Juan Guaidó pediu à comunidade internacional na quarta-feira (23) que não rompa relações com a Venezuela, e que desconheça qualquer decisão a respeito por parte do ditador Nicolas Maduro, além de permanecerem em seu país. O pedido foi feito por carta às embaixadas e missões estrangeiras estabelecidas em Caracas.
O chefe da Assembleia Nacional da Venezuela enviou sua carta depois de ter se autoproclamado "presidente interino" da Venezuela, uma condição que o presidente Jair Bolsonaro reconheceu com outros países da região, como Argentina, Chile, Colômbia e os Estados Unidos.
Mais tarde, em clara alusão ao anúncio de Nicolás Maduro de que seu regime cortou relações diplomáticas com os Estados Unidos, Guaidó escreveu:
"Peço-lhe que ignore qualquer disposição a esse respeito que contradiga o firme propósito do poder legítimo da Venezuela, que segundo a Constituição, acredito, as missões diplomáticas, os chefes de missão e todo o seu pessoal continuam a operar normalmente na Venezuela e que todas as imunidades e privilégios são respeitados, qualquer disposição contrária seria inválida, uma vez que emanaria de pessoas ou entidades que, por sua natureza usurpadora, não têm autoridade legítima para se pronunciar a esse respeito ".
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o governo manterá os status diplomáticos com a Venezuela. Atualmente, o país possui uma embaixada na capital Caracas, comandada pelo embaixador José Wilson Moreira, além de um consulado-geral, um consulado em Ciudad Guayana, e dois vice-consulados.
Lei a carta na integra:
" Caracas, 23 de janeiro de 2019
Comunicado dirigido à todas as Embaixadas presentes na Venezuela:
Através desta, e na capacidade dos poderes que me são concedidos pela Constituição, comunico a todos os chefes de missões diplomáticas e seu pessoal estabelecidos na Venezuela que o Estado da Venezuela deseja, firmemente, que mantenham a sua presença diplomática em nosso país.
A todo efeito, insisto que desconheçam qualquer ordem ou posição a respeito, que contradiga o firme propósito do poder legítimo da Venezuela, que em virtude da Constituição ostento, de que as missões diplomáticas, chefes de missões e todo o seu pessoal continuem operando na Venezuela com normalidade e que se respeitarão todas as imunidades e privilégios. Qualquer posição contrária careceria de validez, pois emanaria de pessoas ou entidades que, por seu caráter usurpatório, não tem autoridade legítima para pronunciar-se a respeito.
Juan Guaidó
Presidente"
*Até a publicação desta matéria, a embaixada brasileira em Caracas não se posicionou