A síndrome de Borderline também chamada de transtorno de personalidade limítrofe, se caracteriza por mudanças súbitas de humor, medo de abandono e comportamentos impulsivos, como gastar dinheiro descontroladamente ou comer compulsivamente, segundo afirma a psicóloga Valéria Cardoso com formação em psicoterapia cognitiva comportamental.
Drª Valéria explica que esta síndrome pode ser confundida com doenças como esquizofrenia ou doença bipolar, mas a duração e intensidade das emoções são diferentes, sendo fundamental a pessoa ser avaliada por um psiquiatra para saber o diagnóstico correto e iniciar o tratamento adequado.
De acordo com a psicóloga, as pessoas com síndrome de Borderline apresentam momentos estáveis e outros com surtos psicóticos, manifestando comportamentos descontrolados. “Quem tem essa síndrome apresenta um comportamento muito extremado. Tende a ser compulsivo por comidas, drogas e apresenta transtorno de personalidade - o paciente sente um vazio o tempo inteiro, sensação de abandono, o que o deixa em desespero”. Segundo a psicóloga, esses sintomas começam a se manifestar na adolescência e se tornam mais frequentes no início da vida adulta, em torno de 18 a 20 anos, vindo a se estabelecer, muitas vezes, na faixa dos 40 anos.
A terapeuta explica, que o diagnóstico da síndrome de Borderline, geralmente, não se dá na infância e nem na adolescência, porque pode ser confundido com algumas questões que envolvem os jovens desta faixa etária, como a falta de limites ou de educação, desafios e ataque de fúria.
“O border não aceita ser abandonado, quer se sentir no controle da situação. Tem tendência forte de se colocar como vítima - o outro é sempre o culpado - quer que tenham pena dele, apresenta um controle emocional muito empobrecido, uma autoestima baixa, se vê como uma criança fragilizada. Como o border é muito dependente do outro, estabelece limites, completa a doutora.
Quanto as habilidades sociais no trabalho, a psicoterapeuta comenta, que o paciente portador de síndrome de Borderline, por ter um comportamento muito extremo, sempre arranja confusão: “ou é preto ou é branco; ou é anjo ou demônio” criando tensões em questões diárias.
“Os pacientes com a síndrome de Borderline costumam ser muito sedutores, mas a qualquer sinal de abandono tendem à mutilação, porque a dor física tampona a dor da alma”. A psicóloga explica que dar o diagnóstico desta síndrome é muito difícil e precisa de muita observação. E na maioria dos casos é necessário internação com medicação para auxiliar o diagnóstico.
Como os portadores de Borderline têm medo que as emoções fujam do seu controle, demonstram tendências irracionais em situações de maior estresse e criam uma grande dependência dos outros para conseguirem estar estáveis. A psicoterapeuta ressalta que o tratamento usado nos casos desta síndrome são os antidepressivos (estabilizador do humor) e a terapia.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o transtorno bipolar é um distúrbio mental que afeta 30 milhões de pessoas no mundo inteiro ocasionando alterações de humor constantes.
Fique alerta no comportamento das crianças
Caso haja sintomas de tristeza ou alterações no comportamento da criança é importante que haja uma avaliação médica, que poderá avaliar de forma mais específica o quadro, e confirmar se há realmente depressão ou outro tipo alteração, como ansiedade ou hiperatividade. Os principais sinais são mudanças significativas de humor; diminuição do interesse; queda no rendimento escolar, perda da atenção; distúrbios do sono; aparecimento de condutas agressivas; autodepreciação; perda de energia física e mental; queixas somáticas; fobia escolar; perda ou aumento de peso; cansaço matinal; aumento da sensibilidade (irritação ou choro fácil); negativismo e pessimismo; sentimento de rejeição; ideias mórbidas sobre a vida; enurese e encoprese (urina ou defeca na cama) e condutas antissociais e destrutivas.
O tratamento desse tipo de transtorno necessita de atenção especializada, psicoterapia, orientação à família, atuação conjunta escola-família e psicoterapeuta, além de avaliação psiquiátrica.
Na adolescência
Alterações do comportamento e do humor são comuns na adolescência, pois é uma fase de importantes alterações hormonais, além de ser um período em que começam a surgir maiores cobranças e dúvidas. Entretanto, é importante saber reconhecer sinais que podem indicar depressão, pois esta situação pode trazer consequências graves para a vida do adolescente, como abuso de drogas, de álcool e até suicídio. Alguns sinais que podem alardear depressão são: tristeza, irritabilidade constante, falhas de memória, falta de autoestima e sentimento de inutilidade. Porém, é muito importante a avaliação médica, para confirmar as causas destes sintomas, finaliza Valéria.
A psicóloga alerta, que o diagnóstico da síndrome de Borderline, não pode ser feito a partir de informações colhidas na internet ou em livro específico, e sim, através da ajuda de um terapeuta qualificado.
De acordo com a OMS, o suicídio é a segunda causa de morte em todo o mundo. Estatísticas revelam que “tirar a própria vida” perde apenas para acidentes de trânsito.