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Presidente do Ibama deixa o cargo após postagens do presidente Jair Bolsonaro e do ministro do Meio Ambiente

Insatisfação com as publicações nas redes sociais teria motivado o pedido de exoneração

Por Sergio Meirelles em 07/01/2019 às 18:58:12

Foto: Ibama/Divulgação

A presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Suely Araújo, pediu para deixar o cargo. A solicitação por escrito foi encaminhada na tarde desta segunda-feira (07) ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Suely Araújo não ficou nada satisfeita com a publicação do ministro no Twitter, no qual ele acusa o Ibama de superfaturar um contrato de aluguel de veículos. A postagem foi compartilhada na mesma rede social pelo presidente da República, Jair Messias Bolsonaro.

A indignação da presidente do Ibama com Ricardo Salles e o presidente Jair Bolsonaro teve início quando o ministro do Meio Ambiente postou uma declaração em sua conta no Twitter na qual questiona um contrato feito pelo órgão de R$ 28, 7 milhões para aluguel de veículos. Na mensagem Salles diz o seguinte: "Quase R$ 30 milhões em aluguel de carros, só para o Ibama."

Em seu tweet, o presidente Jair Bolsonaro foi mais crítico ainda ao definir o contrato do Ibama como "montanhas de irregularidades e situações anormais que estão sendo e serão comprovadas e expostas", escreveu o presidente na mensagem postada.

Na noite de domingo (06), ao tomar conhecimento da postagem do presidente Jair Bolsonaro, Suely Araújo divulgou uma nota na qual afirma que as suspeitas levantadas pelo governo "demonstram completo desconhecimento da magnitude do Ibama". Logo em seguida, o presidente apagou as críticas que fez ao órgão e apenas retweetou a mensagem do ministro.

"As viaturas do Ibama são objeto de um contrato de locação de âmbito nacional. O novo contrato abrange 393 caminhonetes adaptadas para atividades de fiscalização, combate a incêndios florestais, emergências ambientais, ações de inteligência e vistorias técnicas nos 27 estados brasileiros, e inclui combustível, manutenção e seguro, com substituição do veículo a cada dois anos. A acusação, sem fundamento, evidencia completo desconhecimento da magnitude do Ibama e das suas funções", diz um trecho da nota emitida por Suely Araújo.

Pedido de exoneração

Menos de 24 horas depois ter feito o desabafo, Suely Araújo encaminhou ao ministro Ricardo Salles o seu pedido de exoneração. No ofício nº 5/2019, a presidente do Ibama não cita as declarações suspeitosas de Salles e do presidente Bolsonaro, mas lembra ao ministro que a sua substituição no cargo já estava sendo ventilada muito antes deles assumirem o governo, no ano passado, inclusive com a divulgação do nome do seu substituto.

"Considerando que a indicação do futuro presidente do Ibama, senhor Eduardo Bim, já foi amplamente divulgada na imprensa e internamente na instituição, ainda em 2018, antes mesmo do início do novo governo, entendo pertinente o meu afastamento do cargo permitindo assim que a nova gestão assuma a condução dos processos internos desta Autarquia", escreveu Suely Araújo no documento.

No último parágrafo do ofício encaminhado ao ministro do Meio Ambiente, Suely Araújo comunica a Ricardo Salles que a partir desta terça-feira (08) não exercerá mais a função de presidente do Ibama e solicita ao ministro que, na publicação do seu desligamento, conste que se trata de exoneração a pedido.

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