O Flamengo divulgou em sua página oficial um pronunciamento do CEO (Chief Executive Officer, principal cargo profissionalizado) do Clube, Reinaldo Belotti, no final da tarde deste sábado, a respeito da tragédia no Centro de Treinamento George Helal (Ninho do Urubu), que vitimou 10 atletas da categoria de base do clube, na madrugada de sexta-feira. Belotti foi encarregado pelo presidente Rodolfo Landim de prestar os esclarecimentos cobrados pela imprensa, pelas redes sociais e pela torcida.
Sem brechas para perguntas de jornalistas, Belotti falou por mais de vinte minutos. Foi enfático ao sustentar que o local incendiado era 'um alojamento, não um puxadinho', destacou as certificações obtidas junto à Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro à CBF, como Clube formador de acordo com a Lei Pelé, e ao Conselho Municipal da Infância e da Adolescência, como dispondo de instalações seguras e adequadas às exigências do ECA.
"Essa fiscalização tinha que atender o seguinte: manter o alojamento e as instalações esportivas adequadas, em matéria de alimentação e higiene, segurança e salubridade. A partir do momento que tivemos esse certificado que acabei de falar, é porque todos os pré-requisitos foram atendidos. E não estamos falando de uma instituição. Estamos falando de duas, de três instituições. E esse módulo era conhecido por todos. É provável que todos nessa sala já tenham visitado o CT. Não era um "puxadinho" que a gente escondia. Pelo contrário. Era um alojamento confortável, adequado e que nós mostrávamos para todos com orgulho. A estrutura organizacional do Flamengo fez, preventivamente, uma vistoria em todos os ares-condicionados naquele imóvel. Temos isso registrado e podemos divulgar para quem quiser," sustentou.
Bellotti destacou que o Clube já atendeu oito das nove exigências feitas pelo Corpo de Bombeiros para regularização e minimizou os problemas apontados nas inspeções do Ministério Público do Trabalho. Destacou que os aparelhos de ar condicionado e as instalações elétricas em geral são submetidas a manutenção regular. Arriscou, como origem provável do curto-circuito apontado como virtual causa do incêndio, a instabilidade no fornecimento de energia elétrica, por causa das chuvas que atingiram o Rio, e particularmente Várzea Grande, na quinta-feira, 7, véspera da tragédia. Admitiu, na prática, que o local funcionava sem alvará e não esclareceu, em nenhum momento, a informação oficial da Prefeitura do Rio de que a área incendiada estava registrada no pedido de licenciamento como estacionamento, e não como alojamento.
Seguem abaixo alguns pontos do pronunciamento de Reinaldo Belotti, na ordem destacada pela página oficial do Clube, sem edição adicional pelo Portal Eu, Rio!, para que os internautas possam tirar suas conclusões:
Atendimento aos familiares
Gostaria de falar a respeito daquilo que mais investimos desde que o acidente ocorreu. E não medimos esforços para atender os familiares das vítimas. A partir do momento deste trágico acidente, nós providenciamos trazer para o Rio os familiares, providenciamos ir buscá-los onde estavam chegando, fosse no aeroporto ou na rodoviária. Com psicólogos e assistentes sociais, levamos todos para um centro de acolhimento num hotel confortável no Recreio, que desse a privacidade necessária para que suportassem esse momento. Qualquer movimentação era feita com nosso apoio. Assim foi feito e assim está sendo feito.
Hoje identificamos cinco corpos e estamos providenciando o traslado para onde as famílias decidirem, de avião de carreira, se houver, ou de jato fretado, se for necessário. Paralelamente a isso, temos três atletas hospitalizados. também trouxemos os familiares para cá, estamos acompanhando todo o desenvolvimento de seu tratamento nos diversos hospitais, utilizando médicos, assistentes sociais e o que for necessário. Para o que está em estado mais grave, temos dia e noite médicos nossos e rezamos para que ele saia dessa. Estamos confiantes. As primeiras 72 horas são essenciais e estamos confiantes de que em breve teremos esse caso resolvido. Os jogadores que estavam lá e não tiveram ferimentos, nós mandamos para suas casas, com um representante do clube com cada um, até entregá-los a seus representantes legais. Isso tudo está registrado. Mantemos diariamente contato com eles, via psicólogos, para garantir que estão sendo bem atendidos e não sofram consequências.
