encontrados já sem sinais vitais, com múltiplas fraturas expostas e estavam presos às ferragens.

Os dois trabalhavam no Porto de São Francisco e associados ao Sindcap. A instituição lamentou nas redes sociais a morte dos trabalhadores. Não há informações sobre a idade das vítimas mas ambos já foram sepultados.

Sem informações

O Estradas entrou em contato com as empresas envolvidas na tragédia, a Mantiqueira Alimentos Ltda., dona do caminhão que prensou os veículos. A transportadora Transrodut, cuja carreta sofreu a pancada na traseira, e com o Sindicap para saber mais detalhes da ocorrência. Porém, não obteve sucesso em nenhuma das ligações.

A reportagem enviou e-mail para a assessoria de imprensa do Grupo Mantiqueira, mas até a publicação desta matéria, não obteve resposta.

A reportagem também manteve contato, por telefone, com a Delegacia de Polícia Civil de Araquari (SC), que informou que o Boletim de Ocorrências (BO) ainda não chegou na Delegacia.

Da mesma forma, o Estradas enviou e-mail para a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para obter informações sobre o sinistro. Até a publicação desta matéria, não recebeu resposta.

A reportagem também enviou e-mail para o Ministério Público do Trabalho de Santa Catarina (MPTSC) para saber se para saber se vão participar da investigação do caso. O órgão ainda não se manifestou.

Fonte: Site Estradas

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