Berçários de diversas espécies e escudos contra mudanças climáticas, os manguezais são imprescindíveis para a manutenção da vida no planeta. Para promover o conhecimento científico e intercâmbio de ideias, visando estimular a conservação e o manejo sustentável desse ecossistema, que está sob constante ameaça humana, a ONG Guardiões do Mar — por meio do Projeto Do Mangue ao Mar, em convênio com a Transpetro — realiza o primeiro Congresso Nacional de Manguezais (ConMangue). O evento reunirá cientistas, educadores, comunidades tradicionais, atores governamentais e sociedade civil, de 17 a 20 de julho de 2023, na Sala Nelson Pereira dos Santos, em Niterói. As atividades celebrarão o Dia Mundial de Proteção aos Manguezais e 25 anos da ONG Guardiões do Mar.
Interessados em apresentar trabalhos científicos sobre os manguezais durante a atividade poderão inscrever seus trabalhos até 19/05. Os resumos estão organizados de acordo com as áreas temáticas do Congresso: Seres do manguezal; Manguezal e gente; Tecnologia e conservação dos manguezais; Manguezal e educação. As inscrições também já estão abertas para o público em geral.
O Brasil abriga uma das maiores extensões de manguezais do mundo, que foram relegados historicamente. Estima-se que 25% das áreas originais de manguezal no país já tenham sido suprimidas desde o início do século 20, segundo o Atlas dos Manguezais do Brasil, publicado em 2018 pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Ministério do Meio Ambiente. As florestas de mangue estão desaparecendo de três a cinco vezes mais rapidamente do que as perdas globais de florestas.
Estima-se que mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo vivam nas proximidades dos manguezais, dos quais se beneficiam de alimentos e matérias-primas, utilizados tanto para o consumo próprio quanto para a comercialização. Além disso, esse ecossistema sequestra até quatro vezes mais carbono do que as florestas terrestres.
Nessa transição do meio marinho para o terrestre, onde a vida é controlada pelo ritmo das marés, muitas espécies se alimentam e se reproduzem em suas lamas e emaranhado de raízes. “Os manguezais podem desagradar os olhares à primeira vista, mas merecem toda atenção e cuidado. Isso porque, com a proteção dos mangues, garantimos a conservação da sociobiodiversidade, ou seja, para a fauna, flora e pessoas que vivem nele e dele, além de fomentar o desenvolvimento socioeconômico”, explica Pedro Belga, coordenador do Projeto Do Mangue ao Mar, que atua na conservação de manguezais nas Baías de Guanabara e Sepetiba.
“Realizar o Congresso Nacional de Manguezais em Niterói é uma iniciativa que tem tudo a ver com nossas políticas públicas que ajudam a preservar nosso meio ambiente e nosso ecossistema. Vamos incluir a sociedade no debate em torno desses ambientes que estão em constante modificação e integram importantes berçários de nossa fauna”, ressalta o prefeito de Niterói, Axel Grael.
Intercâmbio de ideias
Com palestras, painéis, debates e apresentações culturais, o Congresso Nacional de Manguezais será um espaço de aprendizado e trocas para se manter atualizado sobre as pesquisas, políticas e melhores práticas relacionadas aos manguezais.
Em parceria com a RENAMAM – Rede Nacional de Manguezais, palestrantes nacionalmente reconhecidos de ao menos nove estados já estão confirmados na programação: Lenine (cantor e ativista ambiental), Alexander Turra (UNESCO), Alaildo Malafaia (Cooperativa Manguezal Fluminense), Axel Grael (prefeito de Niterói), Flávio Lontro (Coordenador Nacional da CONFREM), Paulina Chamorro (Liga das Mulheres pelos Oceanos), Tatiana Alves (APA de Guapi-Mirim), Ecomuseu Natural do Mangue, Fundação O Boticário, Luthando pela Vida, Mangues da Amazônia, Oceanpact, Quilombo do Feital e demais integrantes da Rede Nós na Guanabara, além dos pesquisadores Clemente Coelho Júnior, Edgar Fernandez, Elizabete Barbarino, Erminda da Conceição Guerreiro Couto, Gregório da Cruz Araujo Maciel, Jacqueline de Castro Vieira, José Lailson, Luiz Eduardo Gomes, Maira Borgonha, Marília Cunha Lignon, Mário Soares, Rafaela Camargo, Yara Schaeffer-Novelli, entre outros.
