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Dilma acusa Bolsonaro de espalhar fake news contra ela

Ex-presidenta divulgou nota repudiando entrevista de Bolsonaro à TV italiana

Por Portal Eu, Rio! em 23/01/2019 às 11:16:35

Foto: Agência Brasil

Depois de ter sido acusado de promover fake news durante a campanha eleitoral e de ter sido eleito com isso, o presidente da República, Jair Bolsonaro, recebeu esta semana outra acusação de espalhar notícias falsas: dessa vez da ex-presidente Dilma Rousseff, que divulgou uma nota desmentindo entrevista de Bolsonaro à emissora de TV italiana RAI, no último dia 16.

A entrevista foi dada através de videoconferência e o chefe do Executivo Nacional disse que Dilma, durante a ditadura, integrou a organização Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), de extrema-esquerda e de oposição ao regime, liderada por Carlos Lamarca. Além disso, a petista teria participado de uma ação que provocou a morte do sargento Mário Kozel Filho. A declaração deixou implícito que a ex-presidente, que na época adotava o codinome Wanda, teria participado do assassinato do militar.

Em nota divulgada à imprensa, Dilma negou ter feito parte da VPR e disse que integrou outra organização guerrilheira, a VAR-Palmares.

FAKE NEWS AOS ITALIANOS

Bolsonaro passa notícia falsa à emissora de TV da Itália 

O presidente Jair Bolsonaro divulgou uma fake news que seus apoiadores vêm disseminando há bastante tempo. Tornou-se transparente, assim, a origem dessas acusações, uma vez que agora foram feitas diretamente pelo próprio presidente para um público internacional.

Em entrevista concedida a um programa de auditório da RAI, emissora italiana de TV, o presidente proferiu acusação falsa e ignomiosa, atribuindo a mim participação na VPR, organização de oposição à ditadura militar. Construiu a sua fala de modo a passar a ideia de que eu teria participado de ações violentas, em especial de uma que causou a morte de um soldado.

A verdade é que nunca fui integrante deste grupo, jamais participei de qualquer ação armada e não propus ou contribui para a morte de quem quer que seja.

Pertenci, na verdade, a outra organização política de oposição à ditadura, a VAR-Palmares.

O curioso é que os detalhes da minha atuação contra a ditadura militar no Brasil foram investigados e julgados pelos órgãos integrantes do aparato judicial-repressivo do regime militar, dos quais o então militar Bolsonaro foi próximo. Fui presa por três anos, fui torturada, e jamais me interrogaram ou julgaram por tais acusações, que agora, de forma irresponsável e injuriosa, me faz o presidente.

Meu nome também não é citado entre os militantes acusados de participarem da ação de São Paulo, no livro que trata do assunto, editado pelos próprios militares, após o fim da ditadura.

A ação específica a que Bolsonaro e seus apoiadores se referem ocorreu em São Paulo, em 26 de junho de 1968, período em que eu residia em Belo Horizonte e frequentava a Faculdade de Economia da Universidade Federal de Minas Gerais. Não tinha o dom da ubiquidade, e ainda não tenho.

O presidente está apenas repetindo uma notícia falsa e insidiosa espalhada por seus apoiadores durante a campanha eleitoral, por meio de um vídeo comprovadamente forjado.

É a terceira vez que, por má-fé, essa mesma fake news é usada contra mim. A primeira foi em 2010, quando assumi a Presidência da República. A mentira foi divulgada por blogs fascistas. A segunda vez ocorreu na campanha eleitoral do ano passado, quando enormes somas de dinheiro foram gastas para espalhar notícias falsas contra os principais candidatos do PT, nas redes sociais. Agora, já na Presidência da República, Jair Bolsonaro repete aos telespectadores italianos informações falsas usadas para enganar o eleitor brasileiro.

É profundamente lamentável que um chefe de Estado venha a proceder dessa forma.

DILMA ROUSSEFF

Bolsonaro não foi o primeiro a acusar Dilma de ter integrado a VPR. O falecido coronel do Exército, Carlos Alberto Brilhante Ustra, que durante a ditadura chefiou o Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), do II Exército, afirmou no dia 10 de maio de 2013, em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, que a ex-presidente participou de "organizações terroristas" com intenção de implantar o comunismo no Brasil.

Para Ustra, se os militares não tivessem lutado, o Brasil estaria sob uma "ditadura do proletariado". “Inclusive nas quatro organizações terroristas que nossa atual presidenta da República, hoje está lá na Presidência da República, ela pertenceu a quatro organizações terroristas que tinham isso, de implantar o comunismo no Brasil. Então estávamos conscientes de que estávamos lutando para preservar a democracia e estávamos lutando contra o comunismo”, declarou.

Em fevereiro de 2017, o jornalista e blogueiro Felipe Moura Brasil, um dos preferidos de Bolsonaro, publicou artigo “A verdadeira insanidade”, afirmando que Dilma também teria integrado a VPR. O artigo foi publicado logo após as explosões na Maratona de Boston (EUA).

“Dilma condenou as explosões na Maratona de Boston como um “ato insano de violência”. Mas não foi assim que ela começou a carreira? Ou não terá sido um “ato insano de violência” aquele que matou o soldado Mário Kozel Filho, de 18 anos, em junho de 1968? Foi o seu grupo, a Vanguarda Popular Revolucionária, que acelerou um carro-bomba, com vinte 20 quilos de dinamite, para dentro de um Quartel General em São Paulo, despedaçando o corpo do rapaz e ferindo mais seis militares.

 

Mário foi apenas o primeiro dos oito assassinados pela VPR nos tempos de Dilma, e ainda haveria mais cinco pela VAR-Palmares e três pelo Colina, os outros dois grupos que ela integrou, em total sanidade, quando lutava pela implantação de uma ditadura comunista no Brasil, com instruções e armas vindas do exemplar regime de Fidel Castro em Cuba.

 

(...) Nos anos 1960, a presidente Dilma Rousseff integrou as organizações clandestinas Política Operária (Polop), Comando de Libertação Nacional (Colina) e Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), dedicadas a combater a ditadura militar. Condenada por "subversão", ela passou três anos presa no presídio Tiradentes, em São Paulo (entre 1970 e 1972). No final dos anos 1970, no Rio Grande do Sul, ajudou a fundar o PDT, de Leonel Brizola. Em 1990, filiou-se ao PT”.

 

Segundo o jornalista, quadrinista e repórter do site Aos Fatos, Luiz Fernando Menezes, Dilma não participou do atentado que vitimou Mário Kozel. Na época, ela não integrava a VPR. 

 

“Ela também não aparece na lista de militantes da organização acusados de participarem da ação, conforme livro editado por militares após o fim da ditadura.

Na verdade, em 1968, a petista fazia parte do Colina (Comando de Libertação Nacional), organização que, em 1969, viria a se fundir com a VPR para formar a VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária — Palmares). Apesar de militar em organizações de extrema-esquerda durante a ditadura, não há evidências da participação de Dilma nas ações armadas promovidas por esses grupos”, afirmou Luiz.

 

Segundo o jornalista, não é a primeira vez que boatos tentam vincular a petista com a morte de Kozel. “Em 2010, quando Dilma assumiu a Presidência da República, a mesma história falsa foi veiculada por sites como o Homem Culto”, lembrou Luiz. “Em 1969, Colina e VPR fundiram-se, criando, então, a VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária - Palmares). O grupo foi responsável por algumas ações, como a do roubo ao cofre do ex-governador Adhemar de Barros, em 1969, caso que não contou com a participação de Dilma”, citou. 

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