Contraindicada para gestantes e diversificada em suas técnicas, bem como segura e exitosa em cerca de 95% dos casos, a cirurgia refrativa é indicada no tratamento dos vícios de refração, como Miopia, Astigmatismo e Hipermetropia. Ela se mostra como solução clínica para milhões de brasileiros que desejam dispensar o uso dos óculos. No entanto, alguns mitos ainda circundam o procedimento, que exige do paciente cuidados específicos. O oftalmologista Ricardo Filippo, especialista no assunto, tira dúvidas e traz aconselhamentos.
Para se ter uma dimensão a respeito da demanda pela cirurgia, metade da população mundial terá miopia até 2050, segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS). Embora nem todos os pacientes optem pela intervenção cirúrgica, cerca de 158 mil operações para corrigir a visão foram realizadas no Brasil somente em 2018. É o que mostram os últimos dados disponíveis sobre os procedimentos de cirurgia refrativa, divulgados pela empresa Market Scope (2018).
No entanto, segundo Filippo, diretor da Clínica e Oftalmologia Integrada (COI), ainda é importante esclarecer dúvidas a respeito dos profissionais envolvidos na cirurgia e as expectativas do paciente, assim como cuidados específicos no pré e no pós-operatório. Mas ele traz uma boa notícia de antemão: apenas de 3 a 5% dos pacientes alegam que não alcançaram o objetivo de ficar independente dos óculos.
Oftalmologista Ricardo Filippo. Foto: Divulgação
E o que é preciso saber antes da cirurgia refrativa? Para Filippo, o paciente precisa se certificar da qualificação da equipe médica, devendo ter registro profissional ativo no Conselho Regional de Medicina (CRM) do seu estado e possuir experiência na cirurgia.
“Além disso, é importante se informar sobre a qualidade e precisão do aparelho que será utilizado, e se o mesmo é atual e moderno, dentro dos mais altos padrões de excelência”, afirma o especialista, que explica: “É crucial indagar o cirurgião a respeito da manutenção e calibragem do aparelho de laser, pois a manutenção preventiva e rotineira é muito importante para garantir o sucesso do procedimento”.
Portanto, ele aconselha buscar referências sobre o histórico de procedimentos bem-sucedidos da clínica será fundamental, para início de conversa.
Contraindicações: quem não pode fazer a cirurgia refrativa?
Outro ponto de atenção a quem pretende realizar o procedimento, as contraindicações englobam comorbidades e demais fatores biológicos. O oftalmologista elenca: Pessoas com Ceratocone; Diabetes descompensada; Herpes Ocula; Amblyopia severa; Doenças auto-imunes severas; Distrofias corneanas; Catarata e glaucoma e Gestantes ou puérperas.
Outras contra-indicações: Menores de 18 anos de idade; Grau não estabilizado nos últimos 12 meses; Contra-indicações nos exames complementares (paquimetria, topografia de córnea), tais como: espessura de córnea muito fina ou alterações na curvatura da córnea.
Recuperação
Como fica a visão e quando ela retorna? De acordo com Filippo, o estado da visão nos dias subsequentes à cirurgia refrativa vai depender do tipo de técnica empregada. Com isso, a visão retornar à nitidez já no dia seguinte, por meio da técnica Lasik; ou se estender por, no máximo, 14 dias, após a operação via PRK.
“A recuperação visual na PRK é mais lenta: a visão fica embaçada logo após o procedimento e costuma melhorar gradualmente em cerca de 14 dias, podendo ser um pouco mais ou um pouco menos, a depender da evolução (cicatrização da córnea) de cada caso”, afirma.
Lasik, PRK e SMILE: conheça as três técnicas operatórias
“Penso que não existe técnica melhor ou pior, tudo irá depender do perfil do paciente”, ressalta o especialista. Segundo ele, o uso da técnica adequada vai depender dos resultados dos exames complementares e do histórico oftalmológico da pessoa. Ou seja, cada casa é um caso, para cada tipo de paciente pode ser melhor uma das três técnicas principais, não existindo a melhor.
Risco de cegueira
As chances são praticamente zero. Filippo conta que, em seus anos de atuação clínica, nunca presenciou um caso de cegueira, apesar de haver “raríssimos” relatos de cegueira na literatura científica.
Necessidade de duas cirurgias
Segundo o especialista, embora ocorram retoques no grau residual ou na miopia que voltou em alguns casos, esta é uma decisão que passa por uma avaliação criteriosa do cirurgião, cujo papel será preconizar a segurança de uma segunda intervenção, para a saúde ocular do paciente.
Pós-operatório: dicas e medidas
“A principal dica que dou para os pacientes no pós-operatório de cirurgia refrativa é a seguinte: siga rigorosamente as orientações de seu médico cirurgião”, afirma o oftalmologista. Ainda assim, outros cuidados devem ser levados em consideração: não coçar ou esfregar o olho operado; afastamento de suas atividades de trabalho; comparecer às consultas pós-operatórias rigorosamente; utilizar os colírios e medicamentos prescritos pelo médico; não entrar em mar, piscinas, rios, cachoeiras ou saunas; não praticar esportes de contato; não utilizar maquiagens e evitar dirigir nos primeiros dias do pós-operatório, dentre outros.