Associação Brasileira de Saúde Coletiva condena decreto que facilita posse de arma
Órgão lembra as 350 mil mortes causadas por armas de fogo nos últimos 10 anos
Em nota enviada à reportagem do Eu, Rio!, a Abrasco, Associação Brasileira de Saúde Coletiva, manifestou repúdio ao Decreto Federal 9.685, que tornou mais acessível a posse de arma no Brasil. O texto foi assinado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, há uma semana. Para a Abrasco, a iniciativa do Governo Federal representa um retrocesso.
Como argumentos para sustentar as duras críticas direcionadas ao decreto, a Abrasco apresentou a Pesquisa Global de Mortalidade por Armas de Fogo (Institute for Health Metrics and Evaluation. Global Mortality from firearms, 1990 - 2016, 2018). Dados do Ministério da Saúde também foram utilizados para repudiar a iniciativa do Governo de facilitar a aquisição de armas de fogo.
De acordo com os dados utilizados pela Abrasco, nos últimos dez anos, mais de 350 mil pessoas morreram no Brasil, vítimas de armas de fogo. Só em 2016, foram 42 mil mortes. A Associação Brasileira de Saúde Coletiva ressalta que a maior incidência de casos acontece entre jovens negros, de baixa escolaridade e moradores das periferias. "O novo decreto assinado pelo atual governo é um retrocesso e pode resultar em um quadro ainda pior nos nossos índices de violência. O decreto não considera as evidências científicas vitais que comprovam que a maior circulação de armas de fogo contribui para o aumento da violência letal no país", se posicionou a Abrasco.
Além de acreditar num aumento no número de mortes causadas por armas de fogo, a Associação Brasileira de Saúde coletiva aponta outros possíveis problemas. "Alertamos que a liberação da posse de armas terá consequências gravíssimas com risco potencial de aumento da violência inter e intrapessoal, o que não só pode levar a um número elevado de óbitos como também a sequelas físicas e mentais. Esta situação agravará as condições de vida de toda a população do país e, em especial, a dos grupos mais vulneráveis que já sofrem em seu cotidiano as consequências das desigualdades sociais, econômicas e culturais", opina o órgão.
Além de criticar o decreto que facilita a posse de armas, a Abrasco convocou a comunidade acadêmica e todos os profissionais de saúde do país para um monitoramento dos efeitos causados pela decisão. O órgão deixa claro que vai promover uma militância ativa contra o decreto.