Documentação
O Centro de Treinamento, suas licenças, seu alvará e suas multas. Isso não tem nada a ver com o acidente que ocorreu. Nós temos algumas providências a serem tomadas para deixar o CT plenamente legalizado. Estamos trabalhando arduamente nisso, com o corpo de bombeiros. Nós precisávamos de nove certificados para conseguir o alvará, já temos oito. Estamos trabalhando com o corpo de bombeiros para conseguir o alvará.
"Puxadinho"
Nós não estamos falando de puxadinho, estamos falando de um alojamento. Além disso, nós fomos fiscalizados, esse alojamento foi fiscalizado e aprovado pelo Conselho Municpal da Criança e do Adolescente, que emitiu certificado de regularidade, pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) e pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que emitiram o certificado de clube formador para o Flamengo, segundo a Lei Pelé. E eu queria aqui ler um pequeno trecho:
Essa fiscalização tinha que atender o seguinte: manter o alojamento e as instalações esportivas adequadas, em matéria de alimentação e higiene, segurança e salubridade. A partir do momento que tivemos esse certificado que acabei de falar, é porque todos os pré-requisitos foram atendidos. E não estamos falando de uma instituição. Estamos falando de duas, de três instituições. E esse módulo era conhecido por todos. É provável que todos nessa sala já tenham visitado o CT. Não era um "puxadinho" que a gente escondia. Pelo contrário. Era um alojamento confortável, adequado e que nós mostrávamos para todos com orgulho. A estrutura organizacional do Flamengo fez, preventivamente, uma vistoria em todos os ares-condicionados naquele imóvel. Temos isso registrado e podemos divulgar para quem quiser.
Chuva forte no Rio de Janeiro
Na quinta-feira, vocês se lembram, caiu sobre o Rio de Janeiro praticamente um furacão, com ventos entre 110 e 120 km por hora. Apesar das instalações terem sido pouco atingidas, a região de Vargem Grande foi muito atingida. Nós tivemos quedas de postes, atingiu-se a alimentação de energia elétrica pro CT. A suposição é que esses picos de energia tenham influenciado o funcionamento regular do ar-condicionado e ocasionado o princípio de incêndio.
Esse incêndio começou e, infelizmente, quando tem um incêndio deste porte, com emissão de fumaça, as pessoas começam a desfalecer e você não tem mais o controle. A verdade é que aconteceu um acidente trágico. Não foi por falta de investimento do Flamengo, não foi por falta de cuidados do Flamengo. Afinal de contas, esse é o nosso maior ativo. Aquela turma que estava dormindo lá era o nosso futuro. Nós prezamos muito por essa turma, muito. A ponto de que, você sabem, o time mais disputado, quando um garoto começa a se destacar no futebol, o sonho dele, independentemente do do time que torcer, é vir para o Flamengo.
Trabalho contínuo
Nós tivemos todo o cuidado e não poupamos esforços em dar o melhor para o nosso pessoal. Mas, infelizmente, foi uma sucessão de eventos após um dia catastrófico no Rio de Janeiro, que nos trouxe essa catástrofe ainda pior. No momento, o que temos para falar é isso. Nós estamos trabalhando diuturnamente em cima de tudo o que aconteceu e estamos levantando toda a documentação. Temos pessoas de altíssima qualidade trabalhando nisso. Nossa prioridade continua ser atender os familiares das vítimas, os atletas que estão feridos e aqueles que foram enviados para casa. Essa é a prioridade absoluta. Todos nós, empregados do Flamengo, todos os vices, o presidente, a comunidade rubro-negra, a grande família rubro-negra, o futebol brasileiro e mundial estão de luto e sentimos muitíssimo por ter ocorrido conosco.