Profissionais que aderiram ao Mais Médicos através do recente edital de convocação para o programa estão reclamando de atrasos no pagamento. O problema estaria afetando mais de 5 mil médicos que iniciaram o processo de substituição dos cubanos. O Ministério da Saúde admitiu parcialmente o atraso.
O valor da bolsa paga pelo programa Mais Médicos é de R$ 11.800,00. A expectativa era de que os profissionais que começaram a trabalhar na primeira semana de dezembro do ano passado recebessem o primeiro salário na primeira semana de janeiro deste ano. Os médicos que se apresentaram aos seus respectivos postos de trabalho na segunda semana de dezembro também esperavam receber nos primeiros dias deste mês de janeiro um valor proporcional à quantidade de dias trabalhados. Alguns acabaram recebendo e outros não.
A reportagem do portal Eu, Rio! cobrou do Ministério da Saúde uma explicação. Através de nota, os responsáveis pela pasta enviaram a seguinte justificativa: "Os profissionais do Mais Médicos que estavam cadastrados no sistema do programa até o dia 7 de dezembro receberam normalmente os valores dabolsa-formação. Para os demais 5.036 médicos que entraram depois desta data, o Ministério da Saúde informou por ofício que os pagamentos estarão regularizados até o final do mês. A primeira semana de cada mês é referência para o fechamento da folha de pagamento do governo federal, ou seja, passam a receber normalmente a partir deste mês, além dos valores retroativos."
Apesar da alegação do Ministério da Saúde, alguns médicos afirmam que, mesmo tendo iniciado o trabalho antes do dia 7 de dezembro, ainda não receberam o primeiro salário. Um outro problema para o atraso no pagamento estaria relacionado ao cadastramento dos profissionais no sistema. 8 mil médicos que aderiram ao programa estão sendo cadastrados. Conforme promete na nota que nos foi enviada, o Ministério da Saúde afirma que, a partir do próximo mês, esse problema não mais existirá.
Apresentação
Profissionais com registro no Brasil inscritos na segunda chamada do programa Mais Médicos têm até hoje (10) para se apresentar aos municípios.
Médicos que decidirem não comparecer mais às atividades devem informar ao município onde trabalhariam. A cidade fica encarregada de comunicar a desistência ao governo federal.
A etapa contou com 2.549 vagas em 1.197 municípios e 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI). Ao todo, 1.707 profissionais com registro brasileiro escolheram localidades.
Segundo o Ministério da Saúde, candidatos que desistirem dos postos terão as vagas colocadas de volta ao edital do Mais Médicos. O sistema será atualizado com as vagas disponíveis para os profissionais formados no exterior.
A previsão é que a lista de médicos brasileiros homologados que deram início às atividades seja publicada no próximo dia 14.
Seleção
O ministério lançou, desde novembro, editais para a substituição de 8.517 cubanos que atuavam em 2.824 municípios e 34 distritos sanitários especiais indígenas (DSEI).
Inicialmente, concorreram apenas médicos brasileiros com registro no país. Um novo edital, em andamento, seleciona também profissionais formados no exterior.
Revisão
O ministro da Saúde, o médico Luiz Henrique Mandetta, disse que pretende revisar o Mais Médicos e rebateu a afirmação de que faltam profissionais no Brasil.
Segundo ele, o país conta com aproximadamente 320 faculdades de medicina e 26 mil médicos graduados em 2018, com previsão de aumento desse contingente em 10% ao ano até chegar a 35 mil profissionais formados.
"Quem forma essa quantidade toda de profissionais? Muitos deles endividados pelo Fies [Fundo de Financiamento Estudantil] e muitos formados em escola pública. Não temos uma proposta ou política de indução para que eles venham para o sistema público de saúde" disse.