As inscrições serão gratuitas, pois acreditamos que a mobilização das organizações da sociedade civil, corporações, cidades e pessoas interessadas é fundamental para reverter a escalada de danos climáticos hoje em curso, dada a importância crítica dos manguezais para a manutenção de um planeta e um oceano saudáveis. Entre seus objetivos, o Congresso Nacional de Manguezais vai discutir a situação dos manguezais fluminenses e de toda a costa brasileira, bem como apresentar experiências exitosas na recuperação alinhadas à restauração e conservação, a importância da educação ambiental e da participação das comunidades tradicionais na sua proteção e manejo.
Serão desenvolvidas ações em rede (pesquisa e educação ambiental) e os resultados previstos, junto a outras ações do Projeto Do Mangue ao Mar, serão a base para um documentário intitulado Mangues Urbanos, dirigido pelo biólogo marinho e cinegrafista Ricardo Gomes - filmado nos moldes do premiadíssimo Baía Urbana, do mesmo diretor. Dessa forma, o Congresso Nacional de Manguezais poderá ampliar ações para a sensibilização quanto aos cuidados que envolvem os manguezais.
O Dia Mundial de Proteção aos Manguezais, celebrado no dia 26 de julho, é a principal data para impulsionar a sensibilização e encorajar ações em todo o planeta em prol da proteção ambiental desse ecossistema. Proteger os manguezais é garantir a preservação da vida.
Manguezais fluminenses e a Guardiões do Mar
Há 25 anos a ONG Guardiões do Mar produz estudos e apoia pesquisas científicas, promovendo o protagonismo juvenil e mobilizando lideranças comunitárias e povos tradicionais para a conservação de manguezais, em especial no combate ao lixo em ecossistemas costeiros. Criou diversas cooperativas nas áreas de reciclagem, pesca responsável e reaproveitamento de resíduos sólidos pós-consumo em sua trajetória, sendo hoje pioneira em educação ambiental inclusiva.
Com o Projeto Do Mangue ao Mar une ambientalistas, lideranças e povos do mar (pescadores artesanais, caiçaras, catadores de caranguejo e quilombolas), com o apoio da Transpetro, para desenvolver atividades que fomentam o protagonismo e incentivam o turismo de base comunitária com a valorização da cultura local, por meio de formações continuadas e a realização de eventos, como o primeiro Congresso Nacional de Manguezais.
É uma instituição parceira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA, como Atores da Década para a Restauração de Ecossistemas. Foi vencedora do Prêmio Hugo Werneck (2017) e do Prêmio Firjan Ambiental (2020). É signatária da Rede Oceano Limpo, fruto de uma parceria entre a Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano (IO-USP/IEA-USP) com o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) e do movimento Plastic No Thanks, conectado a outras grandes coalizões internacionais para a aprovação de um acordo que objetiva reduzir a poluição de embalagens plásticas no planeta.
É cocriadora da Rede Águas da Guanabara – REDAGUA e da Rede Nacional de Manguezais – RENAMAN, coordena o Subcomitê Leste da Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara e participa da Rede Manguezais Litoral Norte de SP, do Movimento Viva Água – Baía de Guanabara (capitaneado pela Fundação Boticário, SEA, INEA e FIRJAN) e da Rede Nós da Guanabara
Serviço:
Congresso Nacional de Manguezais - ConMangue
17 a 20 de julho
Na Sala Nelson Pereira dos Santos, em Niterói, RJ
Inscrições gratuitas em www.guardioesdomar.org.br