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Ministro da Educação declara que universidade para todos não existe

Ricardo Vélez Rodrigues prevê alterações na reforma do ensino médio que foi aprovada durante mandato Temer

Por Marisa Dias em 29/01/2019 às 22:14:25

O Ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, em sua primeira entrevista desde sua indicação ao cargo, dada ao Jornal Valor Econômico, fez declarações sobre seu posicionamento em relação a possíveis mudanças para o ensino do país. Em uma delas ressaltou que “A ideia de universidade para todos não existe”, referindo-se ao fato de muitas pessoas sonharem com um diploma, mas que, muitas vezes, não conseguem realizar seus planos.

Vélez também informou sobre possíveis modificações na reforma do ensino médio aprovada durante o mandato do ex-presidente da República, Michel Temer. Porém, um dos pilares das mudanças sugeridas por Temer, no que diz respeito à proximidade com o ensino técnico, permanecerá com a nova gestão que apoia a inserção dos jovens mais rapidamente no mercado de trabalho.

Para o ministro existe uma diferença entre a elite intelectual e a econômica em nosso país. Seguindo essa análise, a nova gestão buscará desenvolver um modelo que é aplicado em países como a Alemanha.

Vélez abordou sobre o retorno financeiro dos cursos técnicos. Segundo ele, além de oferece um resultado imediato do que o da graduação, também pode levar a uma diminuição na procura por ensino superior em todo o país.

Questões como a possibilidade de cobrar mensalidade em universidades públicas, com o objetivo de conseguir um reequilíbrio nos orçamentos. 

Ainda na gestão Temer, teve início o enxugamento no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). O ministro defende essa inciativa e confirma que é necessária essa aproximação com o ensino técnico para que assim os jovens sejam inseridos no mercado de trabalho de forma mais rápida. Ele também aprova algumas alterações na reforma do ensino médio sugeridas pelo ex-presidente Temer.

Em sua gestão, Vélez buscará priorizar algumas questões como o programa Alfabetização Acima de Tudo. Como meta, os primeiros cem dias irão estar voltados para colocar em prática o programa que terá à sua frente o secretário de alfabetização, Carlos Francisco Nadalim.

Com uma imagem conservadora, Nadalim tem um canal no Youtube onde se posiciona como um crítico a assuntos que envolvem a área de educação. Mesmo tendo suas opiniões bem claras e posicionadas, o secretário já ressaltou que promoverá conferências onde especialistas de todas as vertentes em alfabetização poderão se manifestar.

Questões como as escolas cívico-militares, também foram defendidas pelo ministro. Para ele, as escolas que desejarem conservar seus projetos pedagógicos poderão dar continuidade a eles, por ser um projeto economicamente viável segundo Vélez.

A declaração causou polêmica e muitas críticas. Políticos de partidos de oposição ao governo do Presidente Jair Bolsonaro não concordaram com a posição do ministro onde diz que "as universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual, que não é a mesma elite econômica".

Os opositores fizeram questão de divulgar em redes sociais seus posicionamentos. Entre eles os deputados Paulo Pimenta (PT-RS), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Erika Kokay (PT-DF) e Zeca Dirceu (PT-PR), o ex-candidato à Presidência Guilherme Boulos (PSol-DF) e os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Lídice da Mata (PSB-BA).

A deputada Erika Kokay publicou no Twitter sua opinião sobre as declarações de Vélez. "Ministro da Educação de Bolsonaro defende 'elite intelectual' nas universidades e filhos de pobres como mão-de-obra barata no mercado de trabalho. Foi-se o tempo em que filhos de pedreiros e empregadas domésticas podiam se tornar doutores nesse País".

Grupo que reúne escolas particulares construtivistas de elite em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais enviou carta ao ministro da Educação na qual solicita que ele “não permita que o país entre numa rota de retrocesso”. No documento citam o descontentamento sobre as declarações de Vélez dizendo que as mesmas “deixam a desejar” e enfatiza que, “com tanto lastro intelectual, é difícil acreditar que V. Excia considere a Escola sem Partido providência fundamental”, conforme declarado por ele em seu blog na Internet.

A carta ainda ressalta sobre possíveis influências partidárias. O texto diz: “Afinal, é um grupo de amadores, que carece de saberes básicos sobre educação, e que divulga fantasias sobre influência de partidos políticos sobre estudantes dentro de escolas de Ensino Fundamental e Médio”.

O grupo ainda enfatiza que as ideias do governo vão na contra mão da pedagogia contemporânea, “discutidas e estudadas em todos os países do mundo que se preocupam com formar gerações que consigam interpretar a realidade, em sua complexidade, para lidar com as transformações radicais decorrentes do mundo digital”, diz a carta.

 